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Tinta contra dengue está parada em depósito

23,6 mil litros de produto inseticida estão parados no almoxarifado da pasta. Secretaria promete fiscalizar aplicação e eficácia do produto

Latas de tinta de combate ao mosquito <FI10>Aedes aegypti estão no almoxarifado da Secretaria Municipal de Saúde, na Vila João Vaz: pasta diz que vai avaliar eficácia do produto

Latas de tinta de combate ao mosquito <FI10>Aedes aegypti estão no almoxarifado da Secretaria Municipal de Saúde, na Vila João Vaz: pasta diz que vai avaliar eficácia do produto (Márcio Leijoto)

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia tem 23,6 mil litros de tinta inseticida, comprada para combater o mosquito da dengue, parados no almoxarifado da pasta. Em abril de 2024, a secretaria adquiriu 48 mil litros do produto por R$ 21,3 milhões, mas só metade do produto foi utilizada até o final do ano passado. A nova gestão da SMS afirma que aguarda a empresa responsável enviar um cronograma de aplicação do produto para assegurar a utilização de todo o estoque antes da data de vencimento, entre novembro e dezembro de 2025, e que o uso da tinta será supervisionado pela pasta para avaliação técnica da eficácia do produto.

A aquisição da tinta foi publicada na edição do Diário Oficial do Município (DOM) do dia 12 de abril de 2024. Na época, a SMS era comandada pelo médico Wilson Pollara. Foram adquiridas 12 mil latas por R$ 21,3 milhões da empresa Saúde Mais, de Brasília. Cada lata custou R$ 1,7 mil. De acordo com o portal da transparência da Prefeitura de Goiânia, os pagamentos ocorreram em junho (R$ 5,3 milhões) e julho (R$ 15,9 milhões) do ano passado. A SMS explicou que, além do fornecimento da tinta, a aplicação do produto também é de responsabilidade da empresa.

De acordo com a SMS, de abril a dezembro de 2024, a Saúde Mais solicitou e retirou no almoxarifado da pasta 24,3 mil litros da tinta que, conforme relatório de execução apresentado pela empresa à gestão anterior, foram utilizados para pintura de paredes e muros de 101 unidades de saúde na capital, totalizando 145,8 mil metros de área com aplicação do produto.

Produto

Em nota, a atual gestão da SMS afirmou que a aquisição do produto foi feita pela administração anterior "com a alegação de que o produto auxilia no controle de vetores". Especialistas consultados pela reportagem preferiram não comentar sobre a eficácia do produto por não conhecê-lo, mas disseram que é importante que o poder público tenha certeza da eficácia científica de um produto antes de adquiri-lo.

Em março de 2024, uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) definiu que tintas e vernizes para uso imobiliário que tenham ação saneante deverão ter registro na agência. A medida vale para produtos formulados com substâncias de ação antimicrobiana ou desinfetante (inseticida/repelente). Além de definir os critérios para a comprovação da eficácia dos produtos e como solicitar o registro, a norma traz as regras para rotulagem, embalagens e venda desses produtos.

Conforme a Resolução-RE nº 3.370, de 12 de setembro de 2024, a Carbapaint 10 (leia mais ao lado), tinta inseticida adquirida pela SMS em 2024, teve o registro como produto saneante indeferido pela Anvisa. A reportagem questionou a agência sobre a situação atual do registro do produto da empresa Inesfly Brasil, de Brasília, mas ainda não obteve resposta. A reportagem procurou, por meio de ligação telefônica, a Inesfly Brasil, para comentar sobre a eficácia e o registro do produto, e a Saúde Mais, para falar sobre a aplicação da tinta, mas não obteve sucesso. O espaço segue aberto.

Emergência

Diante do cenário epidemiológico da dengue em Goiânia, o governo federal reconheceu situação de emergência em saúde pública, causada pela epidemia de doenças infecciosas virais transmitidas pelo Aedes aegypti. Com isso, a capital terá prioridade em recursos e assistência do Ministério da Saúde. O estado de emergência na saúde municipal foi decretado em 2 de janeiro, logo após a posse do prefeito Sandro Mabel (UB).

