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Construído para abrigo de camelôs, Mercado Aberto vive abandono

Inaugurado em 2003 na Avenida Paranaíba, lugar foi criado para abrigar camelôs da Avenida Goiás. Hoje, tem grandes espaços vazios

Localizado na Avenida Paranaíba, o Mercado Aberto opera hoje com quantidade de bancas bem abaixo da capacidade para a qual foi projetado, no início dos anos 2000

Localizado na Avenida Paranaíba, o Mercado Aberto opera hoje com quantidade de bancas bem abaixo da capacidade para a qual foi projetado, no início dos anos 2000 (Wildes Barbosa / O Popular)

Retirados da Avenida Goiás em 2003 em meio à proposta de revitalizar uma das principais vias do Centro de Goiânia, muitos dos ambulantes levados para o Mercado Aberto da Avenida Paranaíba fazem do espaço seu ponto de trabalho há mais de duas décadas. Mesmo com a mudança tendo ocorrido em meio a protestos, o relato do que houve inicialmente é comum entre eles: grande movimento e clientela farta. Contudo, agora, o temor é de perder tudo o que foi construído ao longo dos últimos 22 anos. Abandonado pela Prefeitura, o local estaria vazio não fosse os que seguem teimando contra as baixas vendas.

Inaugurado em abril de 2003 na Avenida Paranaíba durante a gestão de Pedro Wilson (PT), o local era disputado pelos comerciantes informais que também queriam ocupar um ponto em um dos principais complexos de comércio popular à época. É o que compartilha parte deles, que ainda permanecem no espaço, ao POPULAR. A reportagem esteve durante a tarde desta segunda-feira (31) no mercado e observou um movimento tímido, com boa parte dos espaços para bancas estando vaga. E mesmo com horário previsto até às 18 horas, a baixa demanda faz com que, a partir das 17 horas, esteja praticamente vazio.

Dos 59 anos de Idair Vitoriano, 22 foram passados no Mercado Aberto. Antes, ele ocupou as calçadas da Avenida Anhanguera por cerca de um ano. E o que antes possibilitava a ele uma renda maior, hoje é apenas um complemento do que ele tira também da Feira Hippie, onde trabalha entre sexta-feira a domingo. Ele conta que quando chegou ali não havia nem espaço para todos os comerciantes que desejavam atuar no local. Agora, sobra. "Antes da pandemia (da Covid-19, a partir de 2020) já estava caindo muito o movimento, mas a pandemia terminou de matar", comenta.

A motivação da queda na clientela, conta, foi a abertura de galerias na Região da 44, no Setor Norte Ferroviário, que teve início em 2001 mas foi impulsionada nos anos seguintes. Isso teria acontecido porque, como a Rodoviária é situada logo ao lado, os clientes que antes subiam a Avenida Goiás até chegar à Avenida Paranaíba acabaram se concentrando apenas no entorno do polo comercial. Com isso, antes mesmo da pandemia, a tendência já era de queda na venda no mercado. E a opinião é replicada por outros comerciantes ouvidos pelo POPULAR.

Djalma Ribeiro, de 63 anos, também ocupa um dos pontos do Mercado Aberto desde sua abertura e viu a decadência do espaço nos anos seguintes. "Tá devagar, tá parado", diz, ao ser questionado sobre o movimento. Ele, contudo, ainda acredita que seja possível revitalizar o Mercado Aberto e lhe dar nova vida. No entanto, comenta, falta atuação do poder público no comércio popular. "Tem de vir limpar aqui, arrumar banheiro", acrescenta, ao relembrar ainda que a saída de inúmeros comerciantes se acentuou ainda mais após o período de restrição causado pela Covid-19. "O povo começou a sair, ir para a Avenida Anhanguera, para a 44."

O comerciante Antenor Miguel, de 59 anos, também resume a situação em uma frase: "Aqui está morto." Para ele, a liberação --- mesmo que não oficial --- para o mercado informal na avenida, além da região que concentra o maior polo comercial do Estado, teria sido o fator responsável pela migração dos vendedores que ocupavam o Mercado Aberto. E ele, cuja história como camelô se iniciou no ano de 1993, na Avenida Goiás, reforça o mesmo que os demais: "Antes da pandemia já estava ruim, mas depois piorou mais."

