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Amma e Bombeiros resgatam filhote de pitbull que ficou dois dias em bueiro

Moradores da região que ouviram o choro do filhote e perceberam que ele estava dentra da galeria pluvial

Modificado em 28/09/2024, 23:53

Amma e Bombeiros resgatam filhote de pitbull que ficou dois dias em bueiro

A Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) e o Corpo de Bombeiros resgataram hoje, 23, no setor Vila Nova, um filhote canino da raça pitbull. O animal foi resgatado após solicitação de moradores da região que ouviram o choro do filhote e perceberam que ele estava dentro de um bueiro.

O gerente de Proteção e Manejo da Fauna Silvestre (GERPMF), Fabrício Vecci, relatou como foi o resgate. "Havia dois dias que o animal havia caído dentro da boca de lobo que existe em frente à residência do seu dono. Após o acionamento feito por uma moradora, tanto técnicos da Amma como dos bombeiros foram ao local com o material necessário para efetuar o resgate", explicou.

O animal foi parar na galeria pluvial e para, facilitar a ação, outro filhote foi colocado próximo ao bueiro destampado para chamar a atenção e fazer com cochorro bebê perdido encontrasse a saída. O animal se encontra bem e já foi devolvido ao dono

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Idosa que viralizou após dançar com bombeiro para se acalmar em ocorrência morre em casa

Segundo o soldado Stenio, como é conhecido no Corpo de Bombeiros, a idosa, carinhosamente chamada de ‘Dona Nazaré’, teve uma infecção nos rins

Vídeo mostra momento em que bombeiro dança com uma idosa, em Itaberaí

Vídeo mostra momento em que bombeiro dança com uma idosa, em Itaberaí (Divulgação/Corpo de Bombeiros)

Dia em que o soldado Stenio retornou à casa da idosa para entregar presentes para ela e visitá-la (Arquivo pessoal/Marco Stenio)

Dia em que o soldado Stenio retornou à casa da idosa para entregar presentes para ela e visitá-la (Arquivo pessoal/Marco Stenio)

A idosa que foi filmada dançando forró com o bombeiro militar Marco Stenio, de 24 anos, morreu em sua casa na cidade de Itaberaí, na região noroeste de Goiás. Segundo o soldado Stenio, como é conhecido no Corpo de Bombeiros, a idosa, carinhosamente chamada de 'Dona Nazaré', teve uma infecção nos rins.

Maria Nazaré Laurino, de 84 anos, morreu na manhã desta quarta-feira (9) e foi velada durante a tarde. Ao DAQUI, a sobrinha da idosa, Maria Amélia, contou que o sepultamento de Dona Nazaré será às 12h desta quinta-feira (10).

Ela recebeu alta da UTI no dia 8. Eu cheguei com ela a noite em casa, aí no dia 9 ela faleceu. Ela faleceu comigo trocando a fralda dela", contou.

O soldado contou ao DAQUI que estava em serviço ontem (9) na cidade e foi até o velório da idosa.

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Relembre o caso

undefined / Reprodução

No dia 28 de dezembro de 2024, a equipe do Corpo de Bombeiros de Itaberaí foi acionada pois a idosa estava muito nervosa e se recusava a conversar com qualquer pessoa. AO DAQUI, o soldado Stenio relatou que ao chegar na casa de Dona Nazaré ela se escondeu, mas o bombeiro tentou se aproximar dela, pediu licença e disse que gostaria de ouvi-la para entender o que estava acontecendo.

Durante essa tentativa de abordagem eu percebi que tinha uma caixinha de som perto dela e eu perguntei: 'a senhora gosta de música? Qual estilo a senhora gosta?' Então ela falou que gostava de forró", disse.

Naquele momento, Stenio contou que conseguiu convencê-la a dançar e que agiu com o coração para conduzir a situação de maneira sensível.

Eu disse pra ela: 'vamos dançar um forró, eu quero ver a senhora sorrir'. Eu consegui chegar mais próximo dela e ela começou a sorrir. Naquele momento eu ganhei meu dia. Pra mim, ser o sorriso de alguém é o meu maior presente", disse o bombeiro.

