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Nova operação na Secretaria de Saúde de Goiânia investiga desvio de R$ 10 milhões

Cinco mandados de prisão são cumpridos contra servidores do alto escalão, segundo a Polícia Civil

Polícia cumpre 17 mandados de busca e apreensão em operação que investiga desvios na SMS de Goiânia

Polícia cumpre 17 mandados de busca e apreensão em operação que investiga desvios na SMS de Goiânia (Reprodução/Polícia Civil)

Uma nova operação da Polícia Civil investiga desvio de aproximadamente R$ 10 milhões da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia. Cinco mandados de prisão e 17 de busca e apreensão são cumpridos nesta terça-feira (17). Segundo a polícia, entre os alvos dos mandados de prisão temporária estão o ex-Secretário Municipal de Saúde de Goiânia,Wilson Pollara , o ex-Secretário Executivo de Saúde, Quesede Ayres Henrique.

Pollara e Quesede já haviam sido presos em uma outra operação ocorrida no dia 27 de novembro, que investigava desvios na SMS. Eles deixaram a prisão há dez dias.

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Ao ser procurada pela reportagem a defesa de Pollara informou que "se manifestará oportunamente nos autos, tão logo tenha acesso à integra do processo". O POPULAR também procurou a defesa de Quesede, mas não obteve retorno até a última atualização deste texto.

Por meio de nota, a SMS de Goiânia informou que "cumprirá com todas as determinações judiciais e colabora com o fornecimento de informações e documentos necessários para garantir que todos os procedimentos sejam devidamente esclarecidos". A prefeitura também disse estar contribuindo com as investigações e que "caberá ao interventor adotar todas as medidas administrativas cabíveis conforme o andamento das investigações" (veja ambas as notas ao final do texto).

Nesta segunda etapa são alvos de mandados de prisão: Marcus Vinícius Brasil Lourenço, o Presidente da Associação Privada sem fins lucrativos União Mais Saúde, Wander de Almeida Lourenço Filho, o procurador dessa associação privada, e Veriddany Abrantes de Pina, sócia-administradora da empresa de fornecimento de materiais hospitalares.

O POPULAR não conseguiu localizar a defesa dos suspeitos até a última atualização deste texto.

Além deles, são alvos de busca e apreensão: Letícia Maria Isaac Carneiro, Diretora de Políticas Públicas Municipais de Saúde, Erika Cristina Vieira Oliveira Ximenes, Superintendente de Regulação, Avaliação e Controle da Secretaria Municipal de Saúde, Diogo Archanjo Fleury de Souza, Chefe da Advocacia Setorial da Secretaria Municipal de Saúde, Caroline de Castro Daud, Vice-Presidente da União Mais Saúde, Fabrício Brasil Lourenço, Conselheiro Administrativo da União Mais Saúde, Lucas Luiz de Lima Silva, Eden Gomes Rodrigues e Juliana Menara de Souza Marques, Conselheiros Científicos da Associação Privada. Mandados de buscas ainda estão sendo cumpridos nas sedes da Associação União Mais Saúde, da empresa de fornecimento de materiais hospitalares Mult Hosp Soluções Hospitalares, e na Secretaria Municipal de Saúde no Paço Municipal.

A reportagem entrou em contato com a empresa Mult Hosp Soluções Hospitalares LTDA, e Associação Privada sem fins lucrativos União Mais Saúde, para um posicionamento, por e-mail, mas até a última atualização deste texto, não obteve resposta.

Todos os alvos desta operação, segundo a Polícia Civil, são investigados por participar de um esquema de desvio de recursos públicos da área da saúde de Goiânia. A suspeita é de fraude em convênio celebrado entre a Secretaria Municipal de Saúde e uma empresa responsável pela prestação de serviços nessa área.

