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Brasil x Jamaica: onde assistir, horário e escalações

Antes de jogo decisivo na Copa, Pia Sundhage diz que trabalho na seleção está no começo

Folhapress

Modificado em 19/09/2024, 00:42

Pia Sundhage, técnica da seleção brasileira, em treino na véspera de enfrentar a Jamaica

Pia Sundhage, técnica da seleção brasileira, em treino na véspera de enfrentar a Jamaica (Thais Magalhães/CBF)

Pia Sundhage não acredita que nesta quarta-feira (2) jogará, em 90 minutos, seus quatro últimos anos de trabalho na seleção. A sueca, contratada após a queda brasileira na Copa de 2019, vai comandar a equipe contra a Jamaica, às 7h (de Brasília).

(Confira, no fim do texto, onde assistir, horário, prováveis escalações e arbitragem)

O único resultado possível para o Brasil se classificar para as oitavas de final, é vencer. Empate ou vitória da Jamaica vai eliminar o time sul-americano na fase de grupos do Mundial pela primeira vez desde 1995.

"No dia após a derrota contra a França, entramos todas em uma montanha-russa de emoções, mas deixamos isso para trás. 'Juntas' é uma palavra, temos que ter ações por trás das palavras. Eu pergunto isso a elas, o que significa essa palavra para cada uma. Isso é tudo. Sobre essas ações espero que a gente as faça amanhã [quarta]", disse a treinadora, em entrevista antes da decisão.

Depois da estreia convincente, com goleada por 4 a 0 sobre o Panamá, a situação brasileira se complicou com o revés por 2 a 1 sofrido diante das francesas. Ficou pior ainda porque a Jamaica, além de fazer 1 a 0 nas panamenhas, surpreendeu ao empatar por 0 a 0 com a França.

No discurso de Pia está que se deve observar todo o trabalho feito nesses quatro anos e no aumento da qualidade do futebol feminino no país, não apenas o último resultado. Por isso, ela diz que todo o processo está apenas no começo.

"Eu tenho a experiência de quatro anos. Quero acreditar que fizemos diferença e mudanças e é só o início. Eu lembro do primeiro jogo que vi de clubes, do Internacional, e comparo ao último que vi do Corinthians, na final. Não só a diferença de público, mas de atitude. Quero acreditar que essas mudanças foram feitas. Quando olho para a seleção, vejo mudanças no estilo de defender. Você pode vencer um jogo e você pode controlar um jogo defendendo bem. Você não precisa ter 60% de posse de bola para vencer um jogo, um bom exemplo disso é o Japão, mas esse não é o estilo do Brasil. A personalidade do ataque virá com uma defesa sólida. Acho que essa foi a principal mudança na seleção", explicou.

Sob o comando da sueca, o Brasil ganhou a Copa América de 2022, mas este não pode ser considerado um resultado surpreendente. Das nove edições do torneio, a seleção ganhou oito. Nas Olimpíadas de Tóquio, em 2021, caiu nas quartas de final diante do Canadá.

No total, em 56 jogos sob a direção dela, o Brasil venceu 34, empatou 11 e perdeu 11. A continuidade do trabalho também parece ser a visão do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues. Ele afirma não existir qualquer intenção de mudar o comando da equipe. Pia tem contrato até as Olimpíadas de Paris, em 2024.

"O trabalho dela é importante e a CBF está muito satisfeita com o trabalho da comissão técnica e não tem nem como ter essa opção [de mudança] com a Olimpíada logo ali. Não faria uma modificação e a CBF não pretende de forma nenhuma interromper. Pia vai seguir enquanto estiver disposta a fazer o trabalho", disse ele em entrevista ao ge.

Em coletiva nesta terça-feira (1º), Pia fez mistério sobre a escalação. A presença de Marta entre as 11 iniciais é uma das principais dúvidas para a partida.

Uma possível formação da seleção tem: Letícia; Antônia, Lauren, Rafaelle e Tamires; Luana, Kerolin, Ary Borges e Adriana (Marta); Debinha e Bia Zaneratto (Geyse ou Andressa Alves).

Do outro lado, a Jamaica poderá contar com o retorno de Khadija Shaw de suspensão na rodada anterior.