De acordo com o Painel de Monitoramento das Arboviroses da Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO), a capital já registrou 1,6 mil casos notificados e possui quatro mortes em investigação. Goiás já registrou uma morte por dengue no Estado em 2025. O caso ocorreu em Heitoraí, no Centro goiano. Outras seis mortes, incluindo as quatro de Goiânia, estão em investigação.

A dengue tem sido um ponto de alerta porque o sorotipo 3 da doença voltou a circular em Goiás depois de anos com predominância dos sorotipos 1 e 2. "Já foi identificado esse sorotipo 3 em três cidades: Anápolis, Goiatuba e Rio Verde", alertou o governador Ronaldo Caiado (UB) no dia 17 de janeiro, ocasião em que repassou orientações aos municípios goianos relacionadas à prevenção de doenças em decorrência das enchentes. O período do ano com maior transmissão da doença ocorre nos meses mais chuvosos porque o mosquito que é o vetor da doença, o Aedes aegypti, se reproduz na água parada.

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Nova operação na Secretaria de Saúde de Goiânia investiga desvio de R$ 10 milhões

Cinco mandados de prisão são cumpridos contra servidores do alto escalão, segundo a Polícia Civil

Polícia cumpre 17 mandados de busca e apreensão em operação que investiga desvios na SMS de Goiânia

Polícia cumpre 17 mandados de busca e apreensão em operação que investiga desvios na SMS de Goiânia (Reprodução/Polícia Civil)

Uma nova operação da Polícia Civil investiga desvio de aproximadamente R$ 10 milhões da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia. Cinco mandados de prisão e 17 de busca e apreensão são cumpridos nesta terça-feira (17). Segundo a polícia, entre os alvos dos mandados de prisão temporária estão o ex-Secretário Municipal de Saúde de Goiânia,Wilson Pollara , o ex-Secretário Executivo de Saúde, Quesede Ayres Henrique.

Pollara e Quesede já haviam sido presos em uma outra operação ocorrida no dia 27 de novembro, que investigava desvios na SMS. Eles deixaram a prisão há dez dias.

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Ao ser procurada pela reportagem a defesa de Pollara informou que "se manifestará oportunamente nos autos, tão logo tenha acesso à integra do processo". O POPULAR também procurou a defesa de Quesede, mas não obteve retorno até a última atualização deste texto.

Por meio de nota, a SMS de Goiânia informou que "cumprirá com todas as determinações judiciais e colabora com o fornecimento de informações e documentos necessários para garantir que todos os procedimentos sejam devidamente esclarecidos". A prefeitura também disse estar contribuindo com as investigações e que "caberá ao interventor adotar todas as medidas administrativas cabíveis conforme o andamento das investigações" (veja ambas as notas ao final do texto).

Nesta segunda etapa são alvos de mandados de prisão: Marcus Vinícius Brasil Lourenço, o Presidente da Associação Privada sem fins lucrativos União Mais Saúde, Wander de Almeida Lourenço Filho, o procurador dessa associação privada, e Veriddany Abrantes de Pina, sócia-administradora da empresa de fornecimento de materiais hospitalares.

O POPULAR não conseguiu localizar a defesa dos suspeitos até a última atualização deste texto.

Além deles, são alvos de busca e apreensão: Letícia Maria Isaac Carneiro, Diretora de Políticas Públicas Municipais de Saúde, Erika Cristina Vieira Oliveira Ximenes, Superintendente de Regulação, Avaliação e Controle da Secretaria Municipal de Saúde, Diogo Archanjo Fleury de Souza, Chefe da Advocacia Setorial da Secretaria Municipal de Saúde, Caroline de Castro Daud, Vice-Presidente da União Mais Saúde, Fabrício Brasil Lourenço, Conselheiro Administrativo da União Mais Saúde, Lucas Luiz de Lima Silva, Eden Gomes Rodrigues e Juliana Menara de Souza Marques, Conselheiros Científicos da Associação Privada. Mandados de buscas ainda estão sendo cumpridos nas sedes da Associação União Mais Saúde, da empresa de fornecimento de materiais hospitalares Mult Hosp Soluções Hospitalares, e na Secretaria Municipal de Saúde no Paço Municipal.

