Alerta: Se 12 por 8 agora é considerado pressão arterial elevada, o que isso pode representar para sua saúde?
As novas diretrizes de saúde redefinem o que é considerado pressão alta, incluindo 12 por 8 como elevado. Entenda o impacto dessas mudanças e como se prevenir
Renato Queiroz
16 de dezembro de 2024 às 06:39
Modificado em 16/12/2024, 06:39

Ao saber das novas diretrizes da Sociedade Europeia de Cardiologia sobre hipertensão, a cabeleireira Andreia Rosa de Oliveira, 47 anos, não perde a oportunidade de brincar: "Se 12 por 8 agora é considerada pressão alta, com 14 por 9 a pessoa deve estar morrendo". Com histórico familiar de hipertensão, ela conta que se preocupa em adotar hábitos saudáveis para prevenir o problema que afeta milhões de brasileiros.
🔔 Siga o canal de O POPULAR no WhatsApp
Após dois anos longe da academia, por orientação médica, Andreia retomou a prática regular de atividades físicas e passou a controlar melhor a alimentação. "O objetivo é realmente evitar um problema que é silencioso", explica. A hipertensão, que é caracterizada pela elevação persistente da pressão arterial, é diagnosticada quando os valores ultrapassam os 140/90 mmHg (ou "14 por 9"). Durante muito tempo, a pressão de 120/80 mmHg era considerada normal, mas as novas diretrizes mudaram esse conceito.
Agora elas classificam a pressão arterial em três categorias: não elevada (abaixo de 120/70 mmHg), elevada (entre 120/70 mmHg e 139/89 mmHg) e hipertensão (acima de 140/90 mmHg). "A nova classificação vai incluir diagnósticos mais precoces de hipertensão, aumentando a precisão no tratamento e influenciando a alocação de recursos para campanhas de conscientização e programas preventivos", avalia o cardiologista Arthur Pipolo, membro titular da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista.
Leia Também
As diretrizes foram apresentadas no fim de agosto durante o Congresso Europeu de Cardiologia, em Londres, no Reino Unido. Sobre as complicações associadas a níveis de pressão arterial levemente elevados, como 12 por 8, Arthur destaca os riscos de eventos cardiovasculares, como enfarte, insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral (AVC), além de lesões nos rins que podem levar à insuficiência renal. Os novos parâmetros de pressão arterial elevada reconhecem que a transição de uma pressão normal para hipertensão ocorre de forma gradual, e não repentina.
Quanto mais cedo o paciente é alertado sobre a pressão arterial elevada, mais eficazes podem ser as intervenções para prevenir o desenvolvimento de hipertensão grave. Nesse estágio, é fundamental que o médico implemente e cobre mudanças no estilo de vida, como a adoção de uma alimentação saudável, a prática regular de atividades físicas, o controle do estresse e a moderação no consumo de substâncias como sal, álcool e tabaco.
Fase de atualização no Brasil
A cardiologista Fabíola Siqueira, da Unimed Goiânia, explica que as novas diretrizes europeias para a classificação da pressão arterial ainda não foram adotadas no Brasil. No país, segue em vigor a Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial da Sociedade Brasileira de Cardiologia, que está em fase de atualização. Ela destaca que, embora as recomendações europeias sirvam como alerta para mudanças de hábitos, no Brasil o foco permanece em intensificar a prevenção, combatendo os fatores de risco com mais rigor.
A médica tranquiliza a população, afirmando que não há necessidade de mudanças imediatas nos postos de saúde e hospitais. A principal mensagem das novas diretrizes é alertar tanto a classe médica quanto os pacientes sobre a importância de adotar um estilo de vida mais saudável, incluindo uma alimentação equilibrada, a prática de exercícios, o combate ao tabagismo e o controle de condições como diabetes e colesterol elevado.
"A redução do consumo de sal e evitar alimentos industrializados são fundamentais", ensina. No Brasil, os valores diagnósticos de hipertensão arterial permanecem os mesmos, ou seja, 140/90 mmHg ou mais. A médica sugere que a "pressão elevada" da diretriz europeia poderia ser mais apropriadamente chamada de "pré-hipertensão", pois esses pacientes têm maior risco de complicações cardiovasculares no futuro.

Cardiologista Fabíola Siqueira: “A redução do consumo de sal e evitar alimentos industrializados são fundamentais”
Confira as mundanças nas classificações
A nova classificação da Sociedade Europeia de Cardiologia simplifica e altera as faixas para facilitar a interpretação e a identificação de riscos.
Classificação anterior
Ótimo: Abaixo de 120/80 mmHg
Normal : Entre 120/80 e 129/84 mmHg
Pré-hipertensão: Entre 130/85 e 139/89 mmHg
Hipertensão Estágio 1: Entre 140/90 e 159/99 mmHg
Hipertensão Estágio 2: Entre 160/100 e 179/109 mmHg
Hipertensão Estágio 3: Acima de 180/110 mmHg
Nova Classificação
Pressão Arterial Não Elevada: Abaixo de 120/70 mmHg (popular "12 por 7")
Pressão Arterial Elevada: Entre 120/70 mmHg e 139/89 mmHg (de 12 por 7 a "quase" 14 por 9)
Hipertensão Arterial: Acima de 140/90 mmHg (acima de 14 por 9)
Como evitar a hipertensão
Adotar uma alimentação saudável
Reduzir o consumo de sal, alimentos industrializados e processados.
Incluir mais frutas, legumes e grãos integrais na dieta.
Praticar exercícios regularmente
Realizar atividades físicas moderadas, como caminhadas, ao menos 30 minutos, cinco vezes por semana.
Controlar o peso corporal
Manter o peso dentro dos limites recomendados para a altura e idade.
A obesidade aumenta o risco de hipertensão.
Evitar o consumo excessivo de álcool
Limitar o consumo de bebidas alcoólicas, seguindo as orientações de saúde.
Não fumar
O tabagismo eleva a pressão arterial e danifica os vasos sanguíneos.
Abandonar o hábito reduz significativamente o risco de hipertensão.
Gerenciar o estresse
Técnicas de relaxamento, como meditação, ioga e respiração profunda, ajudam a controlar os níveis de estresse e, consequentemente, a pressão arterial.
Controlar o diabetes e colesterol
Manter esses fatores sob controle é fundamental, pois níveis elevados de glicose e colesterol podem contribuir para o aumento da pressão arterial.
Monitorar regularmente a pressão
Realizar medições frequentes da pressão arterial para identificar precocemente qualquer elevação e iniciar intervenções mais rápidas.