O técnico Lorne Donaldson pode ir a campo com: Rebecca Spencer; Wiltshire (Cameron), Allyson Swaby, Chantelle Swaby e Blackwood; Sampson, Drew Spence, Jody Brown, Williams (Cleyna Matthews) e Primus; Khadija Shaw.

Estádio : Melbourne Rectangular, em Melbourne (Austrália)
Horário : Às 7h (de Brasília) desta quarta-feira (2º)
Árbitro : Esther Staubli (Suíça)
Transmissão : TV Anhnaguera / Rede Globo, SporTV, ge.globo, globoplay, Fifa+ e Cazé TV

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Seleção feminina de futebol terá nova chance de revanche contra os Estados Unidos

Brasil passa pela Espanha com show de bola e vai enfrentar Estados Unidos na decisão olímpica do futebol feminino

Modificado em 17/09/2024, 17:22

Priscila, atacante da seleção brasileira, comemora gol do Brasil sobre a Espanha na frente da goleira Cata Coll durante a semifinal do torneio olímpico

Priscila, atacante da seleção brasileira, comemora gol do Brasil sobre a Espanha na frente da goleira Cata Coll durante a semifinal do torneio olímpico
 (Gaspar Nóbrega/COB)

Pela terceira vez na história, Brasil e Estados Unidos vão se enfrentar na decisão do torneio olímpico de futebol feminino. Em Paris, as brasileiras terão uma nova chance de revanche, já que as americanas estão em vantagem: elas venceram as finais nos Jogos de Atenas-2004 e Pequim-2008.

A possível vingança das brasileiras teria um sabor especial para Marta, de 38 anos, única jogadora do atual plantel canarinho que disputou as duas finais anteriores.

Em sua possível despedida da seleção brasileira, a jogadora eleita seis vezes a melhor do mundo busca o que seria seu primeiro título no maior palco do esporte. Além das duas medalhas de prata, ela também foi vice-campeã mundial em 2007, numa campanha em que o Brasil eliminou os EUA na semifinal, e acabou derrotado na decisão pela Alemanha.

Marta torceu muito por essa classificação, afinal só assim para ela ter a chance de se despedir em grande estilo já que ela acabou expulsa na última partida da fase de grupos, justamente contra a Espanha, e não pôde atuar contra França e Espanha, respectivamente, pelas quarta de final e pela semifinal.

Há 20 anos, na primeira vez em que brasileiras e americanas duelaram na final olímpica, o Brasil perdeu por 2 a 1. Quatro anos depois, a derrota foi pelo placar mínimo, 1 a 0.

Só de avançar à final, contudo, a equipe canarinho conseguiu manter uma escrita neste século. Desde os Jogos de Atenas-2004, o futebol sempre voltou para casa com, pelo menos, uma medalha: Atenas-2004 (prata no feminino), Pequim-2008 (prata no feminino e bronze no masculino), Londres-2012 (prata no masculino), Rio-2016 (ouro no masculino) e Tóquio-2020 (ouro no masculino).

Jogadoras

As jogadoras da seleção brasileira exaltaram a força do elenco montado por Arthur Elias após conquistarem a vaga para a final do futebol feminino nas Olimpíadas de Paris-2024. O Brasil goleou a Espanha por 4 a 2, nesta terça-feira (6), e voltou à decisão após 16 anos.

Angelina afirmou que o grupo "fez acontecer". A meio-campista parabenizou o restante da equipe e destacou a confiança que o time adquiriu após se classificar contra a França nas quartas de final.

Duda Sampaio destacou o "desafio" que veio desde a primeira fase complicada. A jogadora do Corinthians afirmou que, mesmo diante dos desafios, o elenco sempre acreditou que poderia chegar à final.

Tarciane também citou a importância da fase de grupos complicada. A zagueira falou sobre a imposição do Brasil contra França e Espanha no mata-mata.

Como foi a semi

O Brasil não tomou conhecimento e atropelou a Espanha por 4 a 2, na semifinal. Paredes (contra), Gabi Portilho, Adriana e Kerolin marcaram os gols brasileiros. Paralluelo (duas vezes) descontou para as espanholas.

Marta, suspensa, não jogou. A jogadora cumpriu o segundo jogo de suspensão após a expulsão contra a mesma Espanha, na fase de grupos. Ela já não havia jogado contra a França, nas quartas de final.