A reportagem entrou em contato com a empresa Mult Hosp Soluções Hospitalares LTDA, e Associação Privada sem fins lucrativos União Mais Saúde, para um posicionamento, por e-mail, mas até a última atualização deste texto, não obteve resposta.

Todos os alvos desta operação, segundo a Polícia Civil, são investigados por participar de um esquema de desvio de recursos públicos da área da saúde de Goiânia. A suspeita é de fraude em convênio celebrado entre a Secretaria Municipal de Saúde e uma empresa responsável pela prestação de serviços nessa área.

Como foi feito o desvio

Um documento da que O POPULAR teve acesso revela que, no dia 19 de julho, Quesede, que exercia o cargo de Secretário Municipal de Saúde de forma interina, recebeu uma solicitação do presidente da associação privada União Mais Saúde, para a celebração de um convênio e a liberação de R$ 10 milhões. Na sequência, Quesede teria impulsionado o processo administrativo de forma totalmente irregular, "sem publicidade, cotação de preços, exigência de atestado de capacidade técnica ou observância das orientações expedidas pela Procuradoria-Geral do Município para regularização deste instrumento contratual", detalhou a polícia.

No dia 25 de julho, apenas seis dias após ter iniciado o processo administrativo de contratação, Quesede teria ordenado e emitido uma nota de pagamento no valor de R$ 10 milhões para a associação.

Em um segundo momento, no dia 16 de agosto, Wilson Pollara, então Secretário Municipal de Saúde, após reassumir o cargo em razão da revogação de uma medida cautelar que o havia afastado, assinou o termo de Convênio, também sem seguir as recomendações técnicas exigidas pela Procuradoria do Município quanto a regularização do instrumento contratual.

A investigação ainda aponta que, três dias depois, Pollara teria ordenado o pagamento antecipado do valor de R$ 5 milhões à associação privada, conquanto tenha sido fixado que o convênio teria o prazo de vigência de 12 (doze) meses, tendo nesse mesmo dia (19 de agosto) a Secretaria Municipal de Saúde transferido o valor para a conta da associação privada.

A polícia ainda afirma que, em seguida, o restante do valor também foi repassado à associação privada por ordem de Pollara, sendo mais de R$ 3,2 milhões no dia 20 de agosto, e mais R$ 1,7 milhões dois dias depois, totalizando R$ 10 milhões, "em uma celeridade sem precedentes, sem a contraprestação de qualquer serviço pela associação privada conveniada", destacou o documento da Polícia Civil.

Em um outro momento, a investigação revelou indícios de que o presidente da associação União Mais Saúde, após receber os R$ 10 milhões, de forma antecipada, teria desviado mais de R$ 6,4 milhões para a conta da empresa Mult Hosp Soluções Hospitalares LTDA, supostamente fornecedora de materiais hospitalares, registrada em nome de Veriddany. Ela que, segundo a investigação Polícia Civil, teria se apropriado de R$ 2,6 milhões, por meio de transferências para uma conta bancária de mesma titularidade da associação União Mais Saúde, todavia, diferente daquela criada para a movimentação dos recursos do convênio celebrado com a SMS de Goiânia, bem como teria desviado R$ 875 mil em favor de seu irmão, Wander de Almeida Lourenço Filho, que, conforme a polícia, seria o procurador da União Mais Saúde.

Ainda conforme o documento, em um quarto e último momento, Veriddany, que recebeu mais de R$ 6,4 milhões da associação União Mais Saúde, "teria transferido parte desses valores para sua conta pessoal e iniciado uma sequência de transferência de saques de valores em espécie que ultrapassaram um milhão de reais, cujo destino final ainda resta-se ignorado, havendo, todavia, indícios de que parte desses valores possam ter retornado aos demais investigados", destaca o documento.

Operação Comorbidade: Pollara e Quesede são presos

No dia 27 de novembro, no âmbito da Operação Comorbidade, o ex-secretário municipal de Saúde de Goiânia, Wilson Pollara, o ex-secretário executivo da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Quesede Ayres Henrique, e o ex-diretor financeiro da pasta e do Fundo Municipal de Saúde, Bruno Vianna Primo, foram presos em um investigação que investigava desvio de recursos e irregularidades em pagamentos da SMS.

