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Demolição de igreja onde teto desabou durante instalação de placas solares é autorizada

Investigação revelou falhas no laudo de segurança estrutural apresentado à igreja e à empresa responsável pela obra. A demolição deverá ocorrer ainda nesta semana

Modificado em 25/03/2025, 19:25

Mais de 70 placas solares estavam instaladas, um peso adicional de 2 toneladas, quando o teto da igreja desabou

Mais de 70 placas solares estavam instaladas, um peso adicional de 2 toneladas, quando o teto da igreja desabou (Wildes Barbosa / O Popular)

A demolição da Igreja Videira, localizada no Setor Leste Vila Nova, em Goiânia, foi autorizada pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO) após o desabamento do teto enquanto trabalhadores instalavam placas solares. A administração da igreja informou que a demolição ocorrerá ainda nesta semana. Em entrevista à TV Anhanguera, o gerente de fiscalização do Crea, Jeorge Frances, explicou que a investigação revelou falhas no laudo de segurança estrutural apresentado à igreja e à empresa responsável pela obra.

Não foram realizadas as vistorias adequadas para identificar a tipologia correta da estrutura. O laudo foi baseado apenas em cálculos, mas faltou a vistoria presencial. Em uma obra com mais de 30 anos, não basta apenas realizar cálculos; é essencial inspecionar e verificar a integridade das peças estruturais. Até o momento, a igreja está sendo analisada como uma vítima do processo. Ela não é alvo da fiscalização, mas sim os profissionais envolvidos", afirmou Jeorge Frances.

Como os nomes dos profissionais envolvidos não foram divulgados, o DAQUI não conseguiu localizar a defesa deles para posicionamento até a última atualização desta matéria.

O desabamento ocorreu em 19 de março. No momento da queda, a igreja, que recebe cerca de 3 mil pessoas aos domingos, estava vazia, com apenas seis funcionários presentes. Um deles precisou ser hospitalizado devido ao acidente.

A Defesa Civil já havia recomendado a demolição do prédio, e agora o Crea também autorizou a ação. À TV Anhanguera , o conselho informou que a demolição será supervisionada em conjunto com o Corpo de Bombeiros, pois o telhado é composto por amianto, o que pode liberar partículas tóxicas caso se espalhem pela vizinhança.

Desabamento em igreja

O alerta do desabamento parcial do telhado da Igreja Videira foi feito por um trabalhador de uma oficina mecânica localizada em frente ao templo. Ao ver o acidente, o homem acionou o Corpo de Bombeiros.

Matheus Oliveira, de 27 anos, relatou que operários vinham instalando as placas no telhado havia cerca de uma semana. Mas, por volta das 10h30, de quarta, a estrutura cedeu e surpreendeu quem estava por perto.

Um barulho muito alto e muita poeira", descreveu a testemunha, depois que ele e colegas se assustaram com o incidente.

Além dos bombeiros e da Defesa Civil de Goiânia, esteve no local representante do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Goiás (Crea-GO).

O capitão do CBM, Guilherme Lisita, disse que os trabalhadores informaram que mais de 70 placas já haviam sido instaladas antes do desabamento. A estimativa é que cada uma delas pesa aproximadamente 30 quilos, o que representou um acréscimo de mais de duas toneladas à estrutura do edifício.

O gerente de fiscalização do Crea-GO, Jeorge Frances, ressaltou que, além das questões administrativas relacionadas à área elétrica, a instalação de placas solares envolve diversos aspectos da engenharia. Conforme ele, o primeiro passo é calcular a capacidade de geração de energia no local.

Frances frisou que a demanda de carga determina tanto a quantidade quanto o tipo de placas a serem utilizadas, sendo que cada modelo possui um peso específico. Esse fator também influencia a maneira como as placas serão distribuídas e fixadas na estrutura.

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Joias para mulas chegam a ser vendidas a R$ 35 mil em encontro de muladeiros de Goiânia

Evento recebe comitivas de todo o Brasil e conta com exposição de muares de elite, que chegam a valer R$ 300 mil

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Com o objetivo de embelezar e deixar as mulas mais vistosas, as chamadas joias de mulas são as queridinhas dos muladeiros e chegam a ser vendidas a R$ 35 mil. As peças podem ser encontradas no 2º Encontro Nacional de Comitivas que acontece no Parque Agropecuário de Goiânia até o próximo domingo (30). À reportagem, a empresária Elaine Vidalli Chiacchio, que veio de São Paulo para vender as joias de alpacas e divulgar o trabalho durante o evento, disse que as joias são o sonho dos muladeiros.