O vídeo dos dois dançando forró viralizou nas redes sociais (assista acima). Dias após o ocorrido, o soldado esteve na casa da idosa visitando-a para saber como Dona Nazaré estava e entregar flores que havia ganhado de um casal que pediu a ele que levasse até a idosa.

Vídeo mostra momento em que bombeiro dança com uma idosa, em Itaberaí (Divulgação/Corpo de Bombeiros)

Vídeo mostra momento em que bombeiro dança com uma idosa, em Itaberaí (Divulgação/Corpo de Bombeiros)

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Bombeiros resgatam cobra que ficou mais de 60 quilômetros dentro de motor de carro durante viagem; vídeo

Serpente da espécie caninana foi levada para área de preservação, segundo biólogo Hélder Lúcio

Modificado em 10/04/2025, 12:58

Cobra é encontrada em motor de carro em Anápolis (Divulgação/Corpo de Bombeiros)

Cobra é encontrada em motor de carro em Anápolis (Divulgação/Corpo de Bombeiros)

Uma cobra foi resgatada do motor de um carro na avenida Brasil Sul, no bairro Batista em Anápolis, na região central do estado. Segundo o Corpo de Bombeiros, o homem vinha da zona rural de Pirenópolis quando percebeu um problema no carro e levou até o mecânico, que encontrou a réptil.

Segundo a equipe, o motorista ao encontrar o animal acionou a corporação para retirá-la.

Eu estou aqui em Anápolis, vindo da Zona Rural de Pirenópolis. A minha caminhonete estava com problema, vim para uma oficina e assim que cheguei, vi que tem uma caninana (espécie de cobra) aqui no capuz. Precisava tirar ela pra não maltratar", diz o dono do carro

Um vídeo mostra a cobra se movimentado no motor do carro. Já em outra gravação, os bombeiros removem o animal e a colocam em um recipiente adequado para o transporte.

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Silvia Letícia, sargento do Corpo de Bombeiros de Anápolis, contou que foi difícil a retirada da serpente.

Eu que recebi a ligação e enviei para o local a viatura que conseguiu fazer a retirada. A serpente foi retirada do motor, mas foi uma luta, pois as cobras caninanas, são bem ligeiras e fortes também." disse

Por meio de nota, os bombeiros informaram que o resgate surpreendeu o motorista e a equipe, e que em seguida a cobra foi solta numa área de preservação.

O resgate surpreendeu tanto o motorista quanto os militares, destacando a importância de acionar profissionais em situações envolvendo animais silvestres. O animal, que não apresentava ferimentos, foi solto em uma área de preservação." disse

Cobra Caninana (Spilotes pullatus)

Hélder Lúcio Rodrigues, biólogo, explicou que a serpente pertence à espécie caninana.

É um bicho não peçonhento, não possui nenhum veneno. Se trata da Caninana (Spilotes pullatus). Apesar de não ser peçonhenta, a caninana pode se tornar agressiva quando se sente ameaçada. Quando se sente ameaçada por predadores, ela ergue a cabeça, achata a região do pescoço e expõe e movimenta a língua.", explica o professor.

O biólogo completou com uma lenda popularmente conhecida da espécie da cobra.

Existe uma lenda que a Caninana rouba o leite de mulheres que estão amamentando e para a criança não chorar ele coloca parte da sua cauda na boca da criança, mas répteis nunca se alimentam de leite. E as serpentes se alimentam de animais e não do leite deles, e ainda a anatomia bucal não permite que o animal consiga fazer sucção em mamíferos." disse

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Adolescente morre afogada em córrego de Aparecida de Goiânia

Segundo bombeiros, ela foi encontrada em poço natural a cerca de dois metros de profundidade. Irmã da vítima contou que foram ao local com mais dois colegas após suspensão de aulas

Modificado em 12/03/2025, 12:02

Equipes de resgate fizeram atendimento da menina, que não resistiu

Equipes de resgate fizeram atendimento da menina, que não resistiu (Divulgação/CBM-GO)

Uma adolescente de 12 anos morreu afogada no Córrego Santo Antônio, no Residencial Alvaluz, em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital, na tarde de terça-feira (11). Segundo o Corpo de Bombeiros Militar de Goiás (CBMGO), a vítima foi encontrada a cerca de dois metros de profundidade em um poço natural.

