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Cantora fala sobre assédios sexuais que sofreu quando era mais jovem

'Ele me força a ficar de joelhos. Ele é meu namorado, então por que me sinto tão desconfortável?', disse a cantora, que discursou no Women's March em Nova York

Modificado em 26/09/2024, 00:57

O discurso emocionante de Halsey gerou muita repercussão entre seus fãs

O discurso emocionante de Halsey gerou muita repercussão entre seus fãs (Reprodução / Instagram)

No último sábado, 20, diversas cidades dos Estados Unidos foram palco do Women's March. Na marcha realizada em Nova York, uma das personalidades presentes foi a cantora Halsey, que recitou um poema cujo tema eram assédios sexuais que presenciou e sofreu. Na marcha de Los Angeles, foi Natalie Portman quem fez um discurso emocionante.

"É 2009 e eu tenho 14 anos e estou chorando. Não tenho muita certeza de onde estou, mas estou segurando a mão da minha melhor amiga Sam na sala de espera de uma clínica de planejamento familiar. Minha melhor amiga foi estuprada por um homem que nós conhecíamos porque ele trabalhava na nossa escola. Ele a segurou com seus livros ao lado, cobriu sua boca e consumou o ato", começou Halsey.

"É 2002 e minha família acaba de se mudar e as únicas pessoas que eu conheço são as amigas da minha mãe e o filho de uma delas. Ele diz que vai me ensinar a tocar violão se eu apenas ficar quieta. E a escada ao lado do apartamento 1245 vai me assombrar pra sempre em meus sonhos enquanto eu estiver viva e eu sou muito jovem para saber por que minhas coxas doem, mas eu devo mentir, eu devo mentir", contou a cantora.

A cantora continuou: "É 2012 e eu estou namorando um cara e eu durmo na cama dele e eu acabei de aprender a dirigir e ele é mais velho que eu e ele bebe uísque e está pagando por tudo, essa coisa de ser adulto não é barata. Nós estamos brigando muito, quase dez vezes por semana, e ele quer fazer sexo e eu só quero dormir. Mas ele disse que eu não posso dizer não para ele, porque eu devo a ele. Ele paga meu jantar, então tenho que agradá-lo. Ele me força a ficar de joelhos. Eu estou confusa porque ele está me machucando enquanto diz 'por favor'. Ele é homem e precisa dessas coisas, ele é meu namorado. Então por que me sinto tão desconfortável? ", discursou Halsey.

2 days ago I recited a poem I wrote called "A Story Like Mine" at the Women's March in NYC. I was asked to give a speech and I panicked for days. I wasn't sure where to start. The night before the march I penned this poem at 2 in the morning and the words spilled out of me like white water rushing down a river bend. I didn't realize how emotional it would be for me to speak my truth but it was. And I'm so happy I did it. The support I've received since is overwhelming and it's humbling and as a POET (which I always have been, songs or not) it was unbelievable to see people actually get the message. And terrifying and comforting and confusing to see how many had stories to share that reinforced the sentiment and the title. We have a long way to go. But I'm thankful we are united over this. I've included a link to the poem in my bio. Thank you.

Uma publicação compartilhada por halsey (@iamhalsey) em 21 de Jan, 2018 às 9:41 PST

O discurso emocionante de Halsey gerou muita repercussão entre seus fãs nas redes sociais, inclusive entre os brasileiros. Confira algumas reações abaixo:

mano o discurso da halsey eu vo ate ve de novo pic.twitter.com/OTYFatLmrK --- pendragon (@galramaru) 20 de janeiro de 2018

halsey o que foi aquele discurso pic.twitter.com/FYbCGByYan --- ` (@hemmogoticc) 20 de janeiro de 2018

que discurso foi esse halsey ,meudeus pic.twitter.com/XQQdNkAxUq --- babygirl!!¡¡ ◟̽◞̽ (@purposefindx) 21 de janeiro de 2018

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UEG vê "indícios fortes" em denúncia de assédio sexual contra professor

Acusado por estudante em junho, docente de Química foi afastado por 180 dias em agosto. Portaria da reitoria fala em tensão no câmpus