O Brasil passou da fase de grupos como um dos melhores terceiros colocados. A seleção venceu a Nigéria, mas perdeu para Japão e Espanha nos outros dois jogos. Nas quartas de final, as comandadas de Arthur Elias despacharam a França, dona da casa, vencendo por 1 a 0. Agora, passaram pela Espanha.

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Brasil faz 4 a 2 na Espanha e avança à final olímpica após 16 anos

Decisão contra os Estados Unidos será no próximo sábado (10), às 12h (de Brasília)

Modificado em 17/09/2024, 17:19

Kerolin salta após marcar o 4º gol do Brasil na vitória sobre a Espanha

Kerolin salta após marcar o 4º gol do Brasil na vitória sobre a Espanha (Rafael Ribeiro/CBF)

O Brasil não tomou conhecimento da Espanha, atual campeã mundial, goleou por 4 a 2, nesta terça-feira (6), se classificou para a final do futebol feminino nas Olimpíadas de Paris-2024 e manteve vivo o sonho do ouro inédito.

Gabi Portilho foi o nome do jogo. A atacante foi às redes e ainda deu uma assistência para Adriana marcar o terceiro gol brasileiro. Paredes (contra), Kerolin e Paralluelo (duas vezes) marcaram os outros tentos da partida.

O Brasil não contou com Marta. A camisa 10 da seleção recebeu dois jogos de suspensão por causa da expulsão justamente contra a Espanha, na última rodada da fase de grupos - ela cumpriu o primeiro contra a França, nas quartas de final.

A CBF chegou a apelar ao CAS (Justiça Esportiva) pela retirada da punição do segundo duelo, mas o pedido não foi aceito. A atleta acompanhou ao jogo diretamente das tribunas do Vélodrome.

O Brasil volta à final olímpica no futebol feminino após 16 anos. Em Pequim-2008, a seleção foi derrotada pelos EUA por 1 a 0. Quatro anos antes, em Atenas-2004, a equipe também foi derrotada pelas americanas na decisão. Marta esteve presente em ambos os jogos.

Os Estados Unidos, inclusive, serão os adversários da final em Paris. As duas seleções se enfrentam no próximo sábado (10), às 12h (de Brasília). Espanha e Alemanha disputam a medalha de bronze na sexta-feira (9), a partir das 10h.

A final marcará a despedida de Marta das Olimpíadas após seis participações. A atacante, que tem 38 anos, afirmou, no começo do ano, que não representará mais a seleção brasileira após 2024.

COMO FOI O JOGO
Sob os olhares de Marta, o Brasil fez o primeiro tempo dos sonhos. Com a camisa 10 nas tribunas, seleção brasileira, primeiro, contou com a sorte em uma trapalhada da goleira Cata Coll na saída de bola para abrir o placar ainda nos primeiros movimentos. Mesmo à frente no placar, as comandadas de Arthur Elias não recuaram e seguiram dando muito trabalho para a equipe adversária, principalmente nas bolas longas.

A seleção empilhou chances perdidas e só conseguiu ampliar o placar já nos acréscimos, com Gabi Portilho. O 2 a 0 ficou barato para as espanholas, que mal conseguiram atacar e só fizeram a goleira Lorena trabalhar em um chute de fora da área e nas saídas após cruzamentos de escanteio.

O Brasil seguiu jogando bem, passou apuros no fim do jogo, mas goleou. O Brasil continuou seguro até a reta final do jogo, teve chances claras de ampliar o placar, mas só chegou ao terceiro gol na metade final do segundo tempo. Após o 3 a 0, a seleção relaxou um pouco e viu uma blitz espanhola após Paralluelo diminuir o placar.

Lorena foi fundamental com, pelo menos, duas defesas, e assegurou que as adversárias não encostassem no placar. As defesas foram "recompensadas" quando Kerolin, após novo erro espanhol e sacramentou a goleada. Ainda deu tempo para Paralluelo, novamente, diminuir o placar.