À polícia, a irmã de 15 anos da adolescente disse que elas tinham ido para um colégio na Vila Alzira, porém ao chegaram para estudarem foram informadas que não haveria aula. Assim, com mais dois colegas resolveram ir para o córrego para banharem, quando ocorreu a fatalidade.

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Secretaria Estadual de Educação de Goiás (Seduc) confirmou que a vítima era aluna da rede estadual de ensino, mas não respondeu qual é o protocolo sobre aviso de suspensão de aulas nos colégios. 

Uma equipe da Polícia Militar de Goiás (PM-GO) foi ao local e contou que funcionários de uma empresa, que fica próximo ao local, relataram que dois adolescentes chegaram pedindo socorro, pois a colega deles do colégio estava se afogando no córrego.

Segundo a testemunha, ele e um colega de trabalho foram até ao poço, pularam na água com intenção de salvar a adolescente, mas não conseguiram encontrá-la. Ela apenas foi localizada pelos bombeiros após buscas aquáticas.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, depois de ser retirada do poço, a vítima passou por reanimação cardiopulmonar por cerca de 20 minutos, "com o uso de equipamentos especializados e apoio das equipes presentes".

A equipe médica da Unidade de Suporte Avançado (USA) do Samu chegou ao local e continuou os procedimentos de ressuscitação por mais 20 minutos. No entanto, apesar dos esforços conjuntos, o óbito foi constatado pela equipe médica no local", registraram os bombeiros.

A PM ressaltou que durante a ocorrência, enquanto era aguardada a chegada da equipe do Instituto Médico Legal (IML), iniciou-se uma forte chuva e para evitar que a correnteza do córrego levasse o corpo da adolescente, foi preciso transportá-lo para um local seguro.

O POPULAR tentou contato com a direção do colégio, por telefone, mas a chamada não foi atendida.

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Vila Ambiental pula cercas do Areião

Criada em meio à requalificação da área verde nas nascentes do Córrego Areião, hoje a iniciativa de levar conhecimento sobre meio ambiente se expandiu para fora da unidade, mas carece de mais pessoal

Na entrada da Vila Ambiental, o ex-secretário de Meio Ambiente Walter Cardoso Sobrinho encontra a educadora ambiental Cida Magalhães

Na entrada da Vila Ambiental, o ex-secretário de Meio Ambiente Walter Cardoso Sobrinho encontra a educadora ambiental Cida Magalhães (Diomício Gomes / O Popular)

Ainda ignorado por boa parte da população goianiense mesmo após mais de duas décadas, um conjunto de casinhas cumpre discretamente seu papel em uma das áreas verdes mais conhecidas da capital, vizinha de prédios de alto padrão: é a Vila Ambiental, instalada no Parque Areião. Um projeto que se confunde com a história da requalificação daquela unidade e que busca formar cidadãos para uma tarefa cada vez mais complicada -- salvar o planeta por meio da educação.

Segundo estimativa do ano passado, da própria Prefeitura de Goiânia, a Vila Ambiental recebe em torno de 7 mil visitantes por ano. A estrutura foi idealizada para promover conhecimento sobre o meio ambiente e levar à maior conscientização, com foco prioritário em estudantes. Os equipamentos originais se mantêm: sede administrativa, casas temáticas, trilhas, bambuzais e o Anfiteatro Natural. Sem ônus, o local é muito requisitado por turmas de escolas, mas também presta serviço a outros grupos. "Se houver umas dez pessoas interessadas, vamos atender", diz a educadora Cida Magalhães, servidora da Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma).

Crianças de escola municipal participam de dinâmica com equipe de educadores no Anfiteatro Natural (Ana Cristina Ferreira / Amma)

Crianças de escola municipal participam de dinâmica com equipe de educadores no Anfiteatro Natural (Ana Cristina Ferreira / Amma)

Mais do que estrutura física, a Vila se faz por seus servidores -- os educadores ambientais da própria Amma, responsável pelos parques e reservas da cidade, e da Secretaria Municipal de Educação (SME), respectivamente sete e três profissionais. Cida é fascinada pela história do lugar em que trabalha e, numa primeira conversa, citou como uma boa referência sobre a Vila Ambiental o sociólogo Walter Cardoso Sobrinho, um dos idealizadores do projeto, concebido na gestão de Pedro Wilson (PT), na qual ele dirigiu a então Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma).

