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Defensoria Pública da União apura denúncia de suposta usurpação de cotas em concurso do TRT-18

Denúncia é que candidatos brancos estariam se apossando de vagas destubadas para pessoas negras. Há 56 que foram reprovados por comissão de heteroidentificação, mas incluídos em reserva após recurso

Modificado em 19/09/2024, 01:07

Sede do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-18) em Goiânia: certame tinha, ao todo, 24 vagas para os cargos

Sede do Tribunal Regional do Trabalho (TRT-18) em Goiânia: certame tinha, ao todo, 24 vagas para os cargos (Wildes Barbosa)

A Defensoria Pública da União (DPU) apura uma denúncia de que candidatos brancos estariam sendo beneficiados em vagas destinadas às cotas étnico-raciais em um concurso do Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região (TRT-18).

O procedimento é recente. A DPU afirmou que encaminhou, nesta quarta-feira (30), um ofício à Procuradoria da República no Estado de Goiás para obter "subsídios".

O Daqui apurou que, no certame, 56 candidatos que haviam sido reprovados pela comissão de heteroidentificação da situação étnico-racial foram incluídos após recurso.

Em nota, a DPU afirmou que coleta informações para verificar a denúncia. "Neste documento (ofício), foi solicitado o compartilhamento de informações sobre a existência de algum processo em andamento para a investigação da implementação das políticas de cotas no concurso para o cargo de oficial de justiça avaliador, a fim de evitar eventual atuação conflitante entre as instituições, bem como a possibilidade de atuação conjunta para apuração dos fatos", apontou.

A DPU também informou que concedeu prazo de 30 dias para a resposta a respeito da manifestação. A reportagem não teve acesso à denúncia.

Ao todo, foram 42.333 inscritos. Inicialmente, havia 8.962 concorrentes às vagas destinadas à população negra. As provas objetivas e de redação ocorreram em 12 de fevereiro deste ano. No dia 1º de junho foram convocadas 1.785 pessoas autodeclaradas negras e que estavam habilitadas nas provas objetiva e discursiva.

Após avaliação da comissão de heteroidentificação, publicação de 4 de julho apontou 336 reconhecidos como negros. No entanto, após a avaliação de recursos, mais 56 foram habilitados a concorrer às vagas de cotistas, chegando a 392 o número total, ou seja, 16% a mais. As informações constam no site da seleção.

Ao todo, eram 24 vagas, metade para analista judiciário e o restante para técnico judiciário. Do total, três eram destinadas a candidatos negros. Uma no grupo de cargos de analista e duas no conjunto para técnico.

Os recursos são verificados pela comissão recursal em um procedimento não presencial. Esta é, conforme o edital, formada por dois integrantes do TRT-18 e um integrante designado pela realizadora do concurso.

"Em suas decisões, a comissão recursal deverá considerar a filmagem do procedimento para fins de heteroidentificação, o parecer emitido pela comissão e o conteúdo do recurso elaborado pelo candidato", explica o edital do certame. Não há previsão de recurso para as decisões desta comissão.

A comissão de heteroidentificação era composta por cinco membros e suplentes: um desembargador, dois servidores do TRT-18 e dois membros especialistas indicados pela organizadora do concurso público.

Ao grupo cabia verificar as características fenotípicas do candidato em um procedimento que é filmado. O não reconhecimento, necessariamente, precisa ser fundamentado em um parecer. Uma candidata ouvida pela reportagem, que prefere não se identificar, afirmou que havia candidatos brancos, inclusive ao menos um de cabelo loiro e olhos da cor azul.

Resposta
O Daqui procurou o TRT-18 a respeito da apuração da denúncia pela DPU. O tribunal foi questionado sobre como era feito o filtro de atendimento ou não dos candidatos para o enquadramento na cota étnico-racial. A assessoria de comunicação do tribunal encaminhou na resposta o trecho do edital no qual o item é explicado.

"Tendo em vista a quantidade de pessoas avaliadas, informa-se que foram necessárias duas comissões de heteroidentificação, que seguiram a composição disposta no edital, sendo que em ambas as comissões, os dois membros especialistas indicados pela FCC foram recrutados entre professores da Universidade Federal de Goiás (UFG)", acrescentou o tribunal.

O TRT-18 afirmou ainda que houve a realização, para os membros da comissão de heteroidentificação, de uma oficina sobre a temática.