A alpaca é uma liga metálica que não perde o valor. Ano a ano, ela vai aumentando seu valor. São consideradas joias porque são difíceis de encontrar, o que as tornam peças caras. É o sonho do muladeiro. São peças com acabamentos de alta qualidade e bem aceita no mundo do muladeiro. São várias peças, peiteira, testeira, freio, estribo, fivela, virolas etc. Tudo que se usa para confeccionar uma traia de mula. A peça mais cara que eu vendi foi uma traia de cipó funda por R$ 35 mil. Mas tenho completa de R$ 22 mil, R$ 18 mil, R$ 5 mil, R$ 8 mil", completa Elaine.

Durante o evento, que celebra a cultura tropeira e destaca a importância dos muares no cenário nacional, estarão expostas mulas de elite que chegam a custar R$ 300 mil. Segundo o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Muares (ABCMUARES), Waldijan Terêncio, as características que tornam os animais valiosos são a estética, o porte, a beleza de marcha e a mansidão.

Os animais mais caros são animais que deu marcha, que tem uma pluma perfeita, que tem a cor exótica e orelhas bem aprumadas. São animais que custam de R$ 3 mil a R$ 300 mil", informou Waldijan.

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Competição

O veterinário, criador e expositor de jumento e muares, Leandro Augusto dos Santos, veio do Paraná com 12 animais de elite para a competição que definirá os melhores do país. "Nós trazemos animais para a exposição, onde tem um juiz que faz o julgamento, seja de andamento, seja de morfologia, e é definido o campeão. Quanto mais exposição e categorias ele ganhar, mais valorização ele terá", destaca Leandro.

Troca de ideias

A criadora de e equinos, bovinos e muares, Denize Morais Barbosa, e o marido Rui Carlos Barbosa vieram do Tocantins para prestigiar o evento. Para eles, o encontro é uma oportunidade para a troca de ideias e aprendizado para quem cria esses animais.

"Estamos mesmo prestigiando a raça, os criadores. A gente tem 30 animais e entendemos que os animais de elite precisam de cuidados especiais. O evento é importante para divulgar a raça, a qualidade e o que tem de novo no mercado, além de dar visibilidade", afirmou Denize.

Denize Morais Barbosa, e o marido Rui Carlos Barbosa (Arquivo pessoal/Denize Morais Barbosa)

Denize Morais Barbosa, e o marido Rui Carlos Barbosa (Arquivo pessoal/Denize Morais Barbosa)

Após percorrer 1.2 mil quilômetros, um dos comissários da Comitiva de Araguaína, no Tocantins, disse que só tem gratidão pelo evento que abre espaço para os apaixonados por esses animais.

"A organização está de parabéns. Que isso se persevere por muitos anos. O encontro mostra o que tem de melhor no Brasil aqui em Goiânia. Além de visibilidade, gera valorização de um segmento agronegócio", destaca.

Muares e joias

Os muares são animais híbridos, resultado do cruzamento entre jumentos e éguas, e ganharam destaque em atividades de lazer e competições. Altamente valorizadas no mercado, suas características são o andamento macio, cabeça bem definida, pescoço comprido e orelhas proporcionais.

José Chiacchio Filho, marido de Elaine, é quem fabrica as peças. Ele contou que é de uma família de ourives, que trabalha com a criação, venda, conserto e reforma de objetos de ouro e prata, mas decidiu focar no mercado de alpacas por perceber um público em um mercado que estava escasso. "Senti que estava fazendo falta o mercado de fivela, estriba, argola de alpaca e resolvi voltar essa tradição para o mercado porque além de ter um preço muito alto, estava bem escasso", explicou.

Empresário José Chiacchio Filho (Letícia Graziely/O Popular)

Empresário José Chiacchio Filho (Letícia Graziely/O Popular)

Tradição

O evento conta com desfiles, competições de marcha, músicas raiz e rodas de viola, leilão, provas de habilidades e a tradicional Queima do Alho, resgatando a culinária dos antigos tropeiros. Também tem uma área dedicada a stands de negócios, pista de apresentações e espaço gastronômico completo.

De acordo com o presidente da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura (SGPA), Gilberto Marques Neto, o evento recebe mais de 100 comitivas de todo o Brasil que resgatam a tradição dos tropeiros.