Contatado pela reportagem, Walter se dispôs a visitar o Parque Areião com a reportagem e reencontrar a Vila Ambiental. O espaço ficou registrado como uma das principais marcas daquele governo, criticado por não ter tido grandes obras, mas que, no início do século, relembra o ex-secretário, focou como poucos na educação. "Até por seu perfil, o prefeito Pedro Wilson centrou ações na educação, tanto formal como interdisciplinar, nas várias áreas. Foi também assim com a questão ambiental."

Embora não tenha a data exata, Walter diz que a estrutura da vila ficou pronta no final de 2003. "Foi tudo fruto de um amplo processo de discussão e reflexão, que tinha muito a ver com o fundamento daquela gestão", diz. Enquanto passeia pelo parque conversando com a equipe da Amma, ele conta que o planejamento da Vila Ambiental, bem como de toda a área, passou pelo filtro da preservação e do respeito à natureza. Isso se pode ver ainda hoje, por exemplo, no mobiliário que chama a atenção: muitas peças rústicas, que hoje são comuns na decoração de residências, restaurantes e outros estabelecimentos, mas que eram novidade à época.

Não só os móveis, mas também todas as placas indicativas da Vila Ambiental e outros itens foram feitos com o mesmo material. O autor das peças? O artesão pirenopolino Roque Pereira, pioneiros no uso do reaproveitamento de madeira. "Percorremos o município em busca de árvores mortas, galhos caídos ou quebrados. Depois, negociamos a cessão de uma marcenaria e contratamos 40 profissionais para ajudá-lo", lembra Walter. Assim Roque, que morreu em 2017, trabalhou assentos e mesas maciças, algumas com centenas de quilos. "Uma mesa assim não se acha hoje por menos de R$ 8 mil." Ao todo, foram exatos 848 itens, assegura o ex-secretário.

Muitos, infelizmente, se perderam com o tempo. Walter faz questão de dizer que o conceito sustentável do local se fez até mesmo no uso do dinheiro público. "Não saiu um centavo do erário para a obra da Vila Ambiental. Nada. Tudo fizemos por meio de acordos com empresas infratoras", diz. As autuações e multas se tornaram, pela intermediação do Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO), recursos para a execução das obras.

Juliano de Barros Araújo puxa na memória outros aspectos da atuação do MPGO na iniciativa. Titular da 15ª Promotoria de Justiça de Goiânia, especializada na Tutela do Meio Ambiente e Urbanismo, ele foi o responsável por sugerir o tombamento da Vila. "Havia uma preocupação da Prefeitura, naquele momento em que o projeto apenas começava, de que as gestões seguintes não dessem continuidade ao trabalho", explica o promotor. Hoje o MPGO atua no monitoramento dos planos de manejo e de visitação, visando a segurança sanitária e a prevenção de incêndios.

Ampliação

Se no início a ideia era concentrar a educação ambiental na Vila, com os anos isso mudou. Há "postos avançados" no Jardim Botânico e no Núcleo Socioambiental do Programa Urbano Ambiental Macambira-Anicuns (Puama), com dois educadores em cada, e atendimento a comunidades em parques perto das escolas. "Nossa janela de trabalho é a da educação não formal. Começamos a abrir o leque, saindo da Vila e colaborando em lugares não formais. Hoje, num plantio de mudas ou de um ecoponto, estamos presentes para orientar", diz o analista ambiental Pedro Baima, gerente de Formulação de Educação, Política e Pesquisas Ambientais da Amma.

O que falta hoje é pessoal, conforme admite a própria direção da agência (leia entrevista abaixo), que conta com 11 educadores lotados -- um fator limitante a expandir mais ainda o trabalho. Na Vila Ambiental inicial, havia cerca de 50 pessoas envolvidas, a maioria em de outras secretarias e cargos em comissão. As últimas gestões não destinaram comissionados para a tarefa -- o que não deixa de refletir certa falta de prioridade.