FICHA TÉCNICA BRASIL 4 X 2 ESPANHA

BRASIL: Lorena; Lauren (Kerolin), Tarciane, Thaís e Yasmim; Yaya, Angelina (Duda Sampaio) e Ludmila (Adriana); Gabi Portilho, Jheniffer (Ana Vitória) e Priscila (Gabi Nunes). Técnico: Arthur Elias

ESPANHA: Cata Coll; Batlle, Paredes (Laia López), Codina e Carmona (Hernández); Teresa Abelleira (Guijarro), Bonmati e Hermoso; Caldentey, Navarro (Del Castillo) e Paralluelo. Técnico: Montserrat Tomé

Estádio: Stade Vélodrome, em Marselha, na França

Juíza: Rebecca Welsh (ING)
Assistentes: Emily Carney (ING) e Franca Overtoom (HOL)
VAR: Jérome Brisard (FRA)

Cartões amarelos: Teresa Abelleira, Cata Coll (ESP), Gabi Portilho (BRA)

Gols: Paredes (contra, 5'/1°T), Gabi Portilho (48'/1°T), Adriana (27'/2°T), Paralluelo (39'/2°T), Kerolin (45'/2°T), Paralluelo (56/2°T)

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Após Brasil ser escolhido sede da Copa Feminina, dirigentes e técnicos cobram investimento em Goiás

Brasil receberá Mundial feminino de 2027 e serão dez cidades-sedes

Modificado em 17/09/2024, 16:19

Christiane Guimarães, técnica do Aliança, comanda treino da equipe

Christiane Guimarães, técnica do Aliança, comanda treino da equipe (Wildes Barbosa)

++LUIZ FELIPE MENDES++

Após a escolha do Brasil como sede da Copa do Mundo Feminina de 2027, pessoas ligadas ao futebol feminino em Goiás acreditam que o evento pode ajudar a fomentar a modalidade no País e no estado, mas há também ceticismo em relação ao apoio que pode surgir no cenário goiano, que ainda não encarou realidade consistente de apoio em termos de investimentos, planejamento, competições e formação de jogadoras.

Como na versão masculina da Copa do Mundo, sediada pelo Brasil pela segunda vez em 2014, o estado de Goiás não sediará partidas válidas pela competição. Na candidatura para o Mundial de 2014, houve trabalho para que a capital goiana fosse considerada, mas a cidade acabou não contemplada. Desta vez, não houve tentativa.

Presidente da Federação Goiana de Futebol (FGF), Ronei Freitas conta que a candidatura da CBF foi "muito em cima da hora" e, por isso, não houve viabilização de uma possível indicação de Goiás como uma das sedes. Além disso, a proximidade com Brasília é um dos fatores que tende a "atrapalhar" esse processo, segundo o dirigente.

Gestora do Aliança, clube mais vencedor do Goiano Feminino, Patrícia Menezes opina que há a expectativa de que a escolha do Brasil como sede faça com que as pessoas olhem mais para o futebol feminino, incluindo Goiás. Contudo, a dirigente demonstra preocupação.

"Acho que o Brasil não está preparado. Vemos tantos comentários machistas em relação ao futebol feminino, até dos nossos próprios dirigentes do esporte goiano. Eles têm uma postura muito polêmica de falar que mulher não sabe jogar, é muito ruim de se assistir, então as pessoas ainda têm esse preconceito. Enquanto houver, no Brasil, esse tipo de comentário, acho que não devia ter Copa do Mundo aqui, não", comentou.

A técnica do Aliança, Christiane Guimarães, vê o evento como oportunidade. "Acredito que seria uma grande oportunidade de realmente valorizar o futebol feminino no aspecto de produto a ser vendido, tendo em vista que muitos clubes ainda só desenvolvem devido à obrigatoriedade da CBF", analisou a treinadora do Aliança.

O técnico do Vila Nova/Universo, Robson Freitas, possui uma visão dividida em relação ao assunto. Em Goiás, ele afirma que o crescimento da modalidade ainda está longe. Para o treinador, o evento é chance de avançar, mas o desempenho da seleção pode trazer risco.

"Isso significa um marco importante. Entendemos que, pela Copa do Mundo ser no Brasil, algumas políticas voltadas para o apoio ao futebol feminino, de forma geral, devem surgir. É uma modalidade em constante crescimento, então (a Copa) vem para agregar muito em relação a visibilidade, mídia espontânea. Mas tem a probabilidade de, se a seleção não for bem, criar uma imagem negativa do futebol feminino e causar um retrocesso", avaliou.

Nélio Martins, técnico do Vasco de Itaberaí, falou que a Copa no Brasil vai ser uma chance para o futebol feminino ser mais valorizado em Goiás. Diana Camargos, presidente do River Trindade, acredita que a modalidade está crescendo, mas com um longo caminho pela frente.