É um evento que resgata a cultura e a tradição, desde a culinária, quanto às vestes dos tropeiros, e tudo aquilo que cerca esse ambiente. Tralhas características, preparadas para as viagens que são feitas ainda, a gente vê comitivas transitando, levando gado. É um evento que conseguiu uma conquista recorde de animais num recinto de uma feira agropecuária dentro de um parque de exposições com 1.780 muares presentes", afirmou Gilberto.

Ingresso

O ingresso para entrada no evento custa R$ 60 a inteira e R$ 30 a meia. No sábado, a entrada custa R$ 80. A expectativa é que os negócios realizados dentro do parque ultrapassem os R$ 10 milhões.

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Motorista de aplicativo que morreu após ser atingido por peça de caminhão que se soltou deixa filhos e enteadas

Acidente aconteceu na BR-153, no perímetro urbano de Goiânia

Modificado em 29/03/2025, 20:23

Motorista por aplicativo Eder Lopes, de 39 anos, morreu após ser atingido por uma peça de um caminhão, em Goiânia

Motorista por aplicativo Eder Lopes, de 39 anos, morreu após ser atingido por uma peça de um caminhão, em Goiânia (Reprodução/TV Anhanguera e Reprodução/Redes Sociais)

O motorista de aplicativo Eder Lopes, de 39 anos, que morreu após ser atingido por uma peça de caminhão que se soltou , era casado e deixa um casal de filhos e duas enteadas, que cuidou desde os primeiros anos de vida, segundo a cunhada Lorena Souza. O acidente aconteceu na BR-153, no perímetro urbano de Goiânia. A Polícia Civil investiga o caso.

Uma família destruída", conforme contou Lorena Souza.

As duas filhas mais velhas são do relacionamentos anterior da minha irmã. Ele as criou como filhas. O filho mais novo dele é autista", segundo Lorena. As idades não foram divulgadas.

Nas redes sociais, Lorena também lamentou a morte do cunhado. "Que pesadelo, meu Deus, saber que meu cunhado não está mais com a gente. Que Deus o tenha em um bom lugar. Você sempre será lembrado, meu cunhado", lamentou na postagem.

Ainda segundo a cunhada, o motorista de aplicativo era um homem dedicado à família. "Ele era um homem muito trabalhador, tudo que fazia era pela família. Ele era provedor, muito triste o que aconteceu", contou Lorena em entrevista ao POPULAR .

Acidente

O acidente ocorreu na quinta-feira (27), no km 493, sentido Goiânia-Anápolis. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o motorista estava transportando uma passageira no banco traseiro que sofreu apenas ferimentos leves, enquanto Eder não resistiu aos ferimentos e morreu no local.

Como o nome da passageira não foi divulgado, O POPULAR não conseguiu atualizar seu estado de saúde.

A Polícia Científica realizou a perícia para apurar as circunstâncias do acidente. A Triunfo Concebra, concessionária responsável pelo trecho, informou que o cubo de freio se desprendeu do caminhão e atravessou o para-brisa do lado do motorista.

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Vídeo mostra diferença entre ácido hialurônico e o óleo de silicone que era usado em pacientes da clínica Karine Gouveia

Biomédica que trabalhava na clínica levou o seringa com o produto para fazer a comparação, segundo a polícia. Ex-funcionário também estranhou textura do produto

Modificado em 29/03/2025, 11:42

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Um vídeo, feito por uma biomédica que trabalhava na clínica Karine Gouveia, mostrou a diferença entre ácido hialurônico e o óleo de silicone que era aplicado nos pacientes, em Goiânia (veja acima) . Um ex-funcionário também relatou à polícia que percebeu o problema, pois, segundo ele, o produto correto é gelatinoso e não oleoso. Os donos das clínicas Karine Giselle Gouveia e Paulo César Dias Gonçalves foram indiciados por nove crimes contra 29 pessoas e estão presos. Mais 13 profissionais também poderão responder pelos crimes, de acordo com a Polícia Civil (PC).

Para a reportagem, a defesa de Paulo César, o advogado Tito Amaral, disse que na clínica nunca foi usado óleo de silicone e nem polimetilmetacrilato (PMMA): "O que ocorre é que tem pessoas que seis anos, oito anos depois, vem dizer que tem óleo de silicone no corpo, mas não tem nenhuma prova, nenhum indício", acrescentou o advogado. A defesa de Karine respondeu à reportagem que todos os produtos que foram adquiridos pela clínica possuem nota fiscal e foram comprados de empresas confiáveis.