À época, o débito milionário da SMS com a Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc) foi o protagonista da operação. A investigação do Ministério Público de Goiás aponta que os três teriam atuado em um esquema para desviar recursos públicos em benefício deles próprios e de terceiros por meio de ingerência na gestão financeira da fundação.

Inicialmente, Pollara, Quesede e Bruno ficariam presos até 1º de dezembro. Entretanto, após a Justiça acatar um pedido do MP-GO , a prisão temporária foi estendida por mais cinco dias e eles foram liberados no último dia 7 de dezembro.

Colaborou: Tariq Augusto e Gabriela Macêdo

Notas

Secretaria Municipal de Saúde (SMS)

"A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) esclarece que cumprirá com todas as determinações judiciais e colabora com o fornecimento de informações e documentos necessários para garantir que todos os procedimentos sejam devidamente esclarecidos, reforçando a integridade do serviço público.

Secretaria Municipal de Saúde (SMS)"

Prefeitura de Goiânia

"A Prefeitura de Goiânia informa que está colaborando com as investigações da Polícia Civil de Goiás no âmbito da operação Speedy Cash.

A administração municipal destaca compromisso com a transparência e a lisura na gestão pública, assegurando que todas as informações e documentos solicitados serão e estão sendo fornecidos para esclarecer os fatos.

Caberá ao interventor adotar todas as medidas administrativas cabíveis conforme o andamento das investigações.

Prefeitura de Goiânia"

Defesa Pollara

"A defesa se manifestará oportunamente nos autos, tão logo tenha acesso à integra do processo. Att. Márcio M. Cunha"

Geral

Ex-secretário de Saúde de Goiânia deixa hospital e volta para a cadeia

Wilson Pollara estava detido desde 27 de novembro na Casa do Albergado, quando teve uma crise cardíaca. Expectativa é que ele seja ouvido pelo MP-GO até esta sexta-feira, quando vence o prazo da prisão temporária

Wilson Pollara foi levado para hospital no domingo após passar mal na Casa do Albergado

Wilson Pollara foi levado para hospital no domingo após passar mal na Casa do Albergado (Diomício Gomes / O Popular)

O ex-titular da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia, Wilson Pollara, teve alta na manhã desta quinta-feira (5) do Hospital Ruy Azeredo, onde estava internado desde a noite de domingo (1º) após uma crise cardíaca, e voltou para a Casa do Albergado, no Jardim Europa, onde estava preso desde 27 de novembro, após operação do Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO). A informação é da defesa do ex-secretário.

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Contra Wilson há um mandado de prisão temporária que foi prorrogado no último final de semana e vence nesta sexta-feira (6). A expectativa é que enquanto vigorar a prisão ele seja ouvido pelos promotores que investigam um suposto esquema de ingerência junto à entidade que administra as maternidades municipais e de favorecimento no repasse de verbas para fornecedores e prestadores de serviço contratados por esta entidade, em desacordo com a legislação.

A defesa do ex-secretário diz que Wilson segue preso por "perseguição política e de assassinato de reputação" e usa como fato uma mudança na postura do MP-GO na terça-feira (3) em relação à revogação da prisão temporária. Primeiro, os promotores se mostraram favoráveis ao pedido da defesa, alegando que como Wilson precisaria ficar internado até o dia 5 não se fazia necessário o mandado. Depois, alegaram que a prisão vencia no dia 6, então havia tempo para Wilson ser ouvido.

Em nota à imprensa, a defesa diz que causou "grande estranheza" a mudança de postura do MP-GO. "O primeiro parecer possui quatro páginas e larga fundamentação. Já o segundo, bastante sucinto, possui somente duas páginas. É de se questionar como a MP muda de entendimento tão rapidamente, em questão de minutos, no que se refere à situação de Pollara."