Como foi feito o desvio

Um documento da que O POPULAR teve acesso revela que, no dia 19 de julho, Quesede, que exercia o cargo de Secretário Municipal de Saúde de forma interina, recebeu uma solicitação do presidente da associação privada União Mais Saúde, para a celebração de um convênio e a liberação de R$ 10 milhões. Na sequência, Quesede teria impulsionado o processo administrativo de forma totalmente irregular, "sem publicidade, cotação de preços, exigência de atestado de capacidade técnica ou observância das orientações expedidas pela Procuradoria-Geral do Município para regularização deste instrumento contratual", detalhou a polícia.

No dia 25 de julho, apenas seis dias após ter iniciado o processo administrativo de contratação, Quesede teria ordenado e emitido uma nota de pagamento no valor de R$ 10 milhões para a associação.

Em um segundo momento, no dia 16 de agosto, Wilson Pollara, então Secretário Municipal de Saúde, após reassumir o cargo em razão da revogação de uma medida cautelar que o havia afastado, assinou o termo de Convênio, também sem seguir as recomendações técnicas exigidas pela Procuradoria do Município quanto a regularização do instrumento contratual.

A investigação ainda aponta que, três dias depois, Pollara teria ordenado o pagamento antecipado do valor de R$ 5 milhões à associação privada, conquanto tenha sido fixado que o convênio teria o prazo de vigência de 12 (doze) meses, tendo nesse mesmo dia (19 de agosto) a Secretaria Municipal de Saúde transferido o valor para a conta da associação privada.

A polícia ainda afirma que, em seguida, o restante do valor também foi repassado à associação privada por ordem de Pollara, sendo mais de R$ 3,2 milhões no dia 20 de agosto, e mais R$ 1,7 milhões dois dias depois, totalizando R$ 10 milhões, "em uma celeridade sem precedentes, sem a contraprestação de qualquer serviço pela associação privada conveniada", destacou o documento da Polícia Civil.

Em um outro momento, a investigação revelou indícios de que o presidente da associação União Mais Saúde, após receber os R$ 10 milhões, de forma antecipada, teria desviado mais de R$ 6,4 milhões para a conta da empresa Mult Hosp Soluções Hospitalares LTDA, supostamente fornecedora de materiais hospitalares, registrada em nome de Veriddany. Ela que, segundo a investigação Polícia Civil, teria se apropriado de R$ 2,6 milhões, por meio de transferências para uma conta bancária de mesma titularidade da associação União Mais Saúde, todavia, diferente daquela criada para a movimentação dos recursos do convênio celebrado com a SMS de Goiânia, bem como teria desviado R$ 875 mil em favor de seu irmão, Wander de Almeida Lourenço Filho, que, conforme a polícia, seria o procurador da União Mais Saúde.

Ainda conforme o documento, em um quarto e último momento, Veriddany, que recebeu mais de R$ 6,4 milhões da associação União Mais Saúde, "teria transferido parte desses valores para sua conta pessoal e iniciado uma sequência de transferência de saques de valores em espécie que ultrapassaram um milhão de reais, cujo destino final ainda resta-se ignorado, havendo, todavia, indícios de que parte desses valores possam ter retornado aos demais investigados", destaca o documento.

Operação Comorbidade: Pollara e Quesede são presos

No dia 27 de novembro, no âmbito da Operação Comorbidade, o ex-secretário municipal de Saúde de Goiânia, Wilson Pollara, o ex-secretário executivo da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Quesede Ayres Henrique, e o ex-diretor financeiro da pasta e do Fundo Municipal de Saúde, Bruno Vianna Primo, foram presos em um investigação que investigava desvio de recursos e irregularidades em pagamentos da SMS.

À época, o débito milionário da SMS com a Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc) foi o protagonista da operação. A investigação do Ministério Público de Goiás aponta que os três teriam atuado em um esquema para desviar recursos públicos em benefício deles próprios e de terceiros por meio de ingerência na gestão financeira da fundação.

Inicialmente, Pollara, Quesede e Bruno ficariam presos até 1º de dezembro. Entretanto, após a Justiça acatar um pedido do MP-GO , a prisão temporária foi estendida por mais cinco dias e eles foram liberados no último dia 7 de dezembro.