O ácido hialurônico pode ser usado para tratar rugas e fazer preenchimento facial. O delegado Breynner Vasconcelos, que atualmente está coordenando o caso, disse para a reportagem que uma biomédica pegou e levou para casa uma seringa com o produto que era entregue na clínica aos profissionais.

Ela fez o teste com o ácido hialurônico que já tinha em casa e, logo que notou a diferença na textura deles, apresentou o vídeo à polícia.

Karine Giselle Gouveia e marido Paulo César Dias Gonçalves, donos das clínicas Karine Gouveia (Reprodução/Redes sociais)

Karine Giselle Gouveia e marido Paulo César Dias Gonçalves, donos das clínicas Karine Gouveia (Reprodução/Redes sociais)

No inquérito final, consta o depoimento de um ex-funcionário da clínica que relatou ter pedido demissão, em 2018, após saber da falsificação dos produtos. Segundo ele, Karine comprava óleo de silicone e toxina botulínica do Paraguai no consultório de um médico, que seria um dos fornecedores.

A seringa estourou e caiu um pouco de produto em cima da ficha da paciente. Formou uma mancha de óleo, e aí a gente se tocou que aquilo lá não se tratava de ácido hialurônico e sim de óleo de silicone, porque ácido hialurônico, a consistência dele é gelatinosa, não oleosa", disse o profissional em entrevista à TV Anhanguera.

Selo falso da Anvisa

Karine Giselle Gouveia, de 34 anos, e Paulo César Dias Gonçalves, de 44, falsificavam produtos, segundo a polícia (Reprodução/Redes sociais e Reprodução/TV Anhanguera)

Karine Giselle Gouveia, de 34 anos, e Paulo César Dias Gonçalves, de 44, falsificavam produtos, segundo a polícia (Reprodução/Redes sociais e Reprodução/TV Anhanguera)

O casal dono das clínicas de estética Karine Gouveia comprava produtos no Paraguai e falsificava com o selo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para usar em pacientes, conforme o depoimento de um ex-funcionário à Polícia Civil (PC).

O profissional disse ter ouvido "diversas vezes" Paulo César afirmar que iria ao Paraguai procurar um fornecedor de insumos para fins estéticos, como ácido hialurônico, toxina botulínica e fios de sustentação (PDO), mas que eles não tinham o selo da Anvisa. Contudo, ao chegar no Brasil, os rótulos eram adulterados com o selo. Por último, o ex-funcionário alegou ter avisado Paulo sobre o produto adulterado, mas o empresário o ignorou.

Para a reportagem, o delegado Breynner Vasconcelos, que atualmente está coordenando o caso, disse que a polícia ainda não conseguiu comprovar se de fato os donos compraram produtos do Paraguai, e que também não descobriu o fornecedor do óleo de silicone e do polimetilmetacrilato (PMMA). Acrescentou que o profissional que relatou a informação trabalhou na clínica em 2018.

Uma paciente contou à TV Anhanguera que pagou por um procedimento com o ácido hialurônico, que, segundo ela, custa aproximadamente R$ 1,5 mil o mililitro (ml), mas foi aplicado nela óleo de silicone, que custa R$ 80 o litro.

Exames comprovaram substâncias como polimetilmetacrilato e óleo de silicone na face dos pacientes. (Divulgação/Polícia Civil)

Exames comprovaram substâncias como polimetilmetacrilato e óleo de silicone na face dos pacientes. (Divulgação/Polícia Civil)

Entre os crimes aos quais os donos foram indiciados, está o de falsificação, corrupção ou a adulteração de produto terapêutico. Segundo o delegado Daniel José Oliveira, o casal também poderá responder, duas vezes ao menos, por armazenar e aplicar em substâncias manipuladas sem origem lista ou sem autorização sanitária.

Investigação

As investigações iniciaram em fevereiro de 2024. No dia 18 de dezembro do mesmo ano, os donos das clínicas, localizadas em Goiânia e Anápolis, foram presos. A soltura foi condedida no dia 7 de fevereiro, mas no dia 12 de março eles voltaram à prisão, após a polícia considerar que houve desobediência às medidas cautelares.

