Desde 6ª-feira, 8 espaços temporários recebem entulho, recicláveis, restos de poda e móveis, mas resíduos não permitidos ainda são depositados
Inaugurados na manhã da sexta-feira (21), os oito pontos provisórios para descarte de resíduos têm tido adesão da população e, passados dois dias, ao menos dois já se encontravam lotados. Mas, apesar da tentativa da Prefeitura de Goiânia de regularizar os locais antes utilizados para descarte ilegal, por desinformação e desrespeito, rejeitos proibidos ou em quantidade acima do permitido seguem sendo despejados nesses locais, como é o caso de pneus e lixo orgânico. O descarte é permitido apenas para entulho, recicláveis, galhos e móveis, limitado a uma carreta, ou carroceria, por pessoa.
A instalação de pontos provisórios em locais onde havia descarte irregular de resíduos foi anunciada no início de janeiro pelo prefeito Sandro Mabel (UB). À época, a reportagem mostrou que mais de 20 seriam criados para destinação temporária de lixo por cem dias. Passados quase três meses, os oito primeiros foram implantados, com prazo ainda indefinido de funcionamento. Na sexta-feira, o chefe do Executivo destacou que deseja chegar a 30 locais provisórios, onde há maior quantitativo de materiais descartados irregularmente. Os demais ainda são estudados pela Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma).
Os oito pontos inaugurados na última semana estão nos bairros Parque Amazônia, Jardim Europa, Vale do Araguaia, Residencial Anicuns, Jardim das Hortências, Solar Ville, Brisas do Cerrado e Recanto do Bosque e foram limpos antes de serem regularizados. A reportagem esteve nos dois primeiros e observou grande quantidade de resíduos amontoados. No Parque Amazônia, o local está sinalizado com cartaz determinando o que é permitido ser descartado. Não havia caçambas no local. Não tinha também, a exemplo, lixo orgânico, mas havia resíduos têxteis, como roupas e malas de pano. Já a pilha de lixo era composta majoritariamente por galhadas e entulho, além de sofás. Até mesmo um capacete foi depositado no ponto. Logo atrás, está o Córrego Serrinha.
Por outro lado, no Jardim Europa não havia placa de sinalização e lixo orgânico ocupava um dos cantos da área. Havia também restos de automóveis, pneus e ripas de madeira. Parte dos resíduos foram queimados, como o tronco de uma árvore cortada. O fogo chegou até mesmo nas três caçambas disponibilizadas no local. O ponto provisório também está instalado ao lado de um córrego. Contudo, vale lembrar que o local já era alvo de descarte irregular. A Amma diz ainda que todos os oito foram devidamente sinalizados.
No dia seguinte à inauguração dos oito pontos, a Prefeitura divulgou que iria atuar para "coibir a ação de vândalos" que têm provocado danos ao patrimônio público. Em um deles, no Jardim das Hortências, a placa de sinalização foi cortada. Por isso, anunciou, a fiscalização seria intensificada. A Amma também apontou que estuda manter "um servidor operacional em cada um dos pontos, para orientar sobre o descarte correto e também para evitar atitudes que possam causar danos ao patrimônio público e ao meio ambiente, além de buscar fazer uso de câmeras de vigilância". Tais medidas fiscalizatórias ainda não foram implantadas.
À reportagem, a pasta aponta que tem ocorrido dificuldades no respeito ao que pode ou não ser descartado. "Apesar da existência da placa indicando, verificou-se que está sendo feito o descarte de (a exemplo) pneus, além da depredação de algumas placas, o que motivou a Prefeitura a estudar novas medidas a serem implementadas", cita. "A fiscalização é integrada, envolvendo a Amma e Guarda Civil Metropolitana (GCM), quando necessário. O recolhimento está sendo feito tanto pela Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) quanto pelo Consórcio Limpa Gyn", complementa.
Quando foi divulgada a inauguração dos espaços temporários, a Prefeitura disse que a limpeza seria feita diariamente. A reportagem questionou tanto ao consórcio quanto à Comurg qual será a periodicidade do recolhimento. Conforme o Limpa Gyn, será semanal e, em caso de necessidade, mais de uma vez por semana. A companhia não respondeu.
Moradora do Parque Amazônia, a vendedora Daiane Albuquerque, de 43 anos, vê positivamente a medida. "Sempre teve muito entulho. Agora ajudou, porque não fica muito tempo (o lixo). Mas tem de tomar cuidado para não virar uma cratera", pondera. No tempo que a reportagem permaneceu no trecho, quatro pessoas depositaram resíduos no local. Um deles, que preferiu não se identificar, trabalha com limpeza de lote há cerca de três anos e conta que levava os resíduos aos ecopontos ou para locais privados.
Mais pontos
Os oito pontos provisórios se somam aos cinco ecopontos geridos pela Comurg na capital, situados nos setores Faiçalville, São José, Guanabara 2, Campos Dourados e Eldorado Oeste. Funcionando de forma definitiva, eles recebem, além dos materiais que podem ser descartados nos temporários, também pneus, óleo de cozinha usado e eletroeletrônicos. Em ambos, há limite do quantitativo que pode ser disposto. "São destinados para os pequenos geradores de resíduos, uma vez que os grandes geradores devem realizar o cadastro na Prefeitura e se responsabilizar por seu próprio descarte", explica a Amma.
O Consórcio Limpa Gyn também está construindo o primeiro ponto temporário de transferência de resíduos (PTTR), no Residencial Português. A previsão é de que esteja concluído até abril. O espaço receberá materiais recicláveis e inservíveis, mas também não terá pneus nem lixo domiciliar. Haverá duas caçambas para volumosos e quatro baias para recicláveis. A construção e operação serão conduzidas pela terceirizada.
Além dos oito temporários, dos cinco definitivos e do que está sendo inaugurado pelo consórcio, a Amma estuda outros espaços a serem regularizados "em que haja alto índice de descarte irregular". A pasta diz que também tem intensificado projetos de educação ambiental. "A implementação dos pontos provisórios está em fase inicial e, com base nos resultados que forem se apresentando, os órgãos competentes terão condições de definir seu tempo de duração. Como há áreas particulares e públicas utilizadas para esse fim, os pontos terão diferentes destinações após o projeto", pontua.