Colaborou: Tariq Augusto e Gabriela Macêdo

Notas

Secretaria Municipal de Saúde (SMS)

"A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) esclarece que cumprirá com todas as determinações judiciais e colabora com o fornecimento de informações e documentos necessários para garantir que todos os procedimentos sejam devidamente esclarecidos, reforçando a integridade do serviço público.

Secretaria Municipal de Saúde (SMS)"

Prefeitura de Goiânia

"A Prefeitura de Goiânia informa que está colaborando com as investigações da Polícia Civil de Goiás no âmbito da operação Speedy Cash.

A administração municipal destaca compromisso com a transparência e a lisura na gestão pública, assegurando que todas as informações e documentos solicitados serão e estão sendo fornecidos para esclarecer os fatos.

Caberá ao interventor adotar todas as medidas administrativas cabíveis conforme o andamento das investigações.

Prefeitura de Goiânia"

Defesa Pollara

"A defesa se manifestará oportunamente nos autos, tão logo tenha acesso à integra do processo. Att. Márcio M. Cunha"

Geral

Operação prende suspeitos de furtar R$ 1,5 milhão em defensivos agrícolas de fazenda em Aruanã

Força-tarefa entre Polícia Civil e Polícia Militar foi realizada para localizar os suspeitos, que foram presos

Defensivos Agrícolas estavam em galpão, em Goiânia

Defensivos Agrícolas estavam em galpão, em Goiânia (Divulgação/Polícia Civil)

Uma operação da Polícia Civil (PC) em conjunto com a Polícia Militar (PM) prendeu quatro suspeitos de furtar R$ 1,5 milhão em defensivos agrícolas de uma fazenda em Aruanã, no noroeste goiano. As investigações começaram com o Batalhão Rural da Polícia Militar, que teve contato com a ocorrência e, a partir disso, se iniciou uma força-tarefa para localizar e identificar os suspeitos.

Como o nome dos suspeitos não foi divulgado, O DAQUI não conseguiu localizar a defesa deles até a última atualização desta reportagem.

Segundo o delegado Eric Meneses, a partir das investigações foi possível identificar os veículos usados no furto e abordar os suspeitos.

"Um deles confessou e indicou outro [suspeito] e o galpão onde estavam os defensivos agrícolas. As equipes foram até o local e lá encontraram os defensivos deste e de outros furtos", afirmou.

Sobre os quatro presos, a PC detalhou que um deles foi identificado como líder. De acordo com o delegado, o respectivo suspeito é especializado neste tipo de furto e estava foragido da Justiça do Rio Grande do Sul, onde já havia sido condenado. Por esse motivo, segundo o investigador, o homem usava nome falso para não ser preso. A Polícia Civil cumpriu o mandado de prisão pelos crimes que ele praticou no Rio Grande do Sul e ele teve a prisão convertida para preventiva em Goiás.

Com relação a forma de agir dos suspeitos, Eric Meneses afirmou que eles têm uma maneira estruturada de atuar e que contam também com um destino fora de Goiás. "Eles identificam o local e fazem o furto. Tem a divisão de tarefas entre os integrantes, como por exemplo, quem vai transportar e quem vai ser responsável pelo local de armazenamento. Depois, há o destino final que é próximo a Goiás", explicou o delegado.

O investigador detalhou que os suspeitos vão responder, inicialmente, pelos crimes de receptação qualificada, crime ambiental e uso de documento falso.