Com a retirada dos ambulantes das ruas da Região da 44, a esperança de quem permanece por ali, mesmo com o pouco dinheiro que entra em conta, é de que haja uma melhora no movimento do mercado da Avenida Paranaíba. Délcio Pereira, de 48 anos, contudo, vê diferença no público. Ele cita que, antigamente, a clientela do local era tanto de varejo como atacado e hoje isso mudou. Para o comerciante, que está há quase duas décadas no local, o próprio comércio de roupas tem se mostrado em queda.

Délcio relembra a época em que chegou ao Mercado Aberto da Paranaíba e encontrou o espaço tomado por comerciantes e compradores. "Não dava conta nem de andar", conta. Logo nos anos seguintes, ambas as partes começaram a evadir e culminou a situação encontrada hoje no espaço. Mesmo com um cenário mais favorável para ele, que vende roupas femininas e masculinas, já que mantém uma clientela fixa, a renda decresceu e hoje tem dado "apenas para as despesas". Conforme ele, falta diálogo e integração entre os empreendedores locais e a Prefeitura. "Precisa arrumar a casa, organizar, demarcar", pontua. O comerciante lista algumas medidas que poderiam ajudar, como áreas de lazer.

O abandono do Mercado Aberto por parte da Prefeitura é visível para quem passa por ali. Porta de banheiro danificada, pichações, além de parte do espaço -- como a lona e o chão -- suja, o que contrasta com a última promessa de revitalização, feita em 2015. E não foi sequer mencionado o Projeto Centraliza, lançado pelo prefeito anterior, Rogério Cruz (SD), em outubro de 2023, com propostas para requalificar o Centro da capital.

O POPULAR buscou a Prefeitura para saber se há algum projeto de revitalização para o Mercado Aberto da Paranaíba e também questionou qual a ocupação máxima e atual do mercado. Até o fechamento desta edição, não houve resposta.

Fiscalização é intensificada na 44

Com a fiscalização intensificada nas ruas da Região da 44, no Setor Norte Ferroviário, a partir desta segunda-feira (31), os ambulantes que antes ocupavam as vias para o comércio informal já não são mais vistos. Um protesto chegou a ser feito durante a manhã e a promessa da Associação dos Camelôs é de que isso siga nos próximos dias, até que o impasse seja resolvido. A categoria se diz insatisfeita com a medida imposta pela gestão de Sandro Mabel (UB).

Segunda-feira na Região da 44 foi marcada pela ausência de ambulantes ( Wildes Barbosa / O Popular)

Segunda-feira na Região da 44 foi marcada pela ausência de ambulantes ( Wildes Barbosa / O Popular)

O POPULAR esteve no local durante a tarde desta segunda e observou apenas uma vendedora de frutas ainda ocupando uma parte da calçada da região. Enquanto isso, neste dia, grande parte das lojas em galerias e shoppings se mantiveram fechadas, como já é de praxe nas segundas-feiras. Viaturas da Guarda Civil Metropolitana (GCM) faziam rondas durante a tarde, e também estiveram presentes no protesto realizado pelos ambulantes, juntamente com equipes da Ronda Ostensiva Municipal (Romu), considerada a tropa de elite da GCM.

Representante da Associação dos Camelôs, Ana Paula de Oliveira lamenta a medida e garante que serão feitas manifestações "todos os dias, até ele (Mabel) resolver com nós (sic)". "Estamos aqui, todo mundo decepcionado com o prefeito, porque estamos tentando há um mês negociar com ele, fazer um acordo, e ele não aceita. Quer que a gente concorde com apenas as duas alternativas. A gente não concorda o que ele está fazendo com o trabalhador. Ou é a galeria, que fala que é aluguel social, mas não é, já que tem que pagar o condomínio, ou então é a Feira Hippie, lá onde nem os feirantes querem", finaliza.

Dentre as opções ofertadas, está a realocação na Feira Hippie ou em empreendimentos comerciais da região, por meio de um aluguel social, que será progressivo. A associação, contudo, tem cobrado a regularização dos ambulantes e também que sejam fixados horários alternativos para o trabalho informal. As propostas da categoria já haviam sido discutidas durante sessão na Câmara Municipal, ainda em fevereiro.

Nesta segunda-feira, a Prefeitura divulgou um levantamento da Secretaria Municipal de Gestão, Negócios e Parcerias (Segenp) de aproximadamente 700 ambulantes na região. Metade deles seria lojista em galerias e a outra metade também atuaria em feiras. Outros 100 camelôs estariam exclusivamente como informais, nas ruas, e em torno de 50 teriam se legalizado por meio de realocação na feira.

