SET inicia sinalização que proíbe estacionamento nas faixas de ônibus e moto das avenidas 136/Jamel Cecílio e Castelo Branco/Mutirão
A retirada das placas antigas ao longo das avenidas 136/Jamel Cecílio foi iniciada nesta segunda-feira (10) para a implantação das novas, que contêm as informações "proibido parar e estacionar" ao longo das vias e sobre o início do corredor preferencial de ônibus/motos na terceira faixa, mais à direita. O mesmo será feito nas avenidas Castelo Branco/Mutirão. O serviço, de acordo com a Secretaria de Engenharia de Trânsito (SET), deve ser finalizado até o carnaval, no início de março. Após isso, a SET dará 15 dias de período educativo ao motorista e, depois disso, valerá a proibição com validade para fiscalização.
Serão os dois corredores iniciais dos dez que fazem parte da primeira leva de um total de 26, que juntos somam 250 quilômetros de extensão, dentro do Programa de Desobstrução de Vias Arteriais da Prefeitura de Goiânia, que tem o objetivo de aumentar a fluidez dos veículos privados e do transporte coletivo. Além de proibir o estacionamento, há a previsão de retirada das caçambas para entulhos da construção civil, de tachões e outros objetos que impedem o fluxo. Com isso, ônibus e motos vão ocupar essa faixa e, em tese, desobstruir as demais para os outros veículos, o que aumentaria a velocidade da viagem.
A medida, porém, foi criticada por lojistas sob o argumento de que prejudicaria a chegada dos clientes e o transporte de mercadorias, o que diminuiria as vendas. O mesmo ocorreu quando da implantação dos corredores T-7, 85 e T-63, entre os anos de 2015 e 2016. Proprietário de uma loja de iluminação na Avenida Jamel Cecílio, Willian Luiz conta que a situação na via vai ficar complicada. "Aqui os funcionários e a gente já para nas ruas de lado para deixar a avenida para os clientes e nessas ruas já não cabem mais que dois carros. Aqui, por serem muitas lojas, às vezes não se encontra vaga e o cliente deixa de comprar por não ter onde parar", diz.
O empresário relata que hoje em dia está bem melhor de vendas na região, mas que os lojistas sofreram com os processos que já ocorreram, como a construção do Complexo Viário Jamel Cecílio, entre 2019 e 2020. "Muitos fecharam as portas, eu mesmo até anunciei a loja por falta de cliente. Não tinha como passar e para estacionar era mais longe", diz. Ele se lembra também que, com o fim do estacionamento, tem a questão dos caminhões das transportadoras que fazem as entregas e precisam parar na porta dos comércios, já que muitas vezes são materiais pesados.
Willian Luiz não acredita que a situação chegará a ser como foi em relação à construção do viaduto, mas pensa que haverá perda de vendas. Outro problema é que não houve aviso ou conversa com os comerciantes locais. "Não foi falado, nem esperávamos (essa medida). Em frente a nossa loja, eles haviam retirado o semáforo no começo do ano, que foi também uma surpresa para nós." O Sindicato do Comércio Varejista no Estado de Goiás (Sindilojas-GO) entende que o comércio das avenidas deve ser profundamente prejudicado pela proibição de estacionamento.
A entidade classista reforça "que vem há anos pedindo à Prefeitura de Goiânia justamente o contrário, ou seja, a criação de mais vagas públicas nas principais ruas e avenidas da capital". "Os comerciantes e a própria população devem ser chamados para o diálogo antes de decisões de alto impacto como essa, que coloca em xeque a sobrevivência de milhares de empresas", afirma o Sindilojas-GO. A Câmara de Dirigentes Lojistas de Goiânia (CDL Goiânia) manifestou preocupação com a decisão da Prefeitura. "Embora a entidade apoie medidas que visem melhorar a fluidez do trânsito e a mobilidade urbana, considera inaceitável que tal iniciativa seja implementada sem um planejamento adequado que leve em conta os impactos no setor comercial e na economia local."
Para a entidade, "a retirada das vagas de estacionamento nessas importantes regiões comerciais afetará o fluxo de consumidores, desestimulando o consumo, reduzindo as vendas e colocando em risco a sobrevivência de centenas de estabelecimentos". Engenheiro de transporte e integrante do Mova-Se Fórum de Mobilidade, Matheus Duarte lembra que boa parte da Avenida 136 já tinha a proibição do estacionamento na via e que a medida visa melhorar o fluxo dos ônibus, que em média carregam 3 mil pessoas por dia. "Ao contrário dos outros corredores, que tinham a faixa só para os ônibus e receberam as motos e então perderam, essas vão só ganhar, porque não tinham nada e agora vão ter uma faixa, mesmo que não fosse o ideal para o transporte coletivo."
O engenheiro entende que a inclusão das motocicletas nos corredores tenha facilitado a implantação de novas vias compartilhadas, já que não houve reclamações dos motoristas, apenas dos comerciantes locais. Duarte reforça que o metro quadrado dessas avenidas é muito valioso para ser usado por um carro parado e que é uma tendência urbanística as construções nessas vias terem recuos e estacionamentos. "Isso ocorreu também na implantação de outros corredores e não houve desvalorização do metro quadrado. As vias, como a T-63, continuam com seus comércios e sendo locais dos mais valorizados da cidade", reitera.