"Com toda certeza, a Copa Feminina é um incentivo a mais, isso a gente não pode negar. Mas o que falta dentro do estado de Goiás para o futebol feminino crescer mais um pouco é mais oportunidade, visibilidade, incentivo. Sendo visto, será valorizado. Se eu invisto mais em uma categoria, ela vai ser vista", diz a dirigente.

Competições

Atualmente, o calendário da FGF para o futebol feminino tem apenas o Campeonato Goiano adulto. Na edição do ano passado, foram seis times participantes: Aliança, Vila Nova, Flugoiânia, Vasco de Itaberaí, Trindade e Abecat Ouvidorense.

Ronei Freitas afirma que a entidade pretende aumentar o calendário do futebol feminino goiano, através de projetos no segundo semestre deste ano. Em geral, esses projetos são de incentivos, tais como isenção de taxas de inscrição de atletas, filiação de clubes amadores e taxas de arbitragem, fornecimento de materiais esportivos e bolas.

"Nós estamos precisando muito ter essa valorização do futebol feminino. Eu, particularmente, gosto muito e estou com alguns projetos para serem desenvolvidos, para ver se damos uma alavancada. Acho que essa luta e conquista da CBF vai valorizar muito o futebol feminino em Goiás e, principalmente no Brasil, vai fortalecer muito", declarou o dirigente, sem detalhar os projetos para o segundo semestre.

Ronei Freitas ainda emenda que a falta de procura de clubes limita o número de competições de futebol feminino em Goiás, mas afirma que os incentivos podem ajudar para a criação de torneios de base no futuro.

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Brasil será sede da Copa do Mundo feminina de 2027

Será a décima edição da Copa do Mundo feminina

Modificado em 17/09/2024, 15:52

Gianni Infantino, presidente da Fifa, exibe escolha da sede

Gianni Infantino, presidente da Fifa, exibe escolha da sede (Fifa)

Pela terceira vez na história, o Brasil será a sede de uma Copa do Mundo. Nesta sexta-feira (17), durante o congresso da Federação Internacional de Futebol (Fifa), em Bancoc, na Tailândia, a candidatura brasileira superou a proposta conjunta apresentada por Bélgica, Alemanha e Holanda e foi escolhida para receber a edição feminina do torneio em 2027.

A versão masculina da Copa do Mundo já foi sediada pelo Brasil duas vezes: 1950 e 2014. Ao todo, 207 associações filiadas à Fifa estavam aptas a participarem da votação. O Brasil recebeu 119 votos, contra 78 dos europeus.

Será a primeira vez que o Mundial das mulheres será realizado na América do Sul. Pesou a favor do Brasil o legado deixado pela Copa do Mundo de 2014, sobretudo os estádios construídos para a ocasião. "Parabéns ao Brasil. Vamos agora organizar a melhor Copa do Mundo da história no Brasil", afirmou o presidente da Fifa, Gianni Infantino.

Em relatório publicado pela entidade máxima do futebol há pouco mais de uma semana, no qual a entidade avaliava os principais aspectos levados em consideração na escolha da sede, como estádios, acomodação e centro de mídia, o país alcançou nota 4, em uma escala de 0 a 5, enquanto a candidatura conjunta europeia recebeu 3,7.

Estádios
Os dez estádios indicados pela candidatura brasileira, que foram erguidos ou reformados para receber jogos da Copa de 2014, tiveram nota 3,7. Os 13 estádios dos países europeus receberam avaliação de 3,4.

O Brasil entrou na disputa contando com as cidades, e os respectivos estádios, de Belo Horizonte (Mineirão), Brasília (Mané Garrincha), Cuiabá (Arena Pantanal), Fortaleza (Castelão), Manaus (Arena Amazônia), Porto Alegre (Beira-Rio), Recife (Arena Pernambuco), Salvador (Fonte Nova), São Paulo (Neo Química Arena) e Rio de Janeiro (Maracanã) - o estádio carioca foi indicado para receber a abertura, no dia 24 de junho, e a final, no dia 25 de julho.