Segundo o Paço, os trabalhadores que foram para a Feira Hippie pagarão taxa de licença de R$ 40 e taxa de ocupação calculada de acordo com a metragem da banca, em média de R$ 111 para locais de até oito metros quadrados. No caso do aluguel social, estão sendo disponibilizadas 2.066 lojas em galerias. Neste caso, o camelô terá o benefício por 18 meses, pagando nos primeiros seis meses o valor do condomínio e, após o período e até um ano, começando a pagar também 30% do aluguel. No terceiro semestre, o porcentual sobe para 60% e, após um ano e meio, a cobrança será integral de aluguel e condomínio.

Haverá ainda a oferta de cursos de capacitação promovidos pelo Sebrae com o apoio da Casa do Empreendedor que será aberta na região. Em nota, a Prefeitura diz que tem mantido o diálogo com a categoria "antes, durante e após a implementação da medida" e reforça que "não está simplesmente retirando os ambulantes das ruas, mas oferecendo alternativas concretas para sua regularização e inclusão no mercado formal". Garante ainda que a fiscalização será contínua para "garantir o cumprimento do Código de Posturas do município".

Medida de remoção tem antecedentes em outras gestões

A remoção dos ambulantes da Região da 44, a partir desta segunda-feira (31), pelo prefeito Sandro Mabel (UB), se assemelha à transferência dos comerciantes da Avenida Goiás em 2003, pela gestão de Pedro Wilson (PT) -- demanda ainda mais antiga, da época do antecessor, Nion Albernaz (PSDB).

Com a realocação, eles foram levados ao Mercado Aberto, criado na Avenida Paranaíba. Anos depois, em 2014, a Feira da Madrugada foi criada para que ambulantes da Rua 44 fossem removidos das ruas para o espaço regularizado, como busca de solução ao impasse entre lojistas e camelôs. À época, a Prefeitura gerida por Paulo Garcia (PT) divulgou que a feira teria 525 vendedores atuando de forma irregular. Houve resistência -- como tem ocorrido agora, com protestos iniciados nesta segunda-feira (31).

Agora, a atual administração municipal tem realocado os informais que ocupam as ruas da 44 para, principalmente, a Feira Hippie, existente desde a década de 1960. Há também a proposta de aluguel social, mas, até o momento, não foi divulgada nenhuma adesão efetiva a essa medida, proposta pela Associação Empresarial da 44 (AER44).

Em coletiva de imprensa nesta segunda, Mabel mencionou que parte dos ambulantes já havia sido realocada, mas sem citar número. "Aqueles cadastrados ganharão espaço." Questionada se a medida será efetivada em outra região da capital, a Prefeitura respondeu só que "tem ressaltado a importância do cumprimento da legislação em todas as áreas da cidade", se referindo ao Código de Posturas do município.

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Além de filhos, ex-marido também é investigado por morte de idosa que ficou dias sem comer, diz delegado

Segundo a polícia, a idosa chegou a ser resgatada, ficou internada na UTI em um hospital de Goiânia e recebeu alta. Ela voltou para casa, teve uma piora e não resistiu

Idosa sofria maus-tratos e vivia em condições precárias

Idosa sofria maus-tratos e vivia em condições precárias (Divulgação/Polícia Civil)

Além dos três filhos, o ex-marido da idosa que morreu após ficar dias sem comer também é investigado pela polícia, segundo o delegado do caso, Alexandre Bruno. Ela chegou a ser resgatada, ficou internada em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), em Goiânia, ganhou alta, mas não resistiu.

Ela foi internada na UTI, ficou por alguns dias ali, recebeu alta, voltou para casa e para os cuidados do filho. Ela voltou para o mesmo local onde ela ficou doente. Em dois dias ela morreu", contou o delegado.

A reportagem não localizou a defesa dos investigados para um posicionamento até a última atualização desta reportagem.

O delegado contou que pediu ao Instituto Médico Legal (IML) o exame que determina a causa da morte da idosa. "Os médicos que a atenderam desconfiam que ela tenha morrido por inanição, sem se alimentar", disse Alexandre.

A Polícia Civil disse que um dos filhos, que morava com ela, é investigado por maus-tratos, abandono, exploração financeira e agora por homicídio. Ele estava preso, mas foi solto pela Justiça durante uma audiência de custódia.