De acordo com a polícia, há mais de 30 vítimas diretas citadas, além do registro de mais 100 casos que poderão ser incluídos em inquérito complementar. O delegado informou que foi apurado que ao menos 6 mil pessoas passaram por procedimentos na clínica entre 2018 e 2019, sendo submetidas com óleo de silicone ou polimetilmetacrilato (PMMA): "substância com grave risco para saúde".

Inquérito foi formalizado em um documento de 15 volumes e encaminhado na última sexta-feira (21) para o Poder Judiciário, que deve ser analisado pelo Ministério Público de Goiás (MPGO).

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Demolição de Cavalhódromo custa R$ 2,5 milhões

Processo foi iniciado na quinta e deve ser concluído em até quatro meses. Expectativa, no entanto, é de que campo esteja liberado para as Cavalhadas 2025

Modificado em 29/03/2025, 08:50

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A demolição do Cavalhódromo localizado no Centro Histórico de Pirenópolis, iniciada com a remoção da Torre Moura, é prometida para ser concluída em até quatro meses, mas ainda a tempo da realização da tradicional Cavalhadas do município, em junho. O custo total da operação será de R$ 2,5 milhões. Ao mesmo tempo, o projeto para reconstrução do espaço ainda não foi finalizado e, portanto, segue sem prazo de início e com orçamento indefinido.

Inaugurado em 2006, o Cavalhódromo de Pirenópolis foi utilizado por anos para a realização das Cavalhadas, em meio à tradicional Festa do Divino Espírito Santo, registrada como patrimônio cultural e imaterial brasileiro, para os campeonatos esportivos e treinos da escola de futebol do município, e na promoção de eventos culturais e artísticos. A construção em uma área de 6,9 mil metros quadrados contava com arquibancadas, vestiários, cabines de rádio e televisão, camarotes, salas, sanitários, além das duas torres símbolo da batalha entre os mouros e os cristãos.

A partir de agosto de 2019, o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) começou a receber informações de problemas estruturais. Em meio a tratativas extrajudiciais, foi buscada uma solução junto ao governo estadual. Ainda à época, um laudo da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Goiás (Codego) demonstrava os danos, como colunas com ferragem exposta, parte do concreto caído, além de rachaduras e infiltrações. Em maio de 2022, o órgão ministerial ingressou com uma ação civil pública cobrando medidas efetivas de restauro. Em janeiro daquele ano, o Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás (CBM-GO) havia feito uma vistoria no local e constatado o colapso estrutural das arquibancadas e passarelas, determinando a interdição parcial. O gramado continuou sendo utilizado.

No ano seguinte, as Cavalhadas que não eram realizadas desde 2020, diante da pandemia da Covid-19, foi promovida no espaço. O POPULAR mostrou à época que a arena passava por um projeto de adequação e que a obra, de caráter provisório, teria sido iniciada com a remoção das rampas, passarelas e escadarias comprometidas. Foi naquele ano que todo o espaço foi interditado judicialmente e, no ano seguinte, a encenação aconteceu em um local improvisado, no Módulo Esportivo de Pirenópolis, longe do Centro Histórico. A expectativa é que neste ano ela seja realizada no Cavalhódromo, que, com a construção removida, terá apenas o gramado com a estrutura modular.

Mesmo com a demolição já prevista, a remoção da Torre Moura e da arquibancada menor, iniciada nesta quinta-feira (27), causou comoção à população pirenopolina, conforme o POPULAR mostrou na data, principalmente por conta do símbolo da batalha dos mouros e cristãos. A torre demolida contava com 13 metros de altura e 8 de largura. Já a arquibancada menor, com três degraus e revestida por pedra natural, alcançava um espaço de 115 metros.

Já a Torre Cristã, explica a Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinfra), deve ser desabada na próxima semana. A ordem de serviço à Magalhães Demolição Ltda, vencedora da licitação realizada em dezembro passado, foi emitida no dia 19 de fevereiro com prazo de execução de quatro meses. A expectativa, contudo, é que seja concluída antes do prazo, "desde que as desocupações necessárias ocorram de forma ágil."