(Colaborou Nielton Soares)

Geral

Tinta contra dengue está parada em depósito

23,6 mil litros de produto inseticida estão parados no almoxarifado da pasta. Secretaria promete fiscalizar aplicação e eficácia do produto

Latas de tinta de combate ao mosquito <FI10>Aedes aegypti estão no almoxarifado da Secretaria Municipal de Saúde, na Vila João Vaz: pasta diz que vai avaliar eficácia do produto

Latas de tinta de combate ao mosquito <FI10>Aedes aegypti estão no almoxarifado da Secretaria Municipal de Saúde, na Vila João Vaz: pasta diz que vai avaliar eficácia do produto (Márcio Leijoto)

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia tem 23,6 mil litros de tinta inseticida, comprada para combater o mosquito da dengue, parados no almoxarifado da pasta. Em abril de 2024, a secretaria adquiriu 48 mil litros do produto por R$ 21,3 milhões, mas só metade do produto foi utilizada até o final do ano passado. A nova gestão da SMS afirma que aguarda a empresa responsável enviar um cronograma de aplicação do produto para assegurar a utilização de todo o estoque antes da data de vencimento, entre novembro e dezembro de 2025, e que o uso da tinta será supervisionado pela pasta para avaliação técnica da eficácia do produto.

A aquisição da tinta foi publicada na edição do Diário Oficial do Município (DOM) do dia 12 de abril de 2024. Na época, a SMS era comandada pelo médico Wilson Pollara. Foram adquiridas 12 mil latas por R$ 21,3 milhões da empresa Saúde Mais, de Brasília. Cada lata custou R$ 1,7 mil. De acordo com o portal da transparência da Prefeitura de Goiânia, os pagamentos ocorreram em junho (R$ 5,3 milhões) e julho (R$ 15,9 milhões) do ano passado. A SMS explicou que, além do fornecimento da tinta, a aplicação do produto também é de responsabilidade da empresa.

De acordo com a SMS, de abril a dezembro de 2024, a Saúde Mais solicitou e retirou no almoxarifado da pasta 24,3 mil litros da tinta que, conforme relatório de execução apresentado pela empresa à gestão anterior, foram utilizados para pintura de paredes e muros de 101 unidades de saúde na capital, totalizando 145,8 mil metros de área com aplicação do produto.

Produto

Em nota, a atual gestão da SMS afirmou que a aquisição do produto foi feita pela administração anterior "com a alegação de que o produto auxilia no controle de vetores". Especialistas consultados pela reportagem preferiram não comentar sobre a eficácia do produto por não conhecê-lo, mas disseram que é importante que o poder público tenha certeza da eficácia científica de um produto antes de adquiri-lo.

Em março de 2024, uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) definiu que tintas e vernizes para uso imobiliário que tenham ação saneante deverão ter registro na agência. A medida vale para produtos formulados com substâncias de ação antimicrobiana ou desinfetante (inseticida/repelente). Além de definir os critérios para a comprovação da eficácia dos produtos e como solicitar o registro, a norma traz as regras para rotulagem, embalagens e venda desses produtos.

Conforme a Resolução-RE nº 3.370, de 12 de setembro de 2024, a Carbapaint 10 (leia mais ao lado), tinta inseticida adquirida pela SMS em 2024, teve o registro como produto saneante indeferido pela Anvisa. A reportagem questionou a agência sobre a situação atual do registro do produto da empresa Inesfly Brasil, de Brasília, mas ainda não obteve resposta. A reportagem procurou, por meio de ligação telefônica, a Inesfly Brasil, para comentar sobre a eficácia e o registro do produto, e a Saúde Mais, para falar sobre a aplicação da tinta, mas não obteve sucesso. O espaço segue aberto.

Emergência

Diante do cenário epidemiológico da dengue em Goiânia, o governo federal reconheceu situação de emergência em saúde pública, causada pela epidemia de doenças infecciosas virais transmitidas pelo Aedes aegypti. Com isso, a capital terá prioridade em recursos e assistência do Ministério da Saúde. O estado de emergência na saúde municipal foi decretado em 2 de janeiro, logo após a posse do prefeito Sandro Mabel (UB).

De acordo com o Painel de Monitoramento das Arboviroses da Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO), a capital já registrou 1,6 mil casos notificados e possui quatro mortes em investigação. Goiás já registrou uma morte por dengue no Estado em 2025. O caso ocorreu em Heitoraí, no Centro goiano. Outras seis mortes, incluindo as quatro de Goiânia, estão em investigação.