Um levantamento não oficial, ao qual o Daqui teve acesso, mostra que alguns dos 56 candidatos reconhecidos como negros apenas após a análise de recurso no concurso do TRT-18 já tiveram o pedido de enquadramento como negros negado em outros certames.

As informações do levantamento foram checadas pela reportagem, por meio da divulgação de resultados de concursos públicos. Em um dos casos, o candidato que concorreu pelo TRT-18 teve o enquadramento como negro negado na comissão de heteroidentificação. Ele foi reconhecido negro após um recurso.

Em um concurso de 2022, no TRT-19, ele teve resultado "inapto" para usufruir da política de cotas. Antes, porém, em 2017, ao concorrer a uma posição para o TRT-AL, ele sequer se declarou negro. Após a reportagem entrar em contato, ele fechou o perfil no Instagram, antes aberto.

Outro candidato que foi reprovado pela comissão de heteroidentificação do TRT-18 e, após recurso, reconhecido com direito a concorrer às vagas reservadas às pessoas negras tem situação semelhante. Em um concurso do TRF-1 ele teve, inicialmente, negado o reconhecimento enquanto negro. No entanto, após recurso, conseguiu o direito de concorrer às vagas para cotistas negros.

Conteúdo de recursos não é divulgado

As listas de divulgação dos aprovados não expõem separadamente os nomes dos candidatos que passaram a integrar os habilitados na questão étnico-racial. Para saber quem seriam eles, é necessário conferir cada um dos 392 nomes nas duas relações e identificar os que foram incorporados à última. A reportagem fez a comparação para identificar os 56 incluídos por meio de recurso.

A candidata questiona a falta de transparência relativa à apresentação e ao tratamento dos recursos, pois não há publicação destes atos, como acontece com outras informações. "A banca goza de legitimidade. Qual a necessidade recursal?"

O edital em questão é o 01/2022, que é conduzido pela Fundação Carlos Chagas (FCC), contratada pelo TRT-18 para realizar o certame. A seleção destinada aos candidatos com curso superior é para os cargos de analista judiciário. A remuneração inicial varia de R$ 12.455,30 a R$ 14.271,70. As funções de técnico judiciário, que são para ensino médio, possuem vencimento inicial de R$ 7.591,37.

Esta não é a primeira vez que a disputa por vaga para pessoa negra motiva polêmica em Goiás. Em novembro do ano passado, O POPULAR revelou que um juiz havia nomeado um homem para uma vaga reservada a cotista.

Naquele caso, a diferença era o entendimento ao reconhecimento da aplicação da cota. O homem não se afirmava negro, apenas questionava a fórmula de cálculo e reserva de vaga.

A vaga era para professor na Faculdade de Informação e Comunicação (FIC) da Universidade Federal de Goiás (UFG). O caso motivou protestos e, após alguns meses, o homem desistiu da ação. A professora pode tomar posse no cargo para o qual havia sido aprovada. Isto aconteceu, no entanto, apenas em maio deste ano.

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Fisiculturista é alvo de buscas da Polícia Civil suspeito de crimes eletrônicos e fraude com boletos

Um pendrive contendo evidências de crimes foi apreendido pela Polícia Civil. Suspeito teria aberto uma conta digital com dados de uma ex-companheira

Modificado em 20/03/2025, 16:15

Viatura da Polícia Civil

Viatura da Polícia Civil (Reprodução/SSP-TO)

A Polícia Civil de Araguaína, região norte do estado, cumpriu mandado de busca e apreensão contra um fisioculturista de 35 anos suspeito de aplicar golpes virtuais. A investigação teve início após a denúncia de que ele teria utilizado os dados de uma ex-companheira para abrir uma conta digital sem o seu conhecimento.

Na ação, um pendrive foi apreendido. Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), o dispositivo apreendido continha evidências que apontam para a prática de outros crimes, incluindo a adulteração e o desvio de boletos bancários.

Conforme apurado, o suspeito modificava os dados dos documentos antes de enviá-los a terceiros, redirecionando os valores pagos para contas sob seu controle.

O material apreendido na quarta-feira (19) possibilita que a Polícia Civil aprofunde as investigações para identificar outras possíveis vítimas e verificar se outras pessoas participaram dos crimes.