Modificado em 19/09/2024, 01:20

Câmpus da Universidade Estadual de Goiás (UEG), em Anápolis

Câmpus da Universidade Estadual de Goiás (UEG), em Anápolis (André Costa)

Comissão criada pela Universidade Estadual de Goiás (UEG) para apurar a conduta de um professor do curso de Química acusado de assedio sexual contra uma estudante de 24 anos encontrou o que chamou de "fortes indícios" contra o servidor. A informação consta em sindicância preliminar que levou à abertura de um procedimento administrativo disciplinar (PAD) e ao afastamento de Antônio Carlos Severo Menezes, de 59 anos, por 180 dias a contar de 4 de agosto deste ano.

A denúncia foi formalizada pela estudante em junho e envolve fatos que teriam ocorrido no câmpus de Anápolis, entre março e maio deste ano, quando ela passou a fazer aulas extracurriculares no laboratório de Química tendo Antônio Carlos como seu orientador. Nas semanas seguintes o caso ganhou repercussão na imprensa após um grupo formado por ex-alunas e uma docente se mobilizar para apresentar novas denúncias de assédio contra o professor e pedir seu afastamento.

A reportagem teve acesso a documentos do PAD que foram incluídos pela defesa do professor em um processo no qual tentou na Justiça remarcar um depoimento dado à comissão em setembro e aumentar o número de testemunhas de defesa. Após uma negativa inicial por parte do Judiciário, a defesa desistiu do processo judicial antes da análise do mérito. Já a tramitação do procedimento na UEG é sigiloso.

Entre os documentos, consta a portaria 891/2023, de 3 de agosto, que institui o PAD após afirma que os autos do procedimento investigativo preliminar apontam entre os atos praticados pelo acusado: "as ações de passar a mão em seu cabelo, fazer elogios tendenciosos e constrangedores, tentar passar a mão no corpo da vítima, de forma maliciosa e sem sua autorização".

Também é dito neste mesmo documento que ele tentava "abraçá-la valendo-se da desculpa de que assim o pretendia fazer para acalmá-la, por saber que a discente possui diagnóstico de ansiedade generalizada e, nessa condição, encontrava-se fragilizada emocionalmente" e a abordava "em diversas ocasiões com perguntas e conversas impróprias sobre sexo". Consta que antes do PAD a estudante teria sido ouvida pelo menos três vezes pela comissão de sindicância.

A comissão ainda afirma, no documento que abre o PAD, que o professor aproveitou de sua condição de orientador "autoridade intelectual naquele ambiente acadêmico" e "servidor com grande influência no Câmpus, conforme ele próprio se autodenominava", e da situação de vulnerabilidade socioeconômica da discente, para constrangê-la "com atitudes típicas de assédio sexual e moral".

Além disso, ao notar alguma forma de interrupção das investidas, segundo o documento, o investigado ameaçava retirar a bolsa permanência da estudante "por meio de simples envio de e-mail à secretaria do câmpus".

"Proporção gigante"

No dia seguinte à publicação do documento, a reitoria expediu outra portaria, a 892/2023, determinando o afastamento do professor de suas funções, afirmando que as "irregularidades atribuídas ao referido docente" causaram repercussão negativa "de proporção gigantesca" no ambiente acadêmico e que isso compromete a continuidade da atividade de ensino no câmpus em que o servidor é lotado.

A reitoria aponta que a divulgação do caso pela imprensa levou a denúncia a "grandes proporções", levando a UEG a experimentar "clima de tensão entre o acusado e alunos inconformados com as notícias veiculadas pela imprensa, reveladoras de outras denúncias contra o mesmo docente" e que há "clamor social pelo afastamento do mencionado docente".

Ainda neste despacho, a reitoria justifica o afastamento sob o argumento de "ser óbvio" o fato de que a situação do câmpus poderá ficar insustentável. "O cenário ora posto tem afetado sobremaneira o ambiente institucional, comprometendo seriamente as relações sociais, acadêmicas e profissionais no âmbito do câmpus, visto que existe uma real preocupação por parte de discentes, técnicos e professores, que se encontram temerários com relação ao comportamento do investigado, haja vista que este apresenta tom de ameaça, o que pode comprometer a entrega qualitativa da prestação educacional por parte da universidade."

