Agentes cumprem 19 mandados de prisão temporária e 80 mandados de busca e apreensão. Investigação aponta que grupo comprava droga em áreas de fronteira e era organizado em núcleos
Uma operação policial mirou um grupo suspeito de tráfico interestadual de drogas e lavagem de dinheiro. Segundo a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), na manhã desta sexta-feira (28), foram cumpridos 19 mandados de prisão temporária e 80 de busca e apreensão em Goiás e mais cinco estados (Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Rio Grande do Norte e Alagoas).
Como os nomes dos investigados não foram divulgados, o DAQUI não localizou a defesa deles até a última atualização desta reportagem.
As medidas judiciais estão sendo cumpridas em Goiás nas cidades de Goiânia, Aparecida de Goiânia, Anápolis, Luziânia, Formosa e Águas Lindas. Também foram determinados o sequestro judicial de 17 veículos e sete imóveis, incluindo uma residência luxuosa em condomínio fechado em Goiás. Dezenas de contas bancárias foram bloqueadas, incluindo as de uma fintech sediada em São Paulo, que chegou a movimentar cerca de R$ 300 milhões em apenas três meses.
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A PCDF afirma que o grupo comprava as drogas em áreas de fronteira e as distribuía no Distrito Federal e em outras unidades da federação. As investigações, que duraram cerca de um ano e meio, apontam que o grupo possuía uma estrutura altamente sofisticada e organizada, dividida em núcleos que operavam de forma coordenada no Distrito Federal e em diversos estados.
De acordo com a PCDF, o grupo adquiria drogas em áreas fronteiriças, garantia o transporte seguro dos entorpecentes e distribuía as drogas no Distrito Federal e em outros estados, além de realizar complexas operações de lavagem financeira.
Operação Chiusura
As investigações que originaram a Operação Chiusura duraram cerca de um ano e meio. A PCDF aponta que o "núcleo" do grupo sediado em Goiás foi identificado após integrantes da organização criminosa vinculados ao núcleo do Distrito Federal terem sido presos em fases anteriores da investigação que resultaram na apreensão de expressivas quantidades de maconha e cocaína.
Segundo a polícia, as lideranças locais do grupo utilizavam, de forma reiterada e estruturada, contas bancárias pertencentes a duas pessoas jurídicas distintas como meio de dissimular e movimentar os valores provenientes do tráfico de entorpecentes. Tais empresas são sediadas no município de Trindade, na Região Metropolitana de Goiânia, sendo uma delas registrada no ramo de transporte de cargas e a outra no comércio de peças automotivas.
Detalhe que a empresa de autopeças foi criada com o uso de documentação falsa, o que segundo a PCDF reforça o caráter fraudulento da estrutura empresarial montada para conferir aparência de legalidade à lavagem de capitais
As investigações apontam que essas empresas estão sob administração de integrantes do chamado "Núcleo Goiás" e trata-se de um núcleo familiar, composto por um casal e o filho do marido. Eles seriam os responsáveis pela circulação de valores milionários vinculados às atividades ilícitas da organização criminosa.
As investigações identificaram, ainda, que o filho do marido que integra a organização criminosa, mesmo com apenas 19 anos à época, foi nomeado para o cargo de assessor parlamentar de gabinete na Câmara Municipal de Goiânia por meio da Portaria nº 1.493, de 04 de dezembro de 2023. Ao DAQUI, a Câmara informou estar se inteirando dos acontecimentos e que se posicionará o mais breve possível.
De acordo com a Polícia Civil, caso condenados, os investigados estarão sujeitos ao cumprimento de penas que podem ultrapassar 30 anos de reclusão, pela prática dos crimes de integração em organização criminosa, tráfico interestadual de drogas e lavagem de dinheiro praticada de forma reiterada e estruturada, por meio de engrenagem criminosa voltada à ocultação de ativos ilícitos.