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Detran suspende 30 instrutores de motocicletas e investiga mais cinco por fraudes em aulas práticas

Segundo o Delegado Waldir, presidente do departamento, alunos e autoescolas também estão sendo investigados

Presidente do Detran-GO, delegado Waldir Soares

Presidente do Detran-GO, delegado Waldir Soares (Isadora Sátira / O Popular)

O Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO) suspendeu por tempo indeterminado 30 instrutores de motocicleta, e investiga mais cinco, envolvidos em fraudes em aulas práticas. Segundo o Delegado Waldir, presidente do departamento, alunos e autoescolas também estão sendo investigados.

Instrutores de aulas práticas de motocicleta estavam realizando a abertura e o fechamento de aulas de forma irregular. Eles registravam as fotos de abertura dentro de suas residências, em carros, fumando durante a foto e utilizando de forma errada o acesso ao Portal de Sistemas de outros instrutores para forjar a realização das aulas, segundo o presidente.

Tem que ter no mínimo 20 aulas práticas; Cem por cento delas foram aulas de motocicletas, o que torna mais grave, considerando que o maior índice de acidentes é de motociclistas, o que implica na má formação dos alunos", disse o delegado em coletiva.

Segundo o Detran, 5 mil aulas de motocicletas são realizadas por dia, cada uma com 50 minutos de duração. Atualmente, cinco servidores realizam a fiscalização das fotos enviadas pelos instrutores e alunos. Foram encontradas irregularidades em municípios como Goiânia, Anápolis, Aparecida de Goiânia, Caldas Novas, Formosa, Hidrolândia, Trindade e Alexânia.

É um jogo de ganha ganha, pois ganha o instrutor que recebe por hora e ganha o aluno que já tem habilidade e não frequentava as aulas; se a autoescola tiver menos de 60% de avaliação ela pode ser descredenciada também", disse o delegado Waldir.

Segundo o presidente do Detran, devido à gravidade da situação, os instrutores podem responder criminalmente devido a falsificação ideológica.

Pena de um a cinco anos por falsidade ideológica, podendo aumentar em um terço, imediata suspensão do credenciamento, e suspensão definitiva dos quadros de credenciados do Detran", disse.

Foram encontradas também, segundo o presidente, casos onde os instrutores usavam um aparelho celular para tirar foto de uma outra foto em outro celular para tentar burlar o sistema. O Detran-GO tem adotado uma postura rigorosa quanto ao desvio de conduta, segundo o presidente.

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Ex-presidente da Goinfra é preso em operação contra fraude milionária em contrato, diz polícia

Lucas Vissoto foi preso no âmbito da operação "Obra Simulada", que investiga uma fraude milionária em contrato da Goinfra com uma empresa privada do Distrito Federal referente à manutenção de prédios públicos

Modificado em 28/01/2025, 13:55

Ex-presidente da Goinfra Lucas Vissoto foi preso em operação da Polícia Civil

Ex-presidente da Goinfra Lucas Vissoto foi preso em operação da Polícia Civil (Cristiano Borges)

O ex-presidente da Agência Goiana de Infraestrutura e Transporte (Goinfra) Lucas Vissoto foi preso pela Polícia Civil (PC) nesta terça-feira (28), no âmbito da operação "Obra Simulada", segundo informou a própria PC. A Polícia Civil investiga uma fraude milionária em contrato da Goinfra com uma empresa privada do Distrito Federal referente à manutenção de prédios públicos nos anos de 2023 e 2024. Ao todo, são cumpridos 15 mandados de prisão temporária em Goiânia, Anápolis e Distrito Federal. Até às 8h desta manhã, além do ex-presidente, outras sete pessoas foram presas.

O DAQUI não conseguiu contato com a defesa de Lucas Vissoto até a última atualização desta reportagem.

Segundo apurado pela repórter Fabiana Pulcineli, os nomes dos alvos da operação são:

  1. José Francisco Alves Pereira
  2. Marcus Emmanoel Chaves Vieira
  3. Luiz Romildo de Mello
  4. Francisco Roni da Rosa
  5. Cíntia Marta Ataides Vieira
  6. Rosana Crisóstomo Ribeiro
  7. Weslley Crisóstomo Nogueira da Silva
  8. Marcus Emmanoel Chaves Vieira Junior
  9. Francisco Roni da Rosa Junior
  10. Lucas Alberto Vissoto Júnior
  11. Adriano Mendes Ribeiro
  12. Thiago Carim Bucker
  13. Gabriel Tertuliano
  14. Vitor Angrisani Berquó Ramalhão
  15. Thayana Torres Avelar Nasser da Veiga

O DAQUI não conseguiu localizar as defesas dos investigados até a última atualização desta reportagem.

