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Acúmulo de dívidas leva empresas goianas a fechar portas e demissões

Empresas tradicionais são forçadas a encerrar atividades sob impacto de medidas de isolamento social; falta de apoio é causa citada

Modificado em 21/09/2024, 01:13

Fernando Kanizawa fechou duas lojas de produtos para confeitaria

Fernando Kanizawa fechou duas lojas de produtos para confeitaria (Diomício Gomes / O Popular)

O fechamento de empresas e a demissão de milhares de trabalhadores é um dos retratos mais cruéis do impacto da pandemia sobre a economia brasileira. Os decretos de isolamento social, criados para conter a propagação do vírus, fizeram muitos negócios perderem grande parte ou quase toda sua receita, inviabilizando o pagamento das despesas. Depois de tentarem várias saídas para permanecer no mercado, muitos empresários não resistiram e acabaram baixando as portas.

No ano passado, as medidas de apoio anunciadas pelo governo, como a MP 936, que permitiu a suspensão dos contratos de trabalho, deu um fôlego para muitos negócios. Mas, este ano, os empreendedores se sentem mais desamparados. É o caso do empresário Fernando Kanizawa, que foi obrigado a fechar suas duas lojas fornecedoras de matérias-primas para confeitaria. Em dezembro de 2019, ele investiu muito em materiais para a Páscoa de 2020, mas os decretos de fechamento derrubaram as vendas para a data.

Como a empresa vendia muitos produtos para confeiteiros e bufês, segmentos duramente impactados pelo isolamento, os negócios praticamente pararam e as dívidas foram se acumulando. Com uma queda de mais de 80% no faturamento, ele conta que precisou demitir 11 funcionários e, hoje, tenta recomeçar a vida praticamente do zero em outro ramo e com muitas dívidas para pagar. "Sei que a pandemia é um problema sério, mas não dá para salvar a vida para morrer de fome depois", diz Fernando.

A rede Savan Calçados também foi obrigada a fechar uma de suas lojas mais tradicionais, na Avenida Anhanguera, no Centro da capital. O supervisor da empresa, Imad Ester, lembra que a empresa vinha numa trajetória favorável e com bom caixa até a chegada da pandemia. Segundo ele, os benefícios como o Pronamp e a suspensão de contratos em 2020 foram importantes para manter os 'sinais vitais' do negócio. "Mas, este ano, estamos sozinhos. Ninguém segura um ano inteiro deste jeito. Em 40 anos de mercado, nunca tivemos uma crise como esta", diz.

Metade dos 460 funcionários foi demitida e outra loja pode ser fechada se houver mais um decreto. Para Imad, a saída não é fechar lojas e shoppings, que têm rígidos protocolos de segurança, bem mais que qualquer supermercado, e não são culpados por aglomerações. "O governo manda ficar em casa, que a economia a gente vê depois, mas não vê. Só suportamos porque tivemos apoio do governo em 2020", alerta.

Restaurantes

Depois de 17 anos no mercado, o Bolshoi Pub fechou as portas no último dia 23 de fevereiro. O empresário Rodrigo Carrilho garante que fez tudo para que isso não acontecesse, como criar uma área externa e migrar para o sistema delivery, mas foi em vão. "Como nosso ramo é entretenimento, ficamos sem perspectiva de trabalho e não tivemos outra alternativa, pois nossas finanças já estão muito abaladas. Ninguém aguenta um ano assim", diz.

Carrilho ressalta que empresas que trabalham com estoque perecível não conseguem ficar num cenário instável, de fechamentos alternados. Ele lembra que, mesmo com a reabertura, em julho de 2020, a casa só recebeu 60 pessoas durante o mês e tinha 30 funcionários para pagar. "Sempre seguimos rígidos protocolos. O problema são os clandestinos, que não têm nenhum controle", acredita.

O restaurante Pimentas da Avenida D também fechou as portas no ano passado, após 26 anos no mercado, e demitiu 12 funcionários. O proprietário, Fábio Rocha, acredita que seu ramo foi o mais afetado pelas medidas de distanciamento e, se resolvesse continuar, acabaria acumulando muitas dívidas. "A gente sabe que a doença é séria. Minha tia morreu. Mas muita gente também pode morrer pela dificuldade de não conseguir trabalho. A Prefeitura tinha que fiscalizar mais as irregularidades, e não fechar todos", alerta.