Conforme a polícia, os outros dois filhos que não moravam com a idosa são investigados e podem responder pela morte devido a omissão. O crime de exploração financeira é devido ao uso do cartão de proventos da idosa para benefício próprio e assim a deixavam sem alimentação e sem atendimento médico.

Provavelmente devo representar pela prisão não só desse filho dela, mas dos outros dois, além do ex-marido que ficava com o cartão dela. Os filhos podem ser indiciados por homicídio e o ex-marido por exploração financeira", disse o delegado.

A polícia disse que, ao ser preso, um dos filhos dela tentou minimizar os fatos: "Foi frio em dizer que pra ele aquilo era normal", detalhou o delegado.

Crime

A polícia disse que começou a investigar o caso após uma denúncia anônima. Na denúncia, foi informado que vizinhos não escutaram resposta ao chamarem por ela, por isso, arrombaram a porta, encontrando a mulher com a saúde debilitada e sem acesso a cuidados básicos.

Um vídeo divulgado pela Polícia Civil mostra o atendimento médico à idosa na casa em que ela foi encontrada (assista abaixo). Ela morreu na noite do dia 12 de de fevereiro.

O filho empregava sofrimento a idosa a ponto de torturá-la. [A Polícia Civil] se deparou com a idosa em estado quase cadavérico, magra, verdadeiramente em pele e osso", disse o delegado.

Antes de ser internada, a idosa foi resgatada no dia 28 de janeiro. Segundo a polícia, ela foi encontrada sem água potável, sem higiene pessoal e cercada por sujeira, vivendo em um ambiente insalubre, com forte odor, sem iluminação e ventilação adequada.

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Lojistas temem vazio com 'calçadão' da Avenida Anhanguera

Proibição do fluxo de veículos particulares é vista com receio por comerciantes, que já observam esvaziamento da via. Especialistas apontam benefícios

Modificado em 17/09/2024, 15:51

Pedestres terão mais espaço para circular na Avenida Anhanguera em trecho a ser fechado para veículos

Pedestres terão mais espaço para circular na Avenida Anhanguera em trecho a ser fechado para veículos
 (Wildes Barbosa )

++GABRIELLA BRAGA++

Comerciantes da Avenida Anhanguera temem que a via seja esvaziada com a pedestrianização do trecho de 700 metros localizado entre a Araguaia e Tocantins, no Centro de Goiânia. Prevista no projeto Centraliza, a proposta de restringir o trânsito de veículos particulares busca priorizar a circulação de pedestres, mas lojistas apontam que a região já não conta com grande fluxo de transeuntes, e que não há atrativos para eles. Por outro lado, especialistas apontam que a medida garante benefícios ao espaço, como a redução da poluição visual e sonora.

O projeto para requalificação do Centro prevê, entre outros pontos, a proibição do fluxo de carros, motocicletas, e outros veículos automotores particulares na Avenida Anhanguera. Para isso, a calçada seria ampliada, formando um 'calçadão', e o trânsito ficaria livre apenas para transporte coletivo, pedestres e ciclistas. Ao ser divulgado em outubro passado, o plano de pedestrianização englobava, ainda, partes das Ruas 6, 7, 8 e 9, e da 23, no entorno do Teatro Goiânia, e a Praça José Ximenes, no miolo da quadra entre a Rua 3, Avenida Araguaia e Avenida Anhanguera.

O jornal mostrou em abril que as iniciativas mais complexas do Centraliza --- como a pedestrianização -- teriam todo o trâmite burocrático e financeiro resolvido para que sejam iniciados em 2025, ou seja, na próxima gestão. Na ocasião, a reportagem informou que o projeto para priorizar o fluxo de pedestres na Avenida Anhanguera já estava pronto. Agora, a Secretaria Municipal de Finanças (Sefin), responsável pelo projeto de requalificação, diz que está fazendo modificações no projeto e não há previsão de quando será finalizado. Também não adianta quais serão as alterações.

Enquanto isso, comerciantes locais ouvidos pelo jornal relatam receio em perder mais clientes com a restrição do fluxo de veículos. A lojista Joana Darc da Costa, de 55 anos, que ocupa um ponto localizado entre outras lojas já fechadas, opina que a medida não funcionaria pela falta de transeuntes. "Pessoal não anda mais no Centro. Com a obra da Avenida Goiás (do BRT Norte-Sul) o movimento caiu demais. Agora que melhorou e o povo começou a circular. Mas se colocar esse projeto (pedestrianização), o Centro vai acabar."