Mesmo com a demolição já prevista, a remoção da Torre Moura e da arquibancada menor, iniciada na quinta-feira, causou comoção aos pirenopolinos (Diomício Gomes / O Popular)

Mesmo com a demolição já prevista, a remoção da Torre Moura e da arquibancada menor, iniciada na quinta-feira, causou comoção aos pirenopolinos (Diomício Gomes / O Popular)

Indenização

O custo total do contrato é de R$ 2.499.968,25, e conforme a pasta, o valor é "impactado principalmente pela mobilização e desmobilização de maquinários, demolição da arquibancada principal e, sobretudo, pelo transporte do grande volume de entulho para um local apropriado, onde será reciclado". Parte do montante será destinado à indenização de famílias que residem ao fundo da arquibancada principal. O valor corresponde a aluguel e um fundo para eventuais danos causados às estruturas das casas, já que, conforme o plano de demolição feito pela Seinfra, estão situadas em área de alto risco. São cerca de 16 imóveis nesta condição. Ao todo, variando de alto a baixo risco, foram contabilizados aproximadamente 70 imóveis ao redor da área de intervenção. Conforme o MP-GO, o acordo já está praticamente concluído com os moradores de imóveis de alto risco. Falta apenas a assinatura e o repasse do recurso que ficará sob juízo, para garantir o repasse à vizinhança afetada.

Ainda segundo a Seinfra, "foram elaborados laudos cautelares de vizinhança para todos os imóveis ao redor do Cavalhódromo, incluindo os comércios." "Em determinada etapa da obra, será necessária a desocupação de áreas específicas. Toda a negociação foi conduzida diretamente com os moradores, com a participação do MP-GO. Já há um acordo de indenização aceito pelos moradores, e os pagamentos serão realizados por meio de um processo vinculado a uma ação civil pública instaurada" pelo órgão ministerial, complementa a pasta.

Nova proposta ainda não foi concluído e encontra resistência

O novo projeto para construção do novo Cavalhódromo de Pirenópolis ainda não foi concluído e, conforme a Secretaria de Estado da Cultura de Goiás (Secult), segue em desenvolvimento com 82% finalizado. O que falta, ainda, é o aceite do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) "por conta da Portaria nº 02/1995". Tal documento trata sobre a proteção do conjunto arquitetônico urbanístico, paisagístico e histórico da cidade, que foi tombado em 1990. Desta forma, a autarquia precisa conceder licenciamento para intervenções dentro da área.

"O processo de aprovação pelo Iphan está em andamento. A reconstrução do Cavalhódromo será iniciada apenas após a obtenção de todas as aprovações necessárias, incluindo" a do instituto, aponta a pasta. O projeto que ainda precisa ser finalizado será, após concluído, submetido à licitação. Em seguida, serão iniciadas as obras sob gerência da Secretaria de Estado de Infraestrutura (Seinfra). Desta forma, segue sem prazo para início definido, e também sem orçamento detalhado. Vale lembrar que em outubro de 2023, o governador Ronaldo Caiado (UB) anunciou R$ 30 milhões para a reforma.

O POPULAR questionou sobre as reclamações proferidas pelas associações esportiva e das Cavalhadas, que apontam a inviabilidade do projeto para as Cavalhadas e para os campeonatos esportivos. A Secult diz que "em nenhum momento há inviabilidade em atender às necessidades básicas do espaço". Alega ainda que o "projeto está sendo elaborado para atender" às normas do Corpo de Bombeiros Militar de Goiás (CBM-GO), do Iphan, da prefeitura e das atividades da Associação Atlética Pirenopolina e do Instituto das Cavalhadas, além da comunidade.

"A questão é que existem muitos grupos com necessidades diferentes, e estamos buscando alinhar as demandas para atender a todos. O projeto foi elaborado para atender as diversas necessidades dos grupos envolvidos, e embora existam muitas demandas diferentes, a Secult está buscando alinhar tudo para atender a todos. Já foram realizadas diversas reuniões com os grupos e entidades envolvidas, mas não houve consenso. Portanto, pode haver ajustes no projeto com base nesse diálogo contínuo", pondera.

Integrantes das Cavalhadas: Célio Antônio Pompeu de Pina, o Bala; Adail Luiz Cardoso, rei cristão; Roberto Jayme Neto, cavaleiro cristão; Eustáquio Figueiredo, imperador de 2025, e Ronaldo Félix ( Diomício Gomes / O Popular)

Integrantes das Cavalhadas: Célio Antônio Pompeu de Pina, o Bala; Adail Luiz Cardoso, rei cristão; Roberto Jayme Neto, cavaleiro cristão; Eustáquio Figueiredo, imperador de 2025, e Ronaldo Félix ( Diomício Gomes / O Popular)

População discorda de pontos do projeto inicial

O projeto da Secretaria de Estado da Cultura de Goiás (Secult) para o novo Cavalhódromo não tem agradado quem promove as Cavalhadas de Pirenópolis nem tampouco a Associação Atlética Pirenopolina, que usa o espaço para campeonatos esportivos e escola de futebol infantil. Para eles, a nova estrutura não teria funcionalidade para a promoção de ambas as atividades realizadas, que também promove eventos culturais e artísticos, a exemplo do PiriBier.