A defesa criticou a decisão dos promotores de pedir a uma junta médica independente para avaliar se a precariedade da saúde de Wilson era real ou uma fraude. Para o Thiago Peres, advogado do ex-secretário, essa postura somada ao que ele chama de "insistência em manter a prisão temporária", apesar das medidas cautelares já adotadas, "colocam em xeque a isenção do MP-GO".

Ao tentar tirar Wilson da cadeia, a defesa aponta uma série de problemas de saúde do ex-secretário, incluindo a suspeita de um câncer no rim, diabetes tipo II, crise de pânico, ansiedade, além dos problemas cardíacos que o levaram ao hospital. Em um novo pedido de habeas corpus, a defesa diz que o investigado, que tem 75 anos, sofre "iminente risco de morte".

Além de temer pela vida de Pollara, que é um idoso de 75 anos e encontra-se com a saúde bastante debilitada, a defesa também se mostra receosa quanto à imparcialidade e à atuação técnica do Ministério Público de Goiás (MP-GO)", afirmou o advogado Thiago Peres na petição, cuja liminar já foi negada pelo Judiciário.

Thiago também afirma que irá recorrer à corregedoria e ao Conselho Nacional do MP-GO contra as ações dos promotores. "O abuso e a desproporcionalidade das ações do MP demonstram que a presente operação tem como objetivo a perseguição política e o assassinato de reputação dos investigados."

Procurado pelo POPULAR para comentar as falas da defesa de Wilson e se iriam pedir nova prorrogação da prisão temporária, o MP-GO informou apenas que avalia a necessidade ou não de requerer ao Judiciário a conversão da prisão em preventiva.

Ao pedir a prorrogação da prisão até esta sexta-feira, o MP-GO havia alegado que não teve tempo para analisar tudo que foi apreendido durante a Operação Comorbidade, a mesma na qual Wilson foi preso junto com o então secretário executivo da SMS Goiânia, Quesede Ayres Henrique, e o diretor financeiro da pasta, Bruno Vianna Primo.

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Prefeitura de Goiânia lança Corujão de Ultrassonografia

O objetivo do programa é zerar em quatro meses a fila de espera de 120 mil pacientes que aguardam por um exame

Modificado em 19/09/2024, 01:23

O secretário municipal de Saúde, Wilson Pollara, e o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, lançaram nesta terça-feira (7) o programa Corujão de Ultrassonografia

O secretário municipal de Saúde, Wilson Pollara, e o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, lançaram nesta terça-feira (7) o programa Corujão de Ultrassonografia (Diomício Gomes)

Lançado nesta terça-feira (7) pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia, o programa Corujão de Ultrassonografia pretende reduzir a fila de 120 mil pacientes que aguardam para fazer os exames. A iniciativa, apresentada pelo prefeito Rogério Cruz (Republicanos) vai envolver 12 clinicas da rede privada que vão atender usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) em horários alternativos. A SMS prometeu entrar em contato de imediato com os pacientes para fazer o agendamento.

"Com esse trabalho sério, a expectativa é zerar, dentro de quatro meses, a fila de espera por ultrassonografias", disse o prefeito na cerimônia de lançamento. Pelo programa Corujão de Ultrassonografia, de acordo com a SMS, serão oferecidos diversos tipos de exames, como do abdômen, sistema urinário, próstata, pélvis e da tireoide. O atendimento será escalonado com base no tempo de espera. Serão priorizados os pedidos com espera superior a 180 dias e os pacientes terão acesso a consulta em telemedicina. Caso haja necessidade, os exames serão agendados e realizados pelos prestadores do Corujão. Nos pedidos com até 60 dias, o fluxo segue procedimento padrão da SMS.

O titular da SMS de Goiânia, o médico Wilson Pollara explicou que a iniciativa foi inspirada em experiências que tiveram êxito na rede pública de São Paulo, onde ele também atuou como secretário. "Existem clínicas que a partir das 15 horas já não têm movimento e nesses horários alternativos elas atenderão os pacientes da rede pública, durante sete dias da semana", disse. A grande fila de espera foi formada a partir do início da pandemia da Covid-19, em 2020, quando os serviços de saúde foram suspensos em razão das medidas sanitárias de isolamento.