Para ela, a redução no fluxo de transeuntes na via tem relação com a insegurança pública, principalmente ao anoitecer. Joana cita, a exemplo, o uso e venda de entorpecentes nas proximidades. Além disso, a falta de estacionamento próximo também afastaria os clientes. A opinião é compartilhada pelo ambulante Pedro Henrique Pereira, de 38. "Não faz sentido. Vão estacionar onde? Para subir a pé?", questiona. Ele concorda que medidas sejam tomadas para "atrair o povo ao Centro".

A lojista Maria Aparecida Alves, de 65 anos, trabalha há 24 na Avenida Anhanguera, e tem percebido nos últimos anos uma diminuição considerável no fluxo de pedestres. A queda na circulação de possíveis clientes, relata, está relacionada ao fechamento de outros comércios. O jornal contou ao menos 18 lojas fechadas no trecho previsto para ser pedestrianizado. "Vai perdendo o fluxo de clientes e de funcionários dessas lojas (que compravam nas outras). O Centro precisa, sim, de revitalização, mas não tirar o fluxo de carros. Tem motorista que passa, vê a loja e volta depois."

"O pessoal que está tentando se manter teria de fechar. Não tem nenhuma melhoria no Centro. O estacionamento é difícil, vem de carro e não tem como estacionar", acrescenta o lojista Altieres Fernandes, de 38 anos. Há oito, ele mantém uma sorveteria nas proximidades do cruzamento com a Avenida Tocantins e garante que o fluxo de transeuntes na região tem apresentado queda antes mesmo da pandemia, em 2020, mas que foi acentuada naquele ano. Por isso, opina, não há razão para priorizar o fluxo de pedestres.

Ao elaborar o projeto, o Paço identificou que há dificuldade para circulação de pessoas, ao mesmo tempo em que faltam estacionamentos. Por isso, além de propor que a Avenida Anhanguera seja pedestrianizada, com a priorização da circulação de pedestres, também quer criar incentivos fiscais aos estacionamentos privados, como isenção do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU), além de implementar novo conceito da Área Azul.

O jornal mostrou na última terça-feira (30) que o relatório sobre o projeto de lei que institui o Programa Centraliza foi finalizado com a inclusão de 14 emendas modificativas ao projeto. Dentre elas, sobre a pedestrianização, está a proibição de ambulantes com mesas e cadeiras sem a autorização do Comitê Gestor. Além disso, a atividade econômica nesse trecho seria feita em quiosques. O relatório foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara Municipal, mas ainda deve ser levado para votação no plenário e na Comissão de Finanças.

Favorável

Para o Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU-GO) e o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO), a proposta de priorizar o fluxo de pedestres na Avenida Anhanguera é benéfica à mobilidade no Centro da capital, mas aponta que é preciso que seja implementada em conjunto com as demais que integram o Centraliza para atrair o público para a região. "A prática existe em várias cidades do mundo e é sempre bem aceita", pontua o presidente do Crea-GO, Lamartine Moreira, citando São Paulo e Curitiba, além de Nova York, Paris e Madri.

Para Moreira, deve-se pensar em formas de privilegiar do transporte ativo, como pedestres e ciclistas, em detrimento dos veículos particulares, o que justificaria o projeto. "Não é possível priorizar sempre os veículos oferecendo a eles a rota mais curta. O Centraliza deve ter bons resultados, principalmente considerando que o projeto de lei prevê a criação de estruturas adequadas para os ambulantes, com sua instalação em quiosques projetados e construídos pelo poder público", expõe.

O conselheiro do CAU-GO David Finotti também reforça que a pedestrianização da avenida tem de estar atrelada à ampliação e incentivo ao uso de bicicletas e transporte coletivo, mas adianta a impressão positiva sobre a proposta. "O pedestre vai ter um caminhar mais fácil, já que não vai ter de ficar competindo com o veículo, que geralmente passa em uma velocidade considerável. E fica mais fácil ir de um comércio a outro, de uma ponta da rua a outra."