A dengue tem sido um ponto de alerta porque o sorotipo 3 da doença voltou a circular em Goiás depois de anos com predominância dos sorotipos 1 e 2. "Já foi identificado esse sorotipo 3 em três cidades: Anápolis, Goiatuba e Rio Verde", alertou o governador Ronaldo Caiado (UB) no dia 17 de janeiro, ocasião em que repassou orientações aos municípios goianos relacionadas à prevenção de doenças em decorrência das enchentes. O período do ano com maior transmissão da doença ocorre nos meses mais chuvosos porque o mosquito que é o vetor da doença, o Aedes aegypti, se reproduz na água parada.

Geral

Ex-presidente da Goinfra é preso em operação contra fraude milionária em contrato, diz polícia

Lucas Vissoto foi preso no âmbito da operação "Obra Simulada", que investiga uma fraude milionária em contrato da Goinfra com uma empresa privada do Distrito Federal referente à manutenção de prédios públicos

Modificado em 28/01/2025, 13:55

Ex-presidente da Goinfra Lucas Vissoto foi preso em operação da Polícia Civil

Ex-presidente da Goinfra Lucas Vissoto foi preso em operação da Polícia Civil (Cristiano Borges)

O ex-presidente da Agência Goiana de Infraestrutura e Transporte (Goinfra) Lucas Vissoto foi preso pela Polícia Civil (PC) nesta terça-feira (28), no âmbito da operação "Obra Simulada", segundo informou a própria PC. A Polícia Civil investiga uma fraude milionária em contrato da Goinfra com uma empresa privada do Distrito Federal referente à manutenção de prédios públicos nos anos de 2023 e 2024. Ao todo, são cumpridos 15 mandados de prisão temporária em Goiânia, Anápolis e Distrito Federal. Até às 8h desta manhã, além do ex-presidente, outras sete pessoas foram presas.

O DAQUI não conseguiu contato com a defesa de Lucas Vissoto até a última atualização desta reportagem.

Segundo apurado pela repórter Fabiana Pulcineli, os nomes dos alvos da operação são:

  1. José Francisco Alves Pereira
  2. Marcus Emmanoel Chaves Vieira
  3. Luiz Romildo de Mello
  4. Francisco Roni da Rosa
  5. Cíntia Marta Ataides Vieira
  6. Rosana Crisóstomo Ribeiro
  7. Weslley Crisóstomo Nogueira da Silva
  8. Marcus Emmanoel Chaves Vieira Junior
  9. Francisco Roni da Rosa Junior
  10. Lucas Alberto Vissoto Júnior
  11. Adriano Mendes Ribeiro
  12. Thiago Carim Bucker
  13. Gabriel Tertuliano
  14. Vitor Angrisani Berquó Ramalhão
  15. Thayana Torres Avelar Nasser da Veiga

O DAQUI não conseguiu localizar as defesas dos investigados até a última atualização desta reportagem.

Em nota, o Governo de Goiás afirmou que as suspeitas de irregularidades foram levantadas pelo próprio Governo do Estado, por meio de seus sistemas internos de controle, e devidamente comunicadas às autoridades policiais para as providências necessárias. " O Governo de Goiás colaborou e seguirá colaborando ativamente com as investigações, de forma que os fatos sejam devidamente apurados e, uma vez comprovadas as irregularidades, todos os envolvidos sejam punidos com rigor", diz um trecho do comunicado (leia íntegra ao final da reportagem) .

Segundo a Polícia Civil, o ex-presidente da Goinfra vai responder pelos crimes de associação criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção passiva, corrupção ativa, peculato e fraudes em licitações e contratos administrativos. A PC informou que não vai detalhar qual a participação dele na fraude que é investigada para preservar as demais investigações que estão sendo realizadas, inclusive no Distrito Federal.