Em nota, o Governo de Goiás afirmou que as suspeitas de irregularidades foram levantadas pelo próprio Governo do Estado, por meio de seus sistemas internos de controle, e devidamente comunicadas às autoridades policiais para as providências necessárias. " O Governo de Goiás colaborou e seguirá colaborando ativamente com as investigações, de forma que os fatos sejam devidamente apurados e, uma vez comprovadas as irregularidades, todos os envolvidos sejam punidos com rigor", diz um trecho do comunicado (leia íntegra ao final da reportagem) .

Segundo a Polícia Civil, o ex-presidente da Goinfra vai responder pelos crimes de associação criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção passiva, corrupção ativa, peculato e fraudes em licitações e contratos administrativos. A PC informou que não vai detalhar qual a participação dele na fraude que é investigada para preservar as demais investigações que estão sendo realizadas, inclusive no Distrito Federal.

Conforme mostrou a reportagem, Lucas Alberto Vissoto Júnior foi exonerado do cargo de Presidente da Goinfra em decreto do governador Ronaldo Caiado no mês de abril de 2024. A saída, registrada como "a pedido", ocorreu após cancelamentos de licitação e de contrato, diante de suspeitas de irregularidades e sobrepreço, conforme também revelou a reportagem.

Operação

Segundo a Polícia Civil, são apurados diversos crimes na formalização e execução de um contrato administrativo celebrado entre a Goinfra e uma empresa privada sediada no Distrito Federal no valor de R$ 27,8 milhões. As irregularidades chegaram ao conhecimento da polícia por meio de relatórios técnicos e inspeções realizadas pela Gerência da Secretaria Estadual de Infraestrutura (Seinfra), pela Controladoria Geral do Estado (CGE) e pela Gerência Estratégica da PC na Seinfra.

Os prejuízos causados inicialmente aos cofres públicos, referentes aos pagamentos indevidos, estão estimados em R$ 10,4 milhões, mas não incluem, entretanto, o valor que o Estado ainda terá para reconstruir as estruturas que foram demolidas e não reerguidas pela empresa contratada.

A PC detalhou que ficou evidenciado que a empresa contratada obteve diversos pagamentos irregulares antecipados, sem que as obras ou serviços fossem suficientemente realizados para que os pagamentos fossem justificados. Há, ainda, fortes indícios de superfaturamentos nas intervenções.

Como o nome da empresa contratada não foi divulgado, a reportagem não conseguiu localizar a defesa dela até a última atualização deste texto.

Investigações

As investigações apontaram que o respectivo contrato foi completamente descaracterizado, uma vez que, apesar de inicialmente ter sido firmado para a realização de simples serviços de reforma e manutenção predial, acabou se transmudando, indevidamente, em contrato de obras e serviços de engenharia, o que possibilitou a grande elevação dos preços do contrato por aditivos realizados posteriormente.

A PC apurou que, durante a execução do contrato, houve casos de demolições totais de estruturas, apenas para justificar a emissão de notas fiscais e possibilitar pagamentos indevidos à contratada, ocorrendo fraudes em procedimentos de medições e em "atestes" das notas ideologicamente falsas emitidas pela empresa, mediante a participação de ex-membros da Diretoria de Gestão Integrada da Goinfra, gestores e fiscais do contrato.

A Polícia Civil revelou que outra pretensão contratual da Goinfra, no valor de R$ 271,8 milhões, gerida pelos mesmos investigados que integravam a referida diretoria da Estatal, e que foi suspensa pelo TCE em abril de 2024, também está sendo alvo de operação, já que a análise do Tribunal evidenciou um sobrepreço de mais de R$ 62 milhões.

Conforme a investigação, há, ainda, fortes evidências de lavagem de dinheiro, uma vez que o fluxo financeiro, irregularmente obtido pelos pagamentos antecipados à empresa contratada, convergia para outras empresas sediadas no Distrito Federal, todas ligadas a familiares e amigos de um sócio oculto da empresa contratada. Além disso, há o registro de diversos saques realizados diretamente na "boca do caixa", logo depois dos pagamentos irregulares feitos pela Goinfra.