Finotti aponta ainda que a priorização de pedestres e ciclistas reduz a poluição sonora e visual. "E, com a arborização própria, o espaço se torna mais agradável de se estar." Ele acrescenta que o trânsito para veículos particulares não teria tanto impacto. "Hoje não existe mais isso de 'vou no Centro e quero parar na porta do comércio'. A pessoa de qualquer jeito vai parar algumas quadras de distância. Mas, agora, poderia caminhar de maneira mais fácil para ir ao comércio."

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Projeto social Beleza nas Ruas acontece neste domingo em Goiânia

A 5ª edição será realizada no Mercado Aberto da Avenida Paranaíba, das 8h30 às 11h30, e vai ofertar diversos serviços, além de doações para pessoas em situação de rua

Modificado em 19/09/2024, 01:12

Projeto social Beleza nas Ruas acontece neste domingo em Goiânia

(Divulgação)

No próximo domingo (3), acontece a 5ª edição do projeto social Beleza nas Ruas, das 8h30 às 11h30, no Mercado Aberto da Avenida Paranaíba, em Goiânia. O projeto, que acontece anualmente no primeiro domingo do mês de dezembro também em outras regiões do Brasil, tem por missão ajudar pessoas em situação de rua.

Além da entrega de alimentos e água, a ação vai oferecer produtos de higiene, roupas, calçados e também produtos para pets, pois haverá arrecadação e distribuição em abrigos de animais. Durante o evento também haverá um momento de comunhão e lazer, com estrutura para show ao vivo e karaokê.

''Toda e qualquer tipo de doação é importante. Recebemos aquilo que está proposto no coração das pessoas, inclusive tempo, carinho, afeto e amor. A cada ano temos visto mais pessoas envolvidas em prol da dignidade do próximo e isso é muito gratificante'', compartilha a empresária Karla Lima, idealizadora do projeto.

Para os interessados em contribuir com a ação e que desejam fazer suas doações, poderá fazê-lo presencialmente no dia do evento ou via drive-thru.

Segundo a organização, o que for arrecadado e não for usado no evento, será direcionado para distribuição na Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social e Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano e Social (SMDHS/SEDHS).

Serviço: 5ª edição do Beleza nas Ruas
Data: 03 de dezembro
Horário: das 8h30 às 11h30
Local: Mercado Aberto da Avenida Paranaíba, em Goiânia
Contato: @belezanasruasoficial / (62) 98149-0053 (Mozana Machado)

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Moradores reclamam de abandono do Castelinho no Lago das Rosas, em Goiânia

Localizado no Lago das Rosas, prédio construído no final da década de 1950 é considerado um bem histórico de Goiânia, mas descaso é antigo

Modificado em 19/09/2024, 01:18

Prédio entregue à degradação: lixo, urina e fezes não inibem a presença de usuários de drogas

Prédio entregue à degradação: lixo, urina e fezes não inibem a presença de usuários de drogas
 (Wildes Barbosa)

Com a aproximação dos 90 anos de Goiânia volta à tona um histórico questionamento que envolve um dos espaços mais icônicos da capital. Por qual razão o Castelinho, prédio construído no final da década de 1950, dentro do então Balneário Lago das Rosas, hoje parque, tem sido a maior parte de sua existência relegado ao abandono? A Associação dos Moradores e Frequentadores do Lago das Rosas (Alagro) tem percorrido gabinetes de autoridades pedido apoio para que o local seja transformado em espaço multiuso.

O Castelinho, desde seu surgimento, tornou-se ponto de encontro da juventude que realizava ali atos políticos e manifestações culturais. Foi a sede da União Goiana de Estudantes Secundaristas (Uges) de 1959 até 1964, quando o golpe militar provocou a dissolução da entidade. O poder público retomou o imóvel quatro anos depois, mas voltou às mãos da Uges em 1993. No início dos anos 2000 um bar funcionou no local, mas autoridades disseram que drogas eram comercializadas no local. A entidade, sem condições de fazer a manutenção e a vigilância, abandonou o local que foi invadido por pessoas em situação de rua.

Em 2010, os estudantes voltaram a ocupar o Castelinho, porém a Prefeitura de Goiânia conseguiu manter o prédio sob seu domínio. Naquele momento, a Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) tinha acabado de realizar uma reforma do espaço, com a parceria do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O Castelinho não é tombado pelo órgão, mas de sua área é possível observar dois monumentos em art déco que integram o conjunto de bens tombados de Goiânia, o trampolim do Lago das Rosas, e a mureta de proteção do parque, ambos construídos entre 1940 e 1942.