Conforme mostrou a reportagem, Lucas Alberto Vissoto Júnior foi exonerado do cargo de Presidente da Goinfra em decreto do governador Ronaldo Caiado no mês de abril de 2024. A saída, registrada como "a pedido", ocorreu após cancelamentos de licitação e de contrato, diante de suspeitas de irregularidades e sobrepreço, conforme também revelou a reportagem.

Operação

Segundo a Polícia Civil, são apurados diversos crimes na formalização e execução de um contrato administrativo celebrado entre a Goinfra e uma empresa privada sediada no Distrito Federal no valor de R$ 27,8 milhões. As irregularidades chegaram ao conhecimento da polícia por meio de relatórios técnicos e inspeções realizadas pela Gerência da Secretaria Estadual de Infraestrutura (Seinfra), pela Controladoria Geral do Estado (CGE) e pela Gerência Estratégica da PC na Seinfra.

Os prejuízos causados inicialmente aos cofres públicos, referentes aos pagamentos indevidos, estão estimados em R$ 10,4 milhões, mas não incluem, entretanto, o valor que o Estado ainda terá para reconstruir as estruturas que foram demolidas e não reerguidas pela empresa contratada.

A PC detalhou que ficou evidenciado que a empresa contratada obteve diversos pagamentos irregulares antecipados, sem que as obras ou serviços fossem suficientemente realizados para que os pagamentos fossem justificados. Há, ainda, fortes indícios de superfaturamentos nas intervenções.

Como o nome da empresa contratada não foi divulgado, a reportagem não conseguiu localizar a defesa dela até a última atualização deste texto.

Investigações

As investigações apontaram que o respectivo contrato foi completamente descaracterizado, uma vez que, apesar de inicialmente ter sido firmado para a realização de simples serviços de reforma e manutenção predial, acabou se transmudando, indevidamente, em contrato de obras e serviços de engenharia, o que possibilitou a grande elevação dos preços do contrato por aditivos realizados posteriormente.

A PC apurou que, durante a execução do contrato, houve casos de demolições totais de estruturas, apenas para justificar a emissão de notas fiscais e possibilitar pagamentos indevidos à contratada, ocorrendo fraudes em procedimentos de medições e em "atestes" das notas ideologicamente falsas emitidas pela empresa, mediante a participação de ex-membros da Diretoria de Gestão Integrada da Goinfra, gestores e fiscais do contrato.

A Polícia Civil revelou que outra pretensão contratual da Goinfra, no valor de R$ 271,8 milhões, gerida pelos mesmos investigados que integravam a referida diretoria da Estatal, e que foi suspensa pelo TCE em abril de 2024, também está sendo alvo de operação, já que a análise do Tribunal evidenciou um sobrepreço de mais de R$ 62 milhões.

Conforme a investigação, há, ainda, fortes evidências de lavagem de dinheiro, uma vez que o fluxo financeiro, irregularmente obtido pelos pagamentos antecipados à empresa contratada, convergia para outras empresas sediadas no Distrito Federal, todas ligadas a familiares e amigos de um sócio oculto da empresa contratada. Além disso, há o registro de diversos saques realizados diretamente na "boca do caixa", logo depois dos pagamentos irregulares feitos pela Goinfra.

A PC apurou que a empresa contratada já havia sido alvo de apuração no estado do Tocantins, onde o Tribunal de Contas Estadual evidenciou dano aos cofres públicos decorrente de superfaturamento, sobrepreço e inexecução contratual de obras públicas. A mesma empresa é alvo de diversos processos no Distrito Federal.

Nota do Governo de Goiás

"Em relação à Operação Obra Simulada, deflagrada pela Polícia Civil de Goiás (PCGO) nesta terça-feira (28/1), o Governo de Goiás esclarece que:

- Conforme divulgado pela PCGO, as suspeitas de irregularidades foram levantadas pelo próprio Governo de Goiás, por meio de seus sistemas internos de controle, e devidamente comunicadas às autoridades policiais para as providências necessárias.