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Sem receber da prefeitura, hospital de 70 anos fecha as portas

Unidade com 70 anos de existência no Setor Campinas fornecia 6 leitos de UTI à rede municipal. Diretoria alega dívida de R$ 4 milhões por parte administração municipal

Modificado em 24/01/2025, 06:33

Enfermaria desativada: dos 52 leitos do Hospital Santa Rosa, 18 eram destinados à SMS, sendo 6 de UTI

Enfermaria desativada: dos 52 leitos do Hospital Santa Rosa, 18 eram destinados à SMS, sendo 6 de UTI (Wildes Barbosa / O Popular)

O Hospital Santa Rosa, localizado no Setor Campinas, anunciou o encerramento das atividades depois de 70 anos de existência em Goiânia. De acordo com comunicado divulgado nesta quinta-feira (23), o motivo é a dificuldade financeira decorrente da não quitação de débitos por parte da Prefeitura de Goiânia. Segundo a direção do hospital, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) deve cerca de R$ 4 milhões à unidade de saúde. O Santa Rosa era responsável por ofertar 6 leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) adulto e 12 leitos de enfermaria para a rede municipal de Saúde.

No momento, o hospital já não recebe nenhum novo paciente e as 10 pessoas que ainda estão internadas na unidade de saúde, sendo seis delas via Sistema Único de Saúde (SUS) e quatro via particular, aguardam transferência. A perspectiva é de que as atividades sejam totalmente encerradas nos próximos dias. Ao todo, serão fechados 52 leitos, sendo 10 deles de UTI. Somente a clínica de diagnósticos, que fica ao lado do hospital, será mantida em funcionamento.

Um dos primeiros hospitais de Goiânia, o Santa Rosa foi fundado em 1955. O responsável foi Said Rassi, que se formou na Faculdade Nacional de Medicina, da Universidade do Brasil (RJ), em 1953. O médico estagiou em Cirurgia Geral na Santa Casa do Rio de Janeiro em 1954 e, em seguida, retornou para Goiânia. O hospital foi construído em um local de grande importância histórica para a capital, já que Campinas já existia antes mesmo da fundação de Goiânia. Após o falecimento de Said, o Santa Rosa passou a ser gerido pelos filhos dele: Elias Rassi, Roberto Helou Rassi, Cristiane Rassi da Cruz e Rosa Rassi.

Em nota, a direção da unidade de saúde lamentou o fechamento e explicou que "os diversos esforços empregados não foram suficientes para suplantar os transtornos decorrentes dos débitos da administração municipal". O hospital ainda compadeceu-se dos trabalhadores, fornecedores e prestadores de serviço que serão afetados e agradeceu a confiança dos pacientes que já passaram pela unidade de saúde.

A decisão traz impacto para a rede municipal de Saúde, já que, ao todo, o Santa Rosa ofertava 18 leitos para a SMS. No final do ano passado, a Saúde de Goiânia passou por uma crise justamente por conta da escassez de leitos. Na penúltima semana de novembro de 2024, ao menos quatro pessoas internadas na rede municipal morreram à espera de um leito de UTI. A situação foi normalizada depois da criação de um gabinete de crise e de uma intervenção estadual na Saúde de Goiânia.

Sindicato

Em nota, o Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás (Sindhoesg) lamentou o fechamento do hospital e disse que não se trata de um caso isolado. "Nos últimos anos, outras grandes instituições de saúde de Goiás, como o Hospital Santa Genoveva e o Hospital Lúcio Rebelo, também fecharam suas portas, sucumbindo à crise que afeta o setor e a precarização dos serviços de saúde no estado", destaca trecho da nota.

O Sindhoesg ainda se solidarizou com os proprietários, colaboradores e pacientes do Santa Rosa e informou que "espera que medidas sejam adotadas pelos gestores públicos e pelos compradores de serviços de saúde para evitar que outros hospitais da capital e do interior tenham o mesmo fim."

Prefeitura

Em reportagem publicada nesta segunda-feira (20) mostrou que hospitais, clínicas, laboratórios e entidades filantrópicas que prestam serviço à SMS receberam parte da dívida que se acumulou em cerca de R$ 600 milhões na última gestão municipal. Com recursos recebidos do governo federal na última semana, a Prefeitura efetuou o repasse de R$ 33,5 milhões a cerca de 160 prestadores de serviços do SUS. O prefeito Sandro Mabel (UB) promete que, agora, todos os pagamentos serão feitos "em dia", assim que os valores forem repassados ao Paço. O Santa Rosa não integra essa lista de cerca de 160 prestadores de serviços que receberam repasses.

Em nota, a SMS lamentou o fechamento do hospital e informou que "a prioridade da atual gestão é definir um cronograma de pagamento dos débitos acumulados nos últimos quatro anos, e renegociar os contratos e convênios firmados com a secretaria, em busca de reequilíbrio financeiro, considerando o estado de calamidade orçamentária e da assistência em saúde do município."