Aprendizado transversal em uma unidade com trabalho diferenciado

Servidor da Amma desde 2010, o biólogo antropólogo Pedro Baima nota a excepcionalidade do trabalho da Vila Ambiental. "Conheço muitas cidades e parques pelo País e posso dizer que não me recordo de algo ao menos parecido com o que temos em Goiânia para atender escolas e comunidades", diz. "Talvez possa ter semelhança com o que se vê em certas unidades federais, apenas."

Pedro Baima cita a educação não formal -- por meio do passeio dos visitantes pelas trilhas, do contato próximo e até palpável com as plantas, as nascentes e os animais -- como o grande diferencial. "Os alunos vão pela trilha problematizando o que observam, depois voltam à Vila com resíduos e sementes que coletaram para se aprofundar naquele universo", relata.

Mallu Mendonça e Admilson Costa, educadores da Amma, coordenam oficina de compostagem em baldes (Tiago Marques / Amma)

Mallu Mendonça e Admilson Costa, educadores da Amma, coordenam oficina de compostagem em baldes (Tiago Marques / Amma)

Nas casas, há coleções de sementes, que viram matrizes para novas mudas. "A ideia é mesmo tirar as crianças da rotina a que estão acostumadas e fazer uma real transversalidade dos conhecimentos", resume. O local promove ainda oficinas, como a de compostagem por meio do reaproveitamento de baldes, serve tanto a estudantes como a outros educadores que queiram replicá-las em outros espaços.

Areião tem desafios, mas se consolida como reserva

Se a Vila Ambiental sela a estruturação de fato do parque, a história do Areião como ativo verde é quase secular: confunde-se com a do planejamento da própria cidade. A ideia de tê-lo como reserva ambiental surge já no projeto de Attilio Corrêa Lima para Goiânia. E, como confirma o ex-secretário de Meio Ambiente Walter Cardoso Sobrinho, é de lá que desce a canalização a abastecer o Palácio das Esmeraldas e a estrutura administrativa nos primeiros tempos da capital.

Na sede da Vila Ambiental, o geógrafo e educador ambiental Tiago Marques apresenta uma manilha semelhante às encontradas no subsolo da Praça Cívica durante as obras do BRT Norte-Sul. O exemplar foi achado em uma erosão no parque. "Com muita probabilidade, é daquela tubulação original", diz.

Educador Tiago Marques mostra tijolo e manilha achados no parque (Wesley Costa / O Popular)

Educador Tiago Marques mostra tijolo e manilha achados no parque (Wesley Costa / O Popular)

Boa parte da reserva registrada no plano de Attilio foi tomada por construções públicas e privadas -- o parque seguia o curso do córrego e, com o surgimento da Rua 90, perdeu-se a parte a jusante da via, cerca de 160 mil metros quadrados (m²) da área. Hoje a unidade tem 240 mil m². Só a partir da década de 90 é que o poder público, já por meio da Prefeitura, tratou o Areião como o planejado. Houve a retirada de cerca de 20 famílias de descendentes de japoneses, alojadas em outras regiões após um acordo, e o quadrilátero limitado pelas avenidas Cel. Eugênio Jardim, Americano do Brasil, 90, Areião e Edmundo Pinheiro de Abreu deu forma ao parque.

Além da criação da Vila Ambiental na gestão de Pedro Wilson houve a restauração florestal do parque, acentua o ex-secretário. "Retiramos um campo de futebol e retomamos uma área que servia de estacionamento a uma igreja. Também compramos uma briga necessária com vizinhos ao cortar centenas de árvores", relembra Walter, enquanto passeia pelas trilhas do Areião. A notícia daquele "desmatamento" repercutiu negativamente e chegou à imprensa. "O corte foi preciso, porque eram espécimes de leucenas, que é exótica, invasora e dominante." Como reposição, foram introduzidas centenas de mudas nativas, a maioria do Cerrado: ipês, jatobás e muitas outras, entre elas também frutíferas.

Mas também há no parque espécies de outros biomas, como um grande jequitibá que Walter para para admirar. "É importante ressaltar algo que pouco se fala: Goiânia faz parte de um ecótono (região de biomas fronteiriços). Temos muito de Mata Atlântica aqui", explica. Assim, a área do Areião, bem como o Botafogo e todo o Jardim Botânico, são, segundo ele, reentrâncias do bioma no meio do Cerrado.