- A atual gestão estadual tem como premissa tolerância zero com qualquer desvio de conduta no trato do dinheiro público. A gestão não 'passa pano' para ninguém e não há possibilidade de segunda chance.

- O Governo de Goiás colaborou e seguirá colaborando ativamente com as investigações, de forma que os fatos sejam devidamente apurados e, uma vez comprovadas as irregularidades, todos os envolvidos sejam punidos com rigor.

Secretaria de Comunicação -- Governo de Goiás"

Geral

Operação prende suspeitos de fraude milionária em contrato na Goinfra para manutenção de prédios públicos

Polícia Civil cumpre 114 mandados judiciais, sendo 15 de prisão temporária

Modificado em 28/01/2025, 17:18

undefined / Reprodução

A operação "Obra Simulada", deflagrada pela Polícia Civil (PC) na manhã desta terça-feira (28), investiga uma fraude em contrato na Agência Goiana de Infraestrutura e Transporte (Goinfra) referente à manutenção de prédios públicos. A estimativa é que o prejuízo aos cofres públicos ultrapasse R$ 10 milhões. A PC cumpre, ao todo, 114 mandados judiciais em Goiânia, Anápolis e no Distrito Federal (DF), sendo 15 de prisão temporária. Até as 8h, oito pessoas foram presas.

Entre os presos, está o ex-presidente da Goinfra Lucas Vissoto . O DAQUI não conseguiu contato com a defesa de Lucas Vissoto até a última atualização desta reportagem.

Segundo apurado pela repórter Fabiana Pulcineli, os nomes dos alvos da operação são:

  1. José Francisco Alves Pereira
  2. Marcus Emmanoel Chaves Vieira
  3. Luiz Romildo de Mello
  4. Francisco Roni da Rosa
  5. Cíntia Marta Ataides Vieira
  6. Rosana Crisóstomo Ribeiro
  7. Weslley Crisóstomo Nogueira da Silva
  8. Marcus Emmanoel Chaves Vieira Junior
  9. Francisco Roni da Rosa Junior
  10. Lucas Alberto Vissoto Júnior
  11. Adriano Mendes Ribeiro
  12. Thiago Carim Bucker
  13. Gabriel Tertuliano
  14. Vitor Angrisani Berquó Ramalhão
  15. Thayana Torres Avelar Nasser da Veiga

Em nota, a defesa do Marcus Emmnoel Chaves Vieira disse que "aguarda autorização para ter acesso pleno aos documentos da investigação e ressaltou acreditar no Poder Judiciário, a fim de se garantir o direito à ampla defesa e ao contraditório".

O Daqui não conseguiu localizar as defesas dos outros investigados até a última atualização desta reportagem.

Em nota, o Governo de Goiás afirmou que as suspeitas de irregularidades foram levantadas pelo próprio Governo do Estado, por meio de seus sistemas internos de controle, e devidamente comunicadas às autoridades policiais para as providências necessárias. " O Governo de Goiás colaborou e seguirá colaborando ativamente com as investigações, de forma que os fatos sejam devidamente apurados e, uma vez comprovadas as irregularidades, todos os envolvidos sejam punidos com rigor", diz um trecho do comunicado (leia íntegra ao final da reportagem) .

Segundo a Polícia Civil, são apurados diversos crimes na formalização e execução de um contrato administrativo celebrado entre a Goinfra e uma empresa privada sediada no Distrito Federal nos anos de 2023 e 2024, no valor de R$ 27,8 milhões. As irregularidades chegaram ao conhecimento da polícia por meio de relatórios técnicos e inspeções realizadas pela Gerência da Secretaria Estadual de Infraestrutura (Seinfra), pela Controladoria Geral do Estado (CGE) e pela Gerência Estratégica da PC na Seinfra.