O Beira-Rio, do Internacional, está entre os afetados pelas enchentes no Rio Grande do Sul. Até o momento, não foi discutida a possibilidade de uma substituição. Em seu discurso após a escolha do Brasil, Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF, mencionou a tragédia causada pelas chuvas no Rio Grande do Sul e prometeu que o estado receberá um centro de desenvolvimento de futebol para as mulheres.

"A tragédia e a catástrofe por condições climáticas no Rio Grande do Sul, onde muitas vidas se foram e muitas famílias estão desabrigadas. Essa conquista aqui hoje, de o Brasil sediar pela primeira vez uma Copa do Mundo feminina, nós queremos que o trabalho que vai ser desenvolvido possa também ser de fortalecimento para o futebol feminino brasileiro, sul-americano e, principalmente do Rio Grande do Sul, onde deverá ter um grande centro de desenvolvimento do futebol feminino", disse o dirigente.

Mobilidade
Para Valesca Araújo, responsável pelo planejamento de infraestrutura e operações do evento, a utilização dos principais estádios do país impulsiona o desenvolvimento da modalidade. "É essencial levar o futebol feminino para os melhores estádios e centros de treinamento que temos no país. Uma vez que adentre esses espaços, não há mais como voltar atrás", afirmou.

Valesca declarou que, apesar das longas distâncias entre cada uma das sedes propostas pelo Brasil, foi apresentado um calendário regionalizado para cada grupo da competição. "O calendário leva em consideração os climas de cada região para conforto das atletas e o tamanho dos deslocamentos, pela sustentabilidade ambiental."

Com a utilização dessas arenas, segundo o plano apresentado à Fifa, o principal gasto para o torneio de 2027 será com estruturas provisórias, como a montagem de tendas para receber convidados e imprensa e para a realização de reuniões.

De acordo com os cálculos da candidatura brasileira, esses gastos devem somar US$ 13,3 milhões (cerca de R$ 65 milhões). O financiamento, de novo, segundo o plano apresentado, virá por meio de parceiros e patrocinadores da Fifa e da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), sem a utilização de verba pública.

Serão dez cidades brasileiras que vão abrigar os 64 jogos da Copa. Em 2014, foram 12 municípios. A redução tem como objetivo reduzir os deslocamentos e melhorar a logística para equipes e torcedores.

Além do Mundial há uma década, o Brasil recebeu nos últimos anos os Jogos Pan-Americanos, em 2007, os Jogos Olímpicos, em 2016, e a Copa América, em 2019 e 2021.

Visibilidade
A entidade máxima do futebol mundial também levou em consideração o apoio do governo federal para o Brasil receber a competição. No entendimento do Ministério do Esporte, um evento com essa magnitude representa uma ferramenta para dar visibilidade ao futebol feminino no país e ampliar seu desenvolvimento.

Na Tailândia, o representante do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o ministro do Esporte, André Fufuca (PP-MA). A CBF também considera o evento uma oportunidade para ampliar as possibilidades para meninas e mulheres que estejam considerando uma carreira no futebol.

"Essa decisão da Fifa anunciada nesta noite terá um grande impacto positivo no futebol feminino brasileiro e na vida de milhões de mulheres do Brasil. Além de investir na realização da Copa do Mundo, toda a cadeia produtiva do futebol feminino no Brasil e na América do Sul dará um imenso salto de desenvolvimento", afirmou Ednaldo Rodrigues

As mulheres terão a chance de alcançar um feito inédito para o país, que nunca venceu um Mundial como anfitrião. Em 1950, a seleção brasileira masculina perdeu a partida decisiva para o Uruguai. No Mundial de 2014, ficou apenas na quarta colocação geral, depois de histórica goleada sofrida diante da Alemanha nas semifinais, por 7 a 1, e de nova derrota na disputa do terceiro lugar, diante da Holanda, por 3 a 0.

A seleção feminina ainda busca o seu primeiro troféu. O melhor resultado das mulheres brasileiras até hoje foi um vice, na edição de 2007, quando foram superadas pela Alemanha, na edição realizada na China.

Será a décima edição da Copa do Mundo feminina. A primeira foi em 1991, na China, palco também do evento em 2007. Outros países que receberam o Mundial foram a Suécia (1995), os Estados Unidos (1999 e 2003), a Alemanha (2011), o Canadá (2015) e a França (2019). Na edição mais recente, Austrália e Nova Zelândia organizaram o campeonato de forma conjunta, em 2023.