A PC apurou que a empresa contratada já havia sido alvo de apuração no estado do Tocantins, onde o Tribunal de Contas Estadual evidenciou dano aos cofres públicos decorrente de superfaturamento, sobrepreço e inexecução contratual de obras públicas. A mesma empresa é alvo de diversos processos no Distrito Federal.

Nota do Governo de Goiás

"Em relação à Operação Obra Simulada, deflagrada pela Polícia Civil de Goiás (PCGO) nesta terça-feira (28/1), o Governo de Goiás esclarece que:

- Conforme divulgado pela PCGO, as suspeitas de irregularidades foram levantadas pelo próprio Governo de Goiás, por meio de seus sistemas internos de controle, e devidamente comunicadas às autoridades policiais para as providências necessárias.

- A atual gestão estadual tem como premissa tolerância zero com qualquer desvio de conduta no trato do dinheiro público. A gestão não 'passa pano' para ninguém e não há possibilidade de segunda chance.

- O Governo de Goiás colaborou e seguirá colaborando ativamente com as investigações, de forma que os fatos sejam devidamente apurados e, uma vez comprovadas as irregularidades, todos os envolvidos sejam punidos com rigor.

Secretaria de Comunicação -- Governo de Goiás"

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Operação prende suspeitos de fraude milionária em contrato na Goinfra para manutenção de prédios públicos

Polícia Civil cumpre 114 mandados judiciais, sendo 15 de prisão temporária

Modificado em 28/01/2025, 17:18

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A operação "Obra Simulada", deflagrada pela Polícia Civil (PC) na manhã desta terça-feira (28), investiga uma fraude em contrato na Agência Goiana de Infraestrutura e Transporte (Goinfra) referente à manutenção de prédios públicos. A estimativa é que o prejuízo aos cofres públicos ultrapasse R$ 10 milhões. A PC cumpre, ao todo, 114 mandados judiciais em Goiânia, Anápolis e no Distrito Federal (DF), sendo 15 de prisão temporária. Até as 8h, oito pessoas foram presas.

Entre os presos, está o ex-presidente da Goinfra Lucas Vissoto . O DAQUI não conseguiu contato com a defesa de Lucas Vissoto até a última atualização desta reportagem.

Segundo apurado pela repórter Fabiana Pulcineli, os nomes dos alvos da operação são:

  1. José Francisco Alves Pereira
  2. Marcus Emmanoel Chaves Vieira
  3. Luiz Romildo de Mello
  4. Francisco Roni da Rosa
  5. Cíntia Marta Ataides Vieira
  6. Rosana Crisóstomo Ribeiro
  7. Weslley Crisóstomo Nogueira da Silva
  8. Marcus Emmanoel Chaves Vieira Junior
  9. Francisco Roni da Rosa Junior
  10. Lucas Alberto Vissoto Júnior
  11. Adriano Mendes Ribeiro
  12. Thiago Carim Bucker
  13. Gabriel Tertuliano
  14. Vitor Angrisani Berquó Ramalhão
  15. Thayana Torres Avelar Nasser da Veiga

Em nota, a defesa do Marcus Emmnoel Chaves Vieira disse que "aguarda autorização para ter acesso pleno aos documentos da investigação e ressaltou acreditar no Poder Judiciário, a fim de se garantir o direito à ampla defesa e ao contraditório".

O Daqui não conseguiu localizar as defesas dos outros investigados até a última atualização desta reportagem.

Em nota, o Governo de Goiás afirmou que as suspeitas de irregularidades foram levantadas pelo próprio Governo do Estado, por meio de seus sistemas internos de controle, e devidamente comunicadas às autoridades policiais para as providências necessárias. " O Governo de Goiás colaborou e seguirá colaborando ativamente com as investigações, de forma que os fatos sejam devidamente apurados e, uma vez comprovadas as irregularidades, todos os envolvidos sejam punidos com rigor", diz um trecho do comunicado (leia íntegra ao final da reportagem) .