A secretaria também lamentou a decisão judicial que bloqueou as contas do Fundo Municipal de Saúde (FMS), o que "inviabiliza qualquer novo repasse tanto ao Hospital Santa Rosa quanto aos demais fornecedores do município". Questionada, a SMS não respondeu se o fechamento dos leitos de UTI do Santa Rosa irão impactar a rede municipal de Saúde.

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Equatorial Goiás realiza campanha de negociação de dívidas

Companhia oferece parcelamento em até 24 vezes e desconto de 100% sobre juros, multas e atualização monetária

Modificado em 19/09/2024, 01:14

Equatorial Goiás realiza campanha de negociação de dívidas

(Divulgação/Equatorial Goiás)

A Equatorial Goiás deu início a uma campanha de negociação de dívidas para que seus clientes possam virar o ano em dia com a distribuidora. Até o dia 30 de dezembro, quem possuir débito com a companhia tem a oportunidade de parcelar suas dívidas em até 24 vezes e com 100% de desconto sobre juros, multas e atualização monetária.

O pagamento pode ser feito por cartão de crédito tanto nas agências de atendimento presencial como no site da Equatorial Goiás . São aceitas as bandeiras Visa, Master, Elo, Hipercard e Amex.

Os endereços de todas as agências e postos de atendimento do Estado podem ser acessadas aqui . Quem optar por pagar pelo site, basta escolher a opção Goiás e entrar com usuário e senha na agência virtual, usando o número da unidade consumidora e o CPF.

Pensando na segurança dos clientes, o gerente comercial da Equatorial Goiás, Jean Gama, reforça a importância de sempre buscar informações nos canais oficiais de atendimento da companhia e ressalta que a distribuidora não solicita depósitos, transferências ou pagamentos para terceiros. "Para evitar golpes, é essencial que no momento do pagamento o cliente confira se o beneficiário é a Equatorial Goiás Distribuidora de Energia S.A. e o CNPJ é o 01.543.032/0001-04".

Em caso de dúvidas sobre a fatura, o cliente pode entrar em contato com a companhia por meio dos canais de atendimento: aplicativo Equatorial Goiás; Central de Atendimento 0800 062 0196 e nas agências espalhadas por todo o Estado.

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Prazo para renegociação de débitos com a Saneago termina na sexta-feira; veja como fazer

Companhia oferece desconto de até 95% sobre multas, juros, além de parcelamento em até 60 meses

Modificado em 19/09/2024, 01:14

Prazo para renegociação de débitos com a Saneago termina na sexta-feira; veja como fazer

(Secom / Reprodução)

Termina nesta sexta-feira (15) o prazo para renegociação de dívidas com a Saneago, com desconto de até 95% sobre os valores de multa e juros, além de parcelamento em até 60 meses. A ação é voltada para clientes com débitos em aberto até dezembro de 2022, relacionados à prestação dos serviços de abastecimento de água e/ou esgotamento sanitário.

O atendimento funcionará de forma presencial, com agendamento prévio no site do Vapt Vupt . O Programa Sanear foi lançado no dia 6 de novembro deste ano. Os descontos de até 95% são para pagamentos à vista. No caso de pagamento parcelado, o desconto sobre multa, juros e atualização monetária é progressivo e varia de 55% a 80%.

Documentos necessários
O titular da conta deve ir às agências de atendimento da Saneago em todo o estado e nas unidades de Vapt Vupt levando documentos pessoais - CPF, RG e comprovante de endereço..

Caso a conta não tenha registro de titularidade, o interessado deverá apresentar, além dos documentos pessoais, documentos comprobatórios de posse ou propriedade do imóvel (escritura, termo de posse, recibo ou contrato).

Os consumidores com débitos de até R$ 2 mil, e que sejam os titulares das contas, também podem negociar via Central de Relacionamento, por meio do número 0800 645 0115. Para débitos judicializados, a verificação compete à unidade jurídica, que analisa caso a caso.

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Reflexo da pandemia aparece em casos de câncer de próstata

Consultórios têm recebido pacientes com quadros mais avançados que demandam tratamentos mais complexos. Médicos orientam procura por prevenção. Só em 2021 foram 915 casos e 516 mortes

Modificado em 19/09/2024, 01:22

Diagnóstico tardio: Randolfo Moreira trata um câncer de próstata

Diagnóstico tardio: Randolfo Moreira trata um câncer de próstata
 (Fábio Lima)

As previsões negativas feitas durante os anos de pandemia estão se concretizando em relação aos casos de câncer de próstata. Médicos têm encontrado pacientes com casos mais avançados, reflexo das medidas necessárias de distanciamento social tomadas à época.