Além das 12 clínicas já definidas, a SMS está buscando parceria com outros prestadores.

"Quando entenderem a magnitude do programa, vão querer participar. Inclusive, muitos já se mostraram interessados, como é o caso do Hospital Albert Einstein", afirmou Wilson Pollara.

Na primeira fase, que começa de imediato, a SMS vai entrar em contato com os pacientes e haverá a publicação de edital de chamamento para os prestadores. Na segunda etapa, serão realizadas as ultrassonografias.

Cronograma de atendimento

  • Pedidos com até 60 dias: prestadores atuais, agendamento normal.
  • Pedidos com espera entre 61 e 180 dias: pacientes serão contactados para saber se ainda aguardam para fazer o exame.
  • Pedidos com espera superior a 180 dias: pacientes passarão por consulta em telemedicina com equipe médica do Idetech e, caso ainda haja necessidade, o exame será agendado e realizado pelos prestadores do Corujão de Ultrassonografia.
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    Goiânia quer ampliar oferta do DIU no SUS

    Atenção primária Programa pretende facilitar o acesso ao método contraceptivo em postos de saúde dos sete distritos sanitários da capital, evitando encaminhamentos para a rede especializada

    Modificado em 19/09/2024, 01:21

    Tamara, mãe de Thalia e Davi Henrique, foi uma das primeiras mulheres a receber o DIU em uma unidade de atenção primária de saúde em Goiânia

    Tamara, mãe de Thalia e Davi Henrique, foi uma das primeiras mulheres a receber o DIU em uma unidade de atenção primária de saúde em Goiânia (Diomício Gomes)

    Criado em janeiro deste ano pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia, o programa Planejar para Viver Melhor pretende ampliar, através da rede de atenção primária, o número de inserções do dispositivo intrauterino (DIU) como método contraceptivo no Sistema Único de Saúde (SUS). No ano passado, as três maternidades públicas municipais da capital inseriram cerca de 1,3 mil DIUs. A partir do novo programa, a expectativa é que o procedimento seja realizado nos postos de saúde dos sete distritos sanitários de Goiânia. A medida já foi implantada em três Unidades de Saúde da Família.

    Tamara Alves Ribeiro, 29 anos, foi uma das primeiras mulheres a receber o DIU em uma unidade de atenção primária de saúde em Goiânia. "Sou moradora do Bairro da Vitória e faço meu acompanhamento no postinho do São Carlos. Fui informada desta possibilidade e fiquei muito feliz porque eu já tinha tentado operar pelo SUS, mas não tinha conseguido." Há quase um ano usando o DIU, a vendedora acredita que foi uma ótima decisão. "Eu tomava anticoncepcional, mas me sentia muito mal. Agora não sinto nada, deu tudo certo", comemora.

    Superintendente de Gestão de Redes de Atenção à Saúde da SMS, Cynara Mathias explica que a inserção do DIU é uma das estratégias de planejamento familiar. "O programa Planejar para Viver Melhor possui três pilares: ampliar a carteira de serviços na atenção primária; qualificar as redes de atenção primária por meio de capacitação de médicos e enfermeiros e inserir o DIU na atenção primária." Um grupo de trabalho, capitaneado pelo ginecologista e obstetra Júlio Porto, que é servidor municipal, passou a capacitar os profissionais nos "postinhos" da capital para esse fim.

    Além da Maternidade Nascer Cidadão (MNC), do Hospital e Maternidade Municipal Célia Câmara (HMMCC) e do Hospital e Maternidade Dona Iris (HMDI), as unidades de saúde dos bairros Santa Rita, São Carlos e Condomínio das Esmeraldas, já oferecem o serviço. Cynara Mathias acredita que muito em breve, mais de 50% dos postos da capital, espalhados pelos sete distritos sanitários, terão profissionais aptos a inserir o DIU. O programa da SMS de Goiânia, surgiu seis meses antes da Nota Técnica nº 31/2023, do Ministério da Saúde, divulgada em junho, prevendo a ampliação da disponibilidade do DIU no SUS. O documento orienta que a colocação e retirada do dispositivo seja feita também por enfermeiras e não somente por médicos.