Segundo a Polícia Civil, são apurados diversos crimes na formalização e execução de um contrato administrativo celebrado entre a Goinfra e uma empresa privada sediada no Distrito Federal nos anos de 2023 e 2024, no valor de R$ 27,8 milhões. As irregularidades chegaram ao conhecimento da polícia por meio de relatórios técnicos e inspeções realizadas pela Gerência da Secretaria Estadual de Infraestrutura (Seinfra), pela Controladoria Geral do Estado (CGE) e pela Gerência Estratégica da PC na Seinfra.

A PC detalhou que ficou evidenciado que a empresa contratada obteve diversos pagamentos irregulares antecipados, sem que as obras ou serviços fossem suficientemente realizados para que os pagamentos fossem justificados. Há, ainda, fortes indícios de superfaturamentos nas intervenções.

Como o nome da empresa contratada não foi divulgado, O DAQUI não conseguiu localizar a defesa dela até a última atualização desta reportagem.

Investigações

As investigações apontaram que o respectivo contrato foi completamente alterado, uma vez que, apesar de inicialmente ter sido firmado para a realização de simples serviços de reforma e manutenção predial, acabou se transformando, indevidamente, em contrato de obras e serviços de engenharia, o que possibilitou a elevação dos preços do contrato por aditivos realizados posteriormente.

A PC apurou que, durante a execução do contrato, houve casos de demolições totais de estruturas, apenas para justificar a emissão de notas fiscais e possibilitar pagamentos indevidos à contratada, ocorrendo fraudes em procedimentos de medições e em "atestes" das notas ideologicamente falsas emitidas pela empresa, mediante a participação de ex-membros da Diretoria de Gestão Integrada da Goinfra, gestores e fiscais do contrato.

A Polícia Civil revelou que outra pretensão contratual da Goinfra, no valor de R$ 271,8 milhões, gerida pelos mesmos investigados que integravam a referida diretoria da Estatal, e que foi suspensa pelo TCE em abril de 2024, também está sendo alvo de operação, já que a análise do Tribunal evidenciou um sobrepreço de mais de R$ 62 milhões.

Conforme a investigação, há, ainda, fortes evidências de lavagem de dinheiro, uma vez que o fluxo financeiro, irregularmente obtido pelos pagamentos antecipados à empresa contratada, convergia para outras empresas sediadas no Distrito Federal, todas ligadas a familiares e amigos de um sócio oculto da empresa contratada. Além disso, há o registro de diversos saques realizados diretamente na "boca do caixa", logo depois dos pagamentos irregulares feitos pela Goinfra.

A PC apurou que a empresa contratada já havia sido alvo de apuração no estado do Tocantins, onde o Tribunal de Contas Estadual evidenciou dano aos cofres públicos decorrente de superfaturamento, sobrepreço e inexecução contratual de obras públicas. A mesma empresa é alvo de diversos processos no Distrito Federal.

Sede da Goinfra, órgão localizado no Conjunto Caiçara, em Goiânia. (Divulgação/Goinfra)

Sede da Goinfra, órgão localizado no Conjunto Caiçara, em Goiânia. (Divulgação/Goinfra)

Mandados

Além dos 15 mandados de prisão, estão sendo cumpridos 32 mandados de afastamentos de sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático; 26 ordens de bloqueios de bens e valores; sete de proibição de frequência a determinados lugares - sede da Goinfra; dez determinações de proibição de contratar com o poder público - empresas envolvidas e 24 mandados de busca e apreensão.

Os investigados responderão na justiça pelos crimes de associação criminosa, lavagem de dinheiro, corrupção passiva, corrupção ativa, peculato e fraudes em licitações e contratos administrativos.

Nota do Governo de Goiás

"Em relação à Operação Obra Simulada, deflagrada pela Polícia Civil de Goiás (PCGO) nesta terça-feira (28/1), o Governo de Goiás esclarece que:

- Conforme divulgado pela PCGO, as suspeitas de irregularidades foram levantadas pelo próprio Governo de Goiás, por meio de seus sistemas internos de controle, e devidamente comunicadas às autoridades policiais para as providências necessárias.

- A atual gestão estadual tem como premissa tolerância zero com qualquer desvio de conduta no trato do dinheiro público. A gestão não 'passa pano' para ninguém e não há possibilidade de segunda chance.

- O Governo de Goiás colaborou e seguirá colaborando ativamente com as investigações, de forma que os fatos sejam devidamente apurados e, uma vez comprovadas as irregularidades, todos os envolvidos sejam punidos com rigor.

Secretaria de Comunicação -- Governo de Goiás"