Ex-presidente da Uges, o historiador e professor Paulo Winicius Teixeira de Paula, o Maskote, considera o prédio um patrimônio histórico dos estudantes. "A prefeitura assumiu o espaço como seu, mas entendo que é totalmente equivocado". Maskote admite, entretanto, que o local está degradado e ninguém quer assumir a preservação do "patrimônio".

Sob a responsabilidade da administração municipal, o Castelinho continuou entregue ao abandono. O mau cheiro nas suas proximidades é nauseante. Lá dentro, muito lixo, urina e fezes, o que não impede que usuários de drogas e pessoas sem moradia façam dali um lugar para se recolher. Responsável pelo espaço, a Agência Municipal do Meio Ambiente, gestora dos parques de Goiânia, confirmou ao POPULAR que o prédio será recuperado e entregue à Secretaria Municipal de Cultura (Secult) que ficará responsável pelo desenvolvimento de atividades no espaço.

Superintendente de Gestão Ambiental e Licenciamento da Amma, Ormando Pires explica que a pasta vai assumir a revitalização do prédio, mas não tem finalidade para ele, por isso a Secult ficará responsável pelo local. Segundo Ormando, o Castelinho é um bem do Município e qualquer órgão pode assumi-lo, a exemplo da Vila Ambiental, no Parque Areião, onde várias atividades educativas são realizadas, tanto pela Amma quanto por outras pastas municipais e parceiros, como Ongs e Universidade Federal de Goiás (UFG).

O titular da Secult, Zander Fábio, não antecipou quais são os planos da pasta para o Castelinho. Em nota, ele informou que assim que receber o prédio da Amma, "vai cuidar da parte de projetos e ações culturais para o local". Ormando Pires enfatizou que a Amma vai "lavar, limpar e pintar as paredes para que o prédio fique com aspecto de uso", mas lembrou que "é preciso atividade diária" para evitar novas invasões.

Projeto da Alagro prevê um espaço multiuso

A notícia da "reforma" do Castelinho não agradou a Alagro. Sua presidente, a médica patologista Maria Helena Tavares Vilela, vem peregrinando gabinetes na tentativa de sensibilizar gestores e políticos para a importância de uma completa restauração do espaço. Nas visitas ela apresenta um projeto elaborado, sem custos, pelos arquitetos Marcílio Lemos e Fabiana Feldner, ambos moradores das imediações do Lago das Rosas, no qual são previstas não apenas a reforma de toda a área, mas troca de instalações elétrica e hidráulica, de piso, fechamento da varanda e do salão com esquadrias, construção de rampa acessível, reforma e abertura dos banheiros para a área externa, etc.

"A nossa ideia é transformar o Castelinho num espaço multiuso, que pode ser usado para aulas de yoga, meditação, ginástica e apresentações. Nada será descaracterizado. Temos de colocar na cabeça dos gestores que a população precisa de lugares para espairecer, para conversar, para se exercitar para que tenha menos doença física e mental. Isso é qualidade de vida. O Castelinho é rodeado de patrimônio histórico. É um cenário muito rico para ficar desse jeito, abandonado", afirma Maria Helena.

A Alagro chegou a pensar na possibilidade de assumir o espaço, mas desistiu por causa da burocracia. A Amma não se opôs e as partes chegaram a assinar um termo. "Achávamos que era só conseguir patrocinadores e conseguiríamos arrumar o Castelinho em um lugar de bom uso, só que a burocracia é muito grande e não teríamos condições de abarcar com vigilância 24 horas", explica a presidente da Alagro. A entidade desfez o acordo e apresentou mais tarde o projeto de restauração. "Se for feita somente uma limpeza e não fechar, o Castelinho vai continuar o mesmo antro de drogados e sem uso pela população", acredita Maria Helena.companhada do deputado estadual Mauro Rubem (PT), também morador da região, a presidente da Alagro apresentou o projeto ao superintendente regional do Iphan, Pedro Wilson; ao presidente da Amma, Luan Alves; ao titular da Secult, Zander Fábio e ao secretário de Governo da capital, Jovair Arantes. Em agosto, a Gerência de Projetos, Arquitetura e Engenharia Ambiental da Amma enviou ofício à Alagro em resposta ao pedido de reforma do Castelinho e informou que "acatando o projeto arquitetônico e modificações sugeridas pela Associação interessada, foi realizado o levantamento das frentes de serviços necessárias para tal reforma".

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