A vegetação local é habitat do macaco-prego, símbolo do parque. Quem caminha trilhas adentro tem a sensação de estar, por instantes, fora da cidade e em contato direto com a natureza. Porém, o ex-gestor alerta sobre as raízes expostas e erosões se formando nas trilhas. "É um processo de lixiviação (lavagem do solo) pelas águas das chuvas, precisa ser contido", constata.

No meio da trilha no parque, uma erosão crescente: força das águas pluviais deixa marcas na unidade (Diomício Gomes / O Popular)

No meio da trilha no parque, uma erosão crescente: força das águas pluviais deixa marcas na unidade (Diomício Gomes / O Popular)

Incêndio

Em 2017, o parque sofreu um grande incêndio que parou a Vila Ambiental: o anfiteatro natural foi destruído e as atividades cessaram. Com a reinauguração em 2020, as casas temáticas, cada qual com uma atividade educativa, foram para entidades parceiras, como a Universidade Federal de Goiás, o grupo escoteiro Arara Azul, a Polícia Militar Ambiental, a Guarda Civil Metropolitana e a organização não governamental Naia Autismo.

**Entrevista / Zilma Peixoto

Presidente da Agência Municipal de Meio Ambiente (Amma)**

Zilma Peixoto, presidente da Amma (Divulgação / Amma)

Zilma Peixoto, presidente da Amma (Divulgação / Amma)

'Queremos que a Vila seja referência no País'

A Vila Ambiental, dentro do proposto no projeto original -- por exemplo, com as casas temáticas destinadas às crianças e ocupadas por elas --, já está de certo modo ultrapassada, em sua visão?
A educação ambiental é um tema atual e cada vez mais urgente. A concepção inicial da Vila Ambiental realmente foi de fazer casas temáticas, mas hoje o projeto já foi modernizado e o que temos atualmente são casas organizadas com parceiros, como a UFG, escoteiros, GCM e outros. Temos muitos planos e projetos para tornar a Vila Ambiental uma referência em educação ambiental para o nosso País.
Uma das constatações é de que houve redução de profissionais diretamente envolvidos. Quando a Vila Ambiental foi criada, eram cerca de 50 no projeto; hoje, a informação e de que seriam 15. É um mau sinal?
Não tínhamos 50 educadores da Amma na Vila, mas, sim, 50 na Amma, mas que abrangiam também os da Secretaria Municipal de Educação. Hoje, temos esses educadores distribuídos em nossas unidades, como no Zoológico, na Vila Ambiental, no Núcleo Socioambiental. A ideia é que tenhamos uma maior distribuição, para que os educadores estejam ainda mais próximos da população. A realidade com que a atual gestão recebeu a Prefeitura já é de conhecimento público e nosso objetivo é que, assim que a situação se regularizar, a gente aumente nosso quadro de profissionais.
O prefeito Sandro Mabel (UB) disse que vai tratar de um programa mais amplo de limpeza da cidade, a partir da educação ambiental nas escolas. Como a Amma se insere nisso?
Toda a educação ambiental não formal é de responsabilidade da Amma. Nesse sentido, temos em andamento importantes projetos, como as trilhas ecológicas, as orientações presenciais sobre fauna e flora em diferentes setores de Goiânia, entre outros. Além disso, temos parceria com a Secretaria Municipal de Educação (SME) e, por meio do Projeto Goiânia Cidade Limpa, estamos levando a educação ambiental para nossas crianças.
Em um sentido mais amplo, como a sra. vê o tema do meio ambiente em relação às prioridades do município de Goiânia? Não era para ter um lugar mais prioritário, em meio ao cenário de mudanças climáticas?
O prefeito Sandro Mabel tem priorizado o meio ambiente, oferecendo total apoio à Amma. Alguns exemplos dessa priorização são o empenho que o prefeito tem realizado para que tenhamos o descarte de resíduos nos locais corretos; a tolerância zero para as infrações ambientais; e a adoção de força-tarefa para a limpeza da nossa cidade, como parte das ações dos Mutirões dos Cem Dias.