"O novo projeto não condiz com a realidade das Cavalhadas e do futebol. Deveriam apresentar um novo, uma alternativa. Está em discussão, mas o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) não autorizou. Não é viável para nossa tradição e nossa cultura. Precisa de espaço para arquibancada, camarote de rádio, para a população", diz o presidente do Instituto das Cavalhadas, Roberto Jayme Neto. E logo antes, ele mencionou a demora do Estado em dar início à intervenção.

Na direção da Associação Atlética Pirenopolina, Célio Antônio Pompeu de Pina, o Bala, não quis falar muito sobre o projeto, mas demonstrou insatisfação. Ele explica que o local que hoje abriga a arena foi cedido ao Estado com usufruto da associação, mas há quatro anos não tem conseguido mais realizar atividades no espaço. Segundo ele, o novo projeto também não tem as medidas necessárias para um campo de futebol com partidas oficiais. E ele partilha, junto aos demais, o medo do espaço não ser reconstruído.

Para o ex-secretário municipal de Cultura de Pirenópolis Roberto Félix a redução no tamanho do campo também prejudica a movimentação dos participantes da festividade. "O projeto está sendo feito por quem não vive aqui, não atende às Cavalhadas. Precisa de circulação, não é uma festa de se sentar na arquibancada", pontua. Para ele, é necessário ainda se adaptar à nova realidade, haja vista que a comunidade, por vezes, mantém uma memória tradicional de quando se era construído os camarotes com madeira e palha. "A população ainda tem um sentimento pelo formato de antes, mas há dificuldade hoje para ter autorização dos órgãos e do Corpo de Bombeiros."

É o caso de Célia Fátima de Pina, de família tradicional no município e que tomava conta do Museu das Cavalhadas. Sua memória demonstra que viveu muito a história de Pirenópolis. "Não quero que gastem milhões construindo nada, não, achei foi bom demolir. O pirenopolino não quer isso. A gente gostava era de cada família construir seu camarote de madeira e de palha e de pano de chitão (tecido estampados com cores vibrantes)", comenta. Ela, contudo, assim como os demais, não enxergou motivos para a demolição das torres.

Até o momento, apenas a Torre Moura foi abaixo, mas a previsão é que a Torre Cristã seja removida na próxima semana. O momento da queda, contudo, foi de comoção para a população local, mesmo ciente de que seria feito. "É um símbolo das Cavalhadas. Deu um sentimento de dor", resume Roberto Félix. O imperador de 2025, Eustáquio Figueiredo, diz que tentaram negociar a demolição das torres, mas não foi possível devido "à demanda e licitação". O processo de remoção das estruturas, contudo, é visto com bons olhos por ele, que deseja que a arena esteja limpa até junho, quando é realizado o evento. "Estamos até agradecidos para que ocorra (a conclusão do serviço) em tempo hábil para as Cavalhadas. E temos um projeto que será mostrado em tempo oportuno", garante.

Já o rei cristão Adail Luiz Cardoso cita que visualmente não era observada necessidade para retirada das torres. "A olho nu, não precisava. Mas a melhor coisa agora é limpar tudo. Começaram a mexer, então é importante que esteja limpo (até a festa)", pontua, ao relatar que a expectativa, e a informação repassada a eles, é de que as Cavalhadas sejam realizadas no Cavalhódromo neste ano. "Lá no outro local é longe, perigoso, difícil de chegar lá", conta, tendo a posição concordada por todos.

Conforme a Secult, em nota, a demolição de ambas as torres foi necessária, pois, embora "estivessem passíveis de restauro, a passarela, a escada e a arquibancada estavam comprometidas". Essas já haviam sido removidas em 2023. "Assim, para garantir a segurança estrutural e permitir uma integração adequada com a nova construção, optou-se pela remoção de tudo. Além disso, as novas torres deverão conversar com a arquitetura local", conclui a pasta.