A PC detalhou que ficou evidenciado que a empresa contratada obteve diversos pagamentos irregulares antecipados, sem que as obras ou serviços fossem suficientemente realizados para que os pagamentos fossem justificados. Há, ainda, fortes indícios de superfaturamentos nas intervenções.

Como o nome da empresa contratada não foi divulgado, O DAQUI não conseguiu localizar a defesa dela até a última atualização desta reportagem.

Investigações

As investigações apontaram que o respectivo contrato foi completamente alterado, uma vez que, apesar de inicialmente ter sido firmado para a realização de simples serviços de reforma e manutenção predial, acabou se transformando, indevidamente, em contrato de obras e serviços de engenharia, o que possibilitou a elevação dos preços do contrato por aditivos realizados posteriormente.

A PC apurou que, durante a execução do contrato, houve casos de demolições totais de estruturas, apenas para justificar a emissão de notas fiscais e possibilitar pagamentos indevidos à contratada, ocorrendo fraudes em procedimentos de medições e em "atestes" das notas ideologicamente falsas emitidas pela empresa, mediante a participação de ex-membros da Diretoria de Gestão Integrada da Goinfra, gestores e fiscais do contrato.

A Polícia Civil revelou que outra pretensão contratual da Goinfra, no valor de R$ 271,8 milhões, gerida pelos mesmos investigados que integravam a referida diretoria da Estatal, e que foi suspensa pelo TCE em abril de 2024, também está sendo alvo de operação, já que a análise do Tribunal evidenciou um sobrepreço de mais de R$ 62 milhões.

Conforme a investigação, há, ainda, fortes evidências de lavagem de dinheiro, uma vez que o fluxo financeiro, irregularmente obtido pelos pagamentos antecipados à empresa contratada, convergia para outras empresas sediadas no Distrito Federal, todas ligadas a familiares e amigos de um sócio oculto da empresa contratada. Além disso, há o registro de diversos saques realizados diretamente na "boca do caixa", logo depois dos pagamentos irregulares feitos pela Goinfra.

A PC apurou que a empresa contratada já havia sido alvo de apuração no estado do Tocantins, onde o Tribunal de Contas Estadual evidenciou dano aos cofres públicos decorrente de superfaturamento, sobrepreço e inexecução contratual de obras públicas. A mesma empresa é alvo de diversos processos no Distrito Federal.

Sede da Goinfra, órgão localizado no Conjunto Caiçara, em Goiânia. (Divulgação/Goinfra)

Sede da Goinfra, órgão localizado no Conjunto Caiçara, em Goiânia. (Divulgação/Goinfra)

Mandados

Além dos 15 mandados de prisão, estão sendo cumpridos 32 mandados de afastamentos de sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático; 26 ordens de bloqueios de bens e valores; sete de proibição de frequência a determinados lugares - sede da Goinfra; dez determinações de proibição de contratar com o poder público - empresas envolvidas e 24 mandados de busca e apreensão.

Os investigados responderão na justiça pelos crimes de associação criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção passiva, corrupção ativa, peculato e fraudes em licitações e contratos administrativos.

Nota do Governo de Goiás

"Em relação à Operação Obra Simulada, deflagrada pela Polícia Civil de Goiás (PCGO) nesta terça-feira (28/1), o Governo de Goiás esclarece que:

- Conforme divulgado pela PCGO, as suspeitas de irregularidades foram levantadas pelo próprio Governo de Goiás, por meio de seus sistemas internos de controle, e devidamente comunicadas às autoridades policiais para as providências necessárias.

- A atual gestão estadual tem como premissa tolerância zero com qualquer desvio de conduta no trato do dinheiro público. A gestão não 'passa pano' para ninguém e não há possibilidade de segunda chance.

- O Governo de Goiás colaborou e seguirá colaborando ativamente com as investigações, de forma que os fatos sejam devidamente apurados e, uma vez comprovadas as irregularidades, todos os envolvidos sejam punidos com rigor.

Secretaria de Comunicação -- Governo de Goiás"