O vácuo nos diagnósticos é evidente nos dados do Ministério da Saúde (MS). Estes registros somaram 1.052 em Goiás em 2019, mas reduziram para 747 em 2020. Somente no ano passado o indicador superou o ano pré-pandêmico. Foram 1.104 em 2022.

A informação precisa ser olhada com atenção, sobretudo neste mês, no qual é celebrado o Novembro Azul, campanha visa a chamar a atenção de homens para realizar acompanhamento médico. O câncer de próstata é o mais prevalente nesta parcela da população.

"O que nós temos vivenciado hoje é exatamente o reflexo da pandemia. Um grande número de homens deixou de ir ao médico. Estamos diagnosticando um número muito maior de casos avançados e vamos ver aumento da mortalidade", explica o chefe do Setor de Urologia do Hospital de Câncer Araújo Jorge (HAJ), Adriano Augusto Peclat.

O médico acrescenta que ainda vai levar tempo para uma situação de normalidade. "O impacto na mortalidade não vai ser visto de imediato. Possivelmente vamos ver dentro de três ou quatro anos. É o que esperemos de acordo com a história natural da doença, que conhecemos."

O médico urologista Rodrigo Rosa de Lima tem a mesma percepção de Peclat. "2022/2023 passaram sem rastreamento, aquele caso que pode ter surgido em fase inicial agora é visto em estágio mais avançado. Isto vai ter impacto, na verdade já temos visto isto."

Os médicos afirmam que além de os pacientes terem mais chances de cura quando o câncer é identificado em estágio inicial, o tratamento é mais simples e o paciente passa por menos transtornos.

"Quando temos o caso de um câncer metastásico ou avançado, ele precisa de um tratamento sistêmico, um bloqueio de hormônios e muitas vezes associado à quimioterapia. É um tratamento mais sofrido, mais penoso e as chances de cura são muito menores", explica Peclat.

Tratamentos mais complexos e, eventualmente, mais invasivos podem contribuir para aumentar a conta dos gastos públicos e privados com saúde.

Se os casos deixaram de ser registrados, as mortes não. De 2018 a 2021 elas continuaram crescendo e chegaram a 516 em 2021 (veja quadro).

A orientação, conforme os especialistas, é para que se o homem for negro ou tiver pelo menos um familiar em primeiro grau (pai ou irmão) que tenha sido acometido pelo câncer de próstata, a visita ao urologista deve ser feita aos 40 anos. Nos demais casos, esta deve se concretizar aos 45 anos.

O organizador Randolfo Moreira Trindade, de 67 anos, não seguiu a recomendação. Atualmente ele faz tratamento no Araújo Jorge contra um câncer de próstata. O diagnóstico veio em 2022. "Eu não estava fazendo xixi. Me preocupei, sentia muita dor ao tentar urinar. Fiz os exames e o médico constatou a doença", relata.

Randolfo conta que fez 39 sessões de radioterapia e agora recebe, a cada 30 dias, uma injeção com hormônios, o que deve acontecer até 2025. "Eu me sinto curado. Estou 100%."

O desleixo masculino com a saúde é cultural, mas os médicos defendem que é preciso mudar. "Costumo receber homens que vêm pela primeira vez aos 40/45 anos e a última vez que teve uma consulta médica foi com o pediatra", relata Lima.

O diagnóstico precoce proporciona chances de cura que chegam a até 95%. Um dos motivos que levam à procura tardia por um rastreamento é o preconceito contra o exame de toque. Embora o exame de sangue (PSA) tenha importância na leitura do quadro, assim como a avaliação clínica, não é possível desperdiçar chances de identificar um câncer.

"Tem uma frase que a gente usa muito é que 'homem forte é homem que se cuida'. Nossa sociedade não aceita mais esses preconceitos em relação ao diagnóstico. O exame do toque é importante, entre 10% e 15% dos casos o tumor não vai afetar o exame de sangue", explica Lima.

Para 2024, a estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) é que os diagnósticos possam ultrapassar a marca dos 60 mil em todo o País. Para este ano o número é um pouco menor.

Prevenção

Lima afirma que há estudos clínicos que mostram que maus hábitos de vida contribuem para favorecer a ocorrência de câncer. "Entre os fatores de risco há a obesidade, inclusive para casos mais agressivos. É importante uma alimentação pobre em gordura e açúcar. Tudo que faz bem para o coração, como atividade física e dormir bem, também protege a próstata."

Embora o estresse seja considerado a "doença do século 21", não há estudos que conectem o problema às substâncias inflamatórias, que influenciam na ocorrência de câncer.