    Cynara Mathias relata que até o momento, dentro do programa, foram capacitados mais de 168 profissionais, e que após atingir todas as unidades de saúde, "o trabalho será uma rotina, até porque temos uma alta rotatividade de profissionais". A superintendente lembra que o objetivo da SMS é fortalecer a atenção primária. "Quando oferecemos esse serviço, evitamos um grande número de encaminhamentos para a rede de atenção secundária, ou especializada, como as maternidades". A vendedora Tamara Ribeiro tentou inserir o DIU na maternidade onde deu à luz aos dois filhos, mas desistiu "pelo excesso de burocracia".

    O DIU oferecido pelo SUS é o de fio de cobre, preconizado pelo Ministério da Saúde. O dispositivo em formato de "T" ou "Y", é feito de um fio de prata revestido de cobre e não possui hormônios ou material tóxico. As alterações bioquímicas causadas pelo DIU impedem que os espermatozoides fecundem os óvulos. A inserção é simples, feita no consultório, e não exige internação. O DIU tem duração de dez anos e é oferecido pelo SUS sem nenhum custo. Além da longa duração, o método é considerado um dos mais seguros e eficazes, podendo ser removido a qualquer momento, sem nenhum prejuízo à fertilidade. Após 45 dias do procedimento, uma ultrassom indica se o dispositivo foi inserido corretamente ou se há necessidade de ajustes.

    Menor de 18 anos precisa de autorização

    A orientação sobre a inserção do DIU nas unidades de atenção primária na capital é feita às mulheres que fazem acompanhamento no local. Superintendente de Gestão de Redes de Atenção à Saúde da SMS, Cynara Mathias explica que a grande maioria ainda prefere as pílulas, por considerá-las menos invasivas, mas ela acredita que ainda há muito desconhecimento sobre a eficácia do DIU. "Um dos princípios do SUS é a integralidade, por isso estamos reforçando o seu papel fundamental no planejamento reprodutivo e familiar, no âmbito da atenção integral à saúde e apresentando todos os métodos de contracepção." No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, somente 4 em cada 100 brasileiras em idade fértil e sexualmente ativas usam o DIU.

    Nem todas as mulheres podem ter acesso ao DIU na rede pública. A idade mínima recomendada é 16 anos, mas menores de 18 devem ter autorização ou acompanhamento dos pais ou responsáveis. Em outros casos vai depender da saúde da mulher, orientação que é repassada pelo profissional de saúde responsável. Além de documentos como RG e CPF, a mulher interessada em solicitar a inserção do DIU, deve ficar atenta aos limites de idade, apresentar cartão SUS e comprovante de residência.

    Método pode ajudar a combater gravidez na adolescência

    O dispositivo intrauterino (DIU) é um dos métodos contraceptivos fundamentados em princípios e valores dos direitos humanos e sexuais indicados não apenas pelo Ministério da Saúde, mas também por organismos como a Organização Mundial de Saúde (OMS) e o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA).

    O dispositivo pode ser fundamental para enfrentar um dos grandes desafios da saúde pública no Brasil, a gravidez na adolescência, que repercute tanto na saúde das mães quanto na dos recém-nascidos. Números do ano passado mostram que 380 mil nascimentos no Brasil são provenientes de gestações de adolescentes, de até 19 anos.

    O estudo Saúde Brasil 2018, divulgado pelo Ministério da Saúde, indica que uma das maiores taxas de mortalidade infantil no País está entre filhos de mães mais jovens, de até 19 anos, correspondendo a 15,3 óbitos para cada mil nascidos vivos (acima da taxa nacional, de 13,4 óbitos).

    Além da imaturidade biológica, condições socioeconômicas desfavoráveis são fatores que, segundo o estudo, influenciam nesta taxa de mortalidade infantil mais elevada.

    A pasta estima que mais da metade das gestações (55%) no Brasil não são planejadas. "A gravidez indesejada é uma epidemia silenciosa, sobretudo entre adolescentes, contribuindo para o aumento da mortalidade materna e do número de abortamentos clandestinos", segundo Dannyelly Costa, coordenadora da Comissão Nacional de Saúde da Mulher.