Por meio de nota, a UEG afirmou que o PAD corre em sigilo e que tem previsão de durar o mesmo tempo de afastamento do professor, isto é, seis meses. Durante este tempo, mesmo sem exercer suas funções, Antônio Carlos segue recebendo sua remuneração conforme determina a legislação. Ainda segundo a UEG, outros "casos de ilícitos" envolvendo o professor estão sendo averiguados.

Caso seja comprovado o assédio, a UEG informa que as punições podem variar de uma suspensão de 61 a 90 dias até a demissão, além da inabilitação para ocupar cargos públicos por um determinado período. Neste caso, o processo também é encaminhado para o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO).

A Polícia Civil também apura a denúncia feita pela estudante e ex-alunas. A UEG pode encaminhar o resultado do PAD, caso seja requisitado. A reportagem não conseguiu localizar e falar com a delegada Isabela Joy, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Anápolis, que cuida das investigações.

Após a estudante de 24 anos procurar a UEG e a Deam para denunciar o professor, um grupo de ex-alunas dos cursos de Química e Farmácia da UEG fizeram o mesmo, inclusive por meio de um abaixo-assinado. Em julho, quando a imprensa noticiou o surgimento das denúncias, havia 18 mulheres afirmando serem vítimas do docente. Todos os relatos eram semelhantes, com casos de assédio sexual e moral ocorrendo dentro de sala de aula, laboratórios de pesquisa, em corredores, e em outras áreas da universidade.

A reportagem entrou em contato com a defesa do professor pelo WhatsApp e esta informou não haver autorização do mesmo para entrevistas.

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Servidor da Comurg é preso suspeito de apalpar os seios e o bumbum de colega de serviço

Segundo a polícia, outro servidor também é investigado por assédio e importunação sexual contra colega

Modificado em 19/09/2024, 01:19

Marcus Vinícius Martins Moreira é suspeito de cometer crimes de importunação sexual em Goiânia

Marcus Vinícius Martins Moreira é suspeito de cometer crimes de importunação sexual em Goiânia (Reprodução/Polícia Civil)

Um servidor da Comurg foi preso suspeito de apalpar os seios e o bumbum de colega de serviço. Segundo a polícia, outro servidor também teria feito brincadeira pejorativas com outra colega de trabalho. Esse servidor, que era chefe de compliance, não foi localizado. Segundo a delegada do caso Amanda Menucci, foram instaurados quatro inquéritos policiais contra dois colaboradores.

De acordo com a polícia, três vítimas denunciaram o chefe de seção Werlley Pereira Fernandes por assédio e importunação sexual.

O chefe de seção tocou as vítimas repetidas vezes sem o consentimento das mesmas. Uma das vítimas apresentou à Polícia Civil, diversos áudios de gravação onde é possível comprovar o assédio. Em um dos áudios, a vítima fala ao autor para não pegar em sua bunda, ressalta a delegada.

Werlley foi preso na quarta-feira (27) e esta á disposição da Justiça. Segundo a polícia, ele continua no quadro de funcionários da instituição. Ao POPULAR, a Comurg informou que Werlley foi transferido para outro setor até que as investigações sejam finalizadas.

O segundo investigado é Marcus Vinícius Martins Moreira,chefe de Compliance. De acordo com a polícia, o suspeito teria assediado uma vítima, com frases sexuais e brincadeira pejorativas. Ele ainda não foi localizado e vai responder por assédio sexual e importunação sexual. A delegada Amanda explicou que ele não é considerado foragido, pois o mandado de prisão contra ele foi negado. A Comurg informou por ligação telefônica que Marcus foi demitido do cargo em 28 de agosto deste ano, pois era contratado no regime CLT.

A identidade dos autores e imagem foi divulgada pela Polícia Civil para que possíveis vítimas possam representar contra os acusados. O Daqui não conseguiu localizar as defesas dos suspeitos. O espaço segue aberto para manifestação.

Nota na íntegra da Comurg

Com relação a prisão de um servidor da Comurg acusado de assédio e importunação sexual contra colegas de trabalho, trata-se de um caso ocorrido há alguns meses, que a Companhia tomou todas as medidas administrativas cabíveis e aguarda a conclusão do inquérito pela Polícia Civil.

Em relação ao outro servidor, Marcus Vinicius Martins Moreira, o mesmo foi exonerado no dia 28 de agosto do corrente ano.

Marcus Vinícius Martins Moreira é suspeito de cometer crimes de importunação sexual em Goiânia

Marcus Vinícius Martins Moreira é suspeito de cometer crimes de importunação sexual em Goiânia (Reprodução/Polícia Civil)

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Professor de educação física é preso após importunar sexualmente ao menos 4 alunas em Anápolis

Segundo a Polícia Civil, ele tocava nos seios, coxas e nádegas das vítimas

Modificado em 19/09/2024, 01:09

Durante busca e apreensão contra o suspeito, foram apreendidos celulares e computadores

Durante busca e apreensão contra o suspeito, foram apreendidos celulares e computadores (Divulgação/Polícia Civil)

Um professor de educação física foi preso na quarta-feira (23) suspeito de importunar sexualmente ao menos quatro alunas de colégios de Anápolis, a 55 km de Goiânia. Segundo a Polícia Civil, as vítimas têm entre 12 e 13 anos. De acordo com a delegada responsável pelo caso, Kênia Segantini, com o pretexto de pegar um objeto próximo às vítimas, o professor tocava nos seios, coxas e nádegas das alunas.

Para conseguir o silêncio das vítimas, o professor dizia que daria boas notas a elas e as ameaçavam para que aceitassem suas atitudes. Também mantinha conversas de teor erótico e pedia aos alunos que se recebessem alguma foto íntima das meninas repassassem a ele, afirma Kênia.

Conforme a delegada, o suspeito pratica o mesmo crime desde 2016 em diferentes colégios por onde passou. Porém, as alunas acabaram denunciando o professor que foi preso temporariamente por 30 dias.

Uma das vítimas passou a praticar automutilação e outra deixou de frequentar as aulas até que o investigado fosse afastado, informou Kênia.

Durante busca e apreensão contra o suspeito, foram apreendidos celulares e computadores.

O Daqui entrou em contato com a Secretaria Municipal de Educação de Anápolis para pedir um posicionamento sobre o caso e aguarda retorno.

Por não ter o nome divulgado, a reportagem não conseguiu localizar a defesa do professor para que se posicionasse até a última atualização desta reportagem.

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Estudantes denunciam na polícia assédio de professor da UEG

Ex e atuais alunas criaram grupo que reúne 18 supostas vítimas. Relatos são semelhantes

Modificado em 19/09/2024, 00:42

Uma das mulheres que afirmam ser vítima de professor da UEG

Uma das mulheres que afirmam ser vítima de professor da UEG (Wesley Costa))

Um grupo de ex-alunas dos cursos de graduação em Química e Farmácia da Universidade Estadual de Goiás (UEG) denuncia um professor efetivo por assédio sexual e moral. Os casos relatados teriam ocorrido no Câmpus Henrique Santillo, em Anápolis, e vieram à tona após uma estudante de 24 anos ter formalizado, em junho deste ano, uma denúncia na Ouvidoria da instituição e na Polícia Civil. Em seguida, ao menos outras quatro mulheres registraram ocorrência.

A partir da nova exposição, divulgada pelo site de notícias local Portal6, as ex-graduandas e uma docente da UEG se mobilizaram em um grupo para comunicar sobre as ações a serem tomadas. Até o momento, foram reunidas ao menos 18 vítimas. Os relatos são semelhantes, com casos de assédio sexual e moral ocorrendo dentro de sala de aula, laboratórios de pesquisa, em corredores, e em outras áreas da universidade.

O relato mais antigo foi feito por uma egressa, que foi aluna do docente efetivo Antônio Carlos Severo Menezes nos primeiros anos dele na instituição, em 2000. Ele ingressou em fevereiro de 1999. Conforme ela, logo no início do curso de Química licenciatura, o professor a teria humilhado em frente à turma por conta de nota. "Desde a época que eu entrei todo mundo passou por assédio moral. Ele me fez chorar", diz.

A mulher aponta também que já foram feitas várias denúncias na ouvidoria, mas que "nunca deu em nada" e relata que muitos outros casos nem sequer chegaram a ser formalizados diante do receio de retaliação. "Sempre insisti para que elas (alunas) fizessem denúncia, mas em vão. São todos (os casos) do mesmo jeito", pontua.

A semelhança dos supostos casos é constatada nos seis depoimentos de ex-alunas feitos ao Daqui. Elas relataram ter sofrido assédio sexual e moral entre 2002 e 2015, algumas durante as aulas de Química Orgânica, lecionadas por Antônio Carlos. Outras dizem que, mesmo sem ter pego a disciplina, foram assediadas nos laboratórios de pesquisa, onde ele era o coordenador, em corredores, ou na lanchonete.

Ex-graduanda do curso de Farmácia, hoje uma professora universitária, de 28 anos, conta que ingressou na instituição em 2013, aos 18, mas apenas em 2015 teve contato direto com o docente durante as aulas. Ela relata que, em uma prova da disciplina, obteve uma nota menor do que a turma. "Comparando a correção (com a de outros colegas) percebi que não estava sendo justa a nota. Procurei a tutora da disciplina, e ela disse que não estava entendo o método de correção e sugeriu que eu falasse com ele", afirma.

Ao procurar o docente, ele teria começado uma conversa de cunho sexual. "Disse que eu parecia com uma jovem que morava na rua da casa dele, e que foi com ela que ele começou a ter relações sexuais", e acrescenta que o docente teria dito que "seria fácil corrigir a nota". "Ali entendi que ele estava propondo favores sexuais para corrigir minha nota."

Uma mulher relata que ingressou na instituição em 2009 na área de Química, e logo teve contato com o professor durante uma pesquisa em que ele era o orientador. "Para entrar na pesquisa o professor tinha de convidar, e o argumento que ele usa é esse: que as meninas que denunciam é porque não tiveram vaga. Ele se blinda", pontua.

Durante os encontros com o docente para a realização da pesquisa, relata que ele se aproximava para passar a mão no rosto. "Sempre muito próximo, conversava pegando na gente. Eu não ficava sozinha perto dele", pontua. Ela acrescenta que ele dizia frequentemente: "Orgânica é muito difícil, principalmente para as meninas". "Ficava subjetivo que as meninas tinham de ficar com ele (para passar). É escrachado."

Outra mulher relata que em 2008 teve contato pela primeira vez com o professor durante a primeira aula do curso de Química Industrial. Naquele dia, segundo o relato, o docente teria entrado na sala e dito, em tom de piada, que um grupo aleatório de alunos reprovaria na matéria dele.

"O professor sempre andou pelo câmpus se vangloriando de que sua disciplina era dificílima, que ninguém passava e que a Química Orgânica travava o curso de todos, o que era verdade. Os alunos reprovados não podiam cursar muitas outras disciplinas nos períodos seguintes e ele era o único professor que ministrava a matéria", diz a mulher, hoje com 33 anos e que atua profissionalmente como social mídia.

Conforme a ex-aluna, o docente logo começou com investidas. "Me dava beijos babados no rosto, 'coçava' a minha mão insinuando que queria transar comigo". Em outra ocasião, enquanto estava em um dos laboratórios, ela relata que o professor a "encurralou no canto da parede e passou a mão pelo meu corpo."

A situação foi praticamente a mesma relatada por uma ex-aluna de Química Industrial, que iniciou o curso em 2009. Ela, hoje com 31 anos, afirma que desistiu de ter aula com o professor diante do assédio sexual, que ocorria em outras áreas da instituição, como nos corredores. "Chegava me abraçando, dando beijo no pescoço, perguntando se eu namorava", diz. Por conta da prática frequente, em 2011, também desistiu do curso.

"A importunação dele não precisava ser da sala dele. Não tinha pudor nenhum, tinha de fazer vista grossa. (Passei a) me desvencilhar, falava que tinha de ir para outro lugar. A Reitoria sabia, a Ouvidoria sabia, todo mundo sabia, e a UEG nada fez", relata. "Não era só comigo, a gente sabia que era errado, mas quando acontece a gente não enxerga."

Em contato com o docente por conta de um projeto de pesquisa, uma menor de idade relata que sofreu assédio moral e sexual durante ao menos um ano. Ela, que ingressou na universidade em 2007, aos 17 anos, diz foi convidada para sair com o professor. "Ele falava que queria usar loló comigo, me chamava para tomar vinho, falava que queria me ver 'doidinha'", diz a mulher que hoje, aos 32 anos, é servidora pública municipal.

Durante a pesquisa realizada no laboratório da UEG, a ex-aluna diz que precisou passar muito tempo no espaço. "E no laboratório ele tinha mania de ficar me encoxando". Por isso, conta, passou a evitar o local, onde precisava desenvolver seu projeto, caso ele também estivesse.

"Perguntava se tinha namorado, se era virgem ou não, se gostava de sair. Até que as investidas foram ficando mais intensas, querendo tocar, passar a mão no cabelo".

Ex-aluna

Para uma egressa de Química, de 39 anos, há semelhanças na forma como o docente age junto às alunas, visto que, em geral, ele se aproxima das recém-chegadas ao curso. "Às vezes pela imaturidade, inocência e por ele ainda não ter sido professor." Ela conta que ao ver os comentários na notícia divulgada pelo portal de Anápolis, percebeu que eram várias vítimas. "De gente da minha época, de antes e depois."

A jovem, que ingressou em 2002, aos 18 anos, relata teve contato com o professor antes de ter aula. "Começou tudo normal, não via maldade. Até que começaram as 'piadas', perguntava se tinha namorado, se era virgem ou não, se gostava de sair. Até que as investidas foram ficando mais intensas, querendo tocar, passar a mão no cabelo."

Diante dos casos de assédio, passou a se esquivar do contato com o docente, e acabou desistindo da matéria dele após uma prova em que teria sido prejudicada pela correção. "Ele me atrasou em um semestre", resume.

Defesa quer responsabilizar acusadores

A defesa do professor Antônio Carlos Severo Menezes, representada pelo advogado Wilson Araújo Júnior, afirma, por meio de nota, que "nega veementemente as mentirosas acusações" que visam a "exclusivamente macular a honra do acusado perante a opinião pública, tendo em vista que não estão lastreadas em provas".

Ainda conforme a defesa, as alegações são feitas por "pessoas que possuem algum rancor contra o acusado, especialmente por não terem sido aprovadas ou terem se sentido prejudicadas nas matérias que cursaram com o professor enquanto eram alunas dele, o que se deu, evidentemente, por pura falta de capacidade delas".

A nota da defesa finaliza afirmando que "todos os falsos acusadores já estão sendo identificados e que tomará todas as medidas judiciais cabíveis, tanto na área cível, quanto na área criminal, contra cada um deles".

O caso da discente que ingressou com denúncia em junho deste ano é um dos que foram parar na Justiça, após o docente ingressar com ação por calúnia e difamação.

A situação denunciada pela aluna é investigada pela Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Anápolis. A delegada Isabella Joy diz que as investigações seguem em sigilo e estão em fase inicial de apuração. Mas acrescenta que a Universidade Estadual de Goiás (UEG) ainda não foi acionada.

A universidade diz, em nota, que "não tolera qualquer tipo de assédio" e que está apurando a denúncia sobre "possível assédio sexual sofrido por uma discente de graduação por parte de um professor", feita em junho.

Diz ainda que "a discente não tem mais nenhum contato com o professor" e que "foram dados os encaminhamentos legais para a apuração dos fatos, com a abertura de uma sindicância. Conforme a nota, o processo está na fase de oitivas individuais.

"Caso a sindicância apure o assédio, o rito formal é a abertura de processo administrativo disciplinar que prevê penalidades administrativas adequadas à gravidade do fato. As penalidades previstas vão desde suspensão até demissão", finaliza.

A universidade não menciona a respeito das outras denúncias feitas pelas ex-alunas. O Daqui questionou quantas denúncias já foram formalizadas contra o docente